sexta-feira, 26 de outubro de 2007

Será que isto se aplica noutros campos? Noutras áreas?




Com a devida vénia ao Luís Paixão Martins



Manual de sobrevivência

A sobrevivência de uma instituição enquanto fonte pró-activa de informação depende de ideias mais simples, mais curtas, mais directas, mais "visuais". A opinião pública exige mais transparência e maior rigor, mas está mais céptica - nunca teremos transparência e rigor suficientes.
Devemos usar mais marketing na criação das ideias e menos marketing no seu transporte. Isto é, no transporte da ideia o marketing ganha em ser "escondido".
Devemos preparar-nos para tempos de reacção mais curtos, para usar meios tecnológicos superiores e, ao mesmo tempo, mais acessíveis.
E devemos ter mais gente envolvida no processo de comunicação. Mas tal não significa mais especialistas, significa mais gente - sobretudo não-especialista.

LPM, 25-10-2007

quarta-feira, 24 de outubro de 2007

Académicos incapazes, académicos capazes...

OU

Como se poderão fazer propostas e avaliar o conceito de «economia da escola superior responsável»

Três cientistas do Porto são citados nos jornais e nos blogues desta semana:
Alexandre Quintanilha, Mário Barbosa e Sobrinho Simões.
São académicos não convencionais que circulam a maior parte do tempo nos caminhos da investigação de elevado nível internacional, emitem opinião nos mais diversos círculos abertos e fechados, geradores de energias alternativas à pilha tradicional do falso centro de investigação e proponentes de ideias contra-corrente.
Este ponto de partida, parece um daqueles tiros do juiz, capaz de desclassificar o corredor dos 100 metros que salta da sua posição antes de ser dado o verdadeiro sinal de partida. Em Portugal, tradicional, convencional, dito Portugal verdadeiro, sempre se desclassificou quem não obedeceu ao tiro da pistola do juiz. Mais, o juiz é que sabe quem pode ou não pode saltar e se saltou antes ou depois e se pode ou não pode ganhar, ou não fosse este o único, o autêntico, o verdadeiro alfobre dos juízes.

Pois, pois, mas o juiz não tem força para dominar esta classe de mosqueteiros. Nem estando eles sediados no Norte. Óbvio, há aqui um jogo de sinais entre a Praça dos Leões (U.P.) e a Rua do Campo Alegre, 823 (INEB, IBMC, IPATIMUP).
O actual reitor da UP, Marques dos Santos, não é um reitor como os outros. É um empreendedor de direcções, presidências e reitorias e assume-se como um dos «cabeças» de um Norte que mais tarde ou mais cedo vai ter de emergir como região, com Jardim ou sem Jardim, com César ou sem César, mas seguramente com Quintanilha, Barbosa, Simões e também Marques dos Santos.

Há aqui um factor crítico neste discurso que contraria a procissão dos reitores na orientação para o «deixa estar tudo como está, que sim senhor, assim é que está bem». Este enviesamento no sentido de incrementar a massa crítica é nitidamente o fazer deslizar a balança para deixar cair a mediocridade que se instalou na camada dirigente das escolas superiores portuguesas. E no entanto, como diria Galileu, eles não são todos iguais, pois não…

Para mim, Alexandre de seu nome, a escola responsável e sustentável é a base de um conceito que pode muito bem começar a ser considerado como «economia da escola superior responsável» e lanço esta TAG porque não suporto aquela ideia hipócrita e falaciosa da «excelência», é que o vocábulo não me entra na máquina de mastigação.
Assim faço eu a leitura, por exemplo da mais recente publicação de J.Cadima Ribeiro.
«http://universidadealternativa.blogspot.com/2007/10/manifestando-me_24.html»
É que não existe ninguém mais interessado do que as próprias universidades e outras escolas superiores e do que as pessoas que lá trabalham, em poder seguir jogando num terreno de jogo que esteja em bom estado, que o seu mundo seja sustentável e que as actividades que leva a cabo sejam responsáveis perante o seu povo.

E dentro desta nova forma de levar para diante o fazer educação superior também tem lugar a protagonismo, a criação do conselho geral visto como uma comissão de responsabilidade e governo efectivo no seio destas instituições.

Não me deixa cair os parentes na lama, opinar que o conselho geral e o governo da instituição possam estar presididos por uma pessoa independente com experiencia acreditada em responsabilidade empresarial. Se o homem da BIAL pode servir para encabeçar o I3S, do Porto, porque não?! ser alternativa a Marques dos Santos, por exemplo.

Quase todos entendemos, até os académicos mais incapazes, que deve ser encomendado a este conselho geral a proposta da estratégia geral e do governo da instituição, assessorar o reitor ou presidente sobre políticas de investimento relacionadas com índices de sustentabilidade e fundos de financiamento e assessorar sobre a actualização dos códigos de bom governo e manter a instituição com a cabeça fora da água sem ser por expediente de pedinchice.

Cá vamos, rumo à convergência de Lisboa


Ontem. em Bragança juntou-se uma gabela de altos cargos, entre eles ministros e ministras, com o primeiro-ministro do Estado para apresentar o novo plano de I&D, que chega no seu alcance até 2011. As linhas mestras do plano não são muito diferentes, muito distintas das que conhecemos até ao que (não) vigora actualmente, porém é uma boa nova que Bragança possa ser considerada como a cidade mais ajeitada para a apresentação deste plano. Já sabemos da importância dos símbolos, e este pode ser um sintomático símbolo do papel que pode jogar a nossa urbe menos industrial num Estado que tenta avançar nos gastos em I&D.


A Fundação IST (antes Fundacional Team, antes Fundação BCP, antes Fundação RTP) confirmou ontem a frontalidade da sua brilhante secção de análise com publicação do já clássico informe e-Portugal, o informe de referência na análise do desenvolvimento da Sociedade da Informação em Portugal. Os principais indicadores caminham em torno a perda de postos por parte do nosso Estado, numa perspectiva internacional, no desenvolvimento da Sociedade da Informação. Porém sabeis todos que cada qual fala da festa segundo lhe foi dado lugar nela, e nós hoje temos algo que festejar.

Esta Fundação, junto com a consultora Cap Gemini, levaram a cabo uma análise específica dos serviços de e-Governação na Administração Pública, seguindo os dois principais indicadores que emprega a Comissão Europeia: o nível de disponibilidade total de serviços online e o grau de sofisticação dos serviços públicos básicos. Dando de caras a tarefa de medir o nível de disponibilidade de serviços online tomam-se 26 serviços de referência (16 orientados para os cidadãos e 10 para as empresas). Para a nossa surpresa, porque ningúem me negará que é uma surpresa, a nível global e tendo em consideração a média total de disponibilidade de serviços por Região, Norte é a 5ª classificada, e não, neste caso não é mirando de baixo para cima. Mais curioso ainda é que se tomamos como referencia os 16 serviços orientados para os cidadãos chegam ao terceiro lugar do podium, só superados por Lisboa e por uma Madeira implicada numa profunda remodelação do seu Governo.

Sim, já não era sem tempo. Sabemos que, junto com o sector bancário, a e-Governação é um dos principais drivers de uso das TIC. Não é muito provável que os nortenhos e nortenhas que não estão conectados mudem a sua percepção da rede por mor da comunicação, do jogo, ou dos conteúdos para adultos. Porém, sabemos que aforrar tempo e trâmites burocráticos é uma das mostras mais directas que pode fazer a Administração das possibilidades das TIC, logo uma mostra muito clara da utilidade da mesma, e mudar a percepção social da rede é um objectivo crítico para coadquirir a idílica agenda de Lisboa. Mais, para Lisboa ainda quedam uns anos e hoje toca a dar os nossos (merecidos) parabéns a Dona Administração, porque para além de vestir bem e falar melhor é uma gaja porreira.

Nota Técnica:

Há aqui um linguarajar nortenho, agalegado, propositado no sentido do andar para trás que caracteriza o movimento da Região Norte deste imenso Portugal.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

Revisitar as questões é preciso «QREN… formação… emprego»

Eu não sei qual é a agência de comunicação que presta serviços ao nosso bem amado PM. Só sei que é importante para o ‘snapshot’ (instantâneo) com que levo nos telejornais, tal qual acontece com o líder alternativo, passando-se o mesmo com a máquina que veste o FL e outros mitos do nosso diário.
Sejamos realistas: qualquer miúda do meu bairro, quando aparecia na missa ao domingo, levava um toque subtil de baton para que, mesmo sem o conseguir, pudesse dar um ar de mais bonita. Nada tenho contra esse acto de maquilhagem.
O Governo, reduzido ao PM e mais dez, enche-me de ideias futebolísticas, mas também de medos. Medo de que a seriedade, a moral, a ética, não faça parte dos procedimentos criteriosos com que o projecto esteja a ser pensado, discutido, construído para os anos maus que aí vêm. Quem já queimou as pestanas com umas dúzias de livros, sabe que tudo isto demora muito tempo a fazer.
Então e o País? Então e o amanhã?

Revisitei o QREN, através de dois sítios que possui na Internet:

http://www.qren.pt/

http://www.incentivos.qren.pt/

Foi lá que pude ler:
«Agenda Operacional para o Potencial Humano, que congrega o conjunto das intervenções visando a promoção das qualificações escolares e profissionais dos portugueses e a promoção do emprego e da inclusão social, bem como as condições para a valorização da igualdade de género e da cidadania plena. Esta Agenda integra as seguintes grandes vertentes de intervenção: Qualificação Inicial, Adaptabilidade e Aprendizagem ao Longo da Vida, Gestão e Aperfeiçoamento Profissional, Formação Avançada para a Competitividade, Apoio ao Empreendedorismo e à Transição para a Vida Activa, Cidadania, Inclusão e Desenvolvimento Social e, ainda, a Promoção da Igualdade de Género.»

Para além deste «montão» de ‘Tags’ nada mais há, que seja visível, que nos indique para lá do cultivado segredo dos deuses sempre praticado no IEFP (em toda a administração pública) umas linhas de mapa ou de caminho sobre as luzes que iluminam estes toscos candeeiros.

Vou citar, mais ou menos livremente, o trabalho de Marisa Antunes, no ExpressoEmpregoOnLine do dia 19.10.07.

“A qualificação dos recursos humanos é a principal aposta do Governo subjacente às medidas de coesão económica e social para o período 2007-2013 e isso mesmo foi reforçado durante o maior evento europeu no domínio da política regional, que decorreu em Bruxelas na passada semana, que juntou 212 regiões de toda a Europa e cerca de 3000 especialistas e decisores nesta matéria.

Uma mão-de-obra pouco qualificada emperra o país e mina a competitividade económica, uma ‘fraqueza' que se pretende minimizar a médio prazo. “Uma das principais prioridades deste novo Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) assenta numa aposta decidida na valorização de recursos humanos, cruzando, de uma forma que nunca se fez em Portugal a formação formal com a formação profissional. Ou seja, trazendo a formação profissional para dentro das escolas e levando o ensino secundário para dentro dos centros de formação profissional”, realçou Rui Nuno Baleiras, secretário de Estado do Desenvolvimento Regional, no evento ‘Open Days' onde durante quatro dias se analisou, em mais de 100 seminários e grupos de trabalho a nova geração de programas de política regional europeia com o tema-base ‘Making it happen: regions deliver growth and jobs'.

António Fonseca Ferreira, presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional de Lisboa e Vale do Tejo (CCDRLVT), especificou as necessidades de recursos humanos para esta região: “Precisamos de mais profissionais nas áreas das telecomunicações, «software», biotecnologia e nas tecnologias de informação em geral, e ainda no turismo”. Lembrando que a área da grande Lisboa é a mais qualificada do país, o presidente da CCDRLVT, que liderou um dos grupos de trabalho do ‘Open Days', salientou, no entanto, que a região perde nas comparações europeias.

Existem cerca de 145 mil quadros superiores na área metropolitana de Lisboa num total de 458, 800, enquanto que a proporção dos profissionais de nível intermédio ronda os 155 mil para 423.200 existentes em todo o país. Fonseca Ferreira salientou ainda a importância de um reforço no domínio da I&D e do conhecimento. A este nível, a região de Lisboa atinge valores significativos no panorama nacional (ultrapassando a barreira de 1% do PIB) e absorve 60% do total de recursos nacionais de I&D, empregando cerca de 13 mil pessoas, mas está ainda longe de cidades como Varsóvia, por exemplo.”

Volto à escrita própria:
Comentava hoje no Universidade Alternativa, desabafava com um homem que não tendo nascido no Norte olha para esta região com tecnicismo e muito sentimento, com tudo o que está para lá das folhas de Excel; dizia eu que desde 31 de Janeiro de 1891 instalaram um plano inclinado neste imenso Portugal. Não é preciso ter feito doutoramento em melhoramentos rurais para se perceber o que vai ser a Agenda Operacional para o Potencial Humano, menos ainda para perceber como vão ser oleados os mecanismos de avaliação/aprovação das candidaturas.

Ainda agora é de manhã e por isso podemos continuar…

Existe um «site» anunciado com pompa e circunstância tal como está instituído neste imenso Portugal dos anúncios:

http://www.netemprego.gov.pt/IEFP/index.jsp

Como tenho a certeza de que os meus raros e ‘maus’ leitores não se dão à minudência de se registarem como desempregados eu cedo o meu Login: ddugehe + Password: ihkegeh
Vá lá, dêem uma voltinha, procurem a Oferta de Emprego…
Engenheiros, Mecânicos, Especialistas, …
Ides cair de cu! Protejam-se.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Anunciar novo espaço de comunicação


Abrimos mais uma área para comunicar, divulgar, disseminar, trocar ideias e aprendizagens com algum estreitar de tópicos e um funil de propósitos.

Qualquer um(a) que queira ser EDITOR(A) nesse projecto só tem que dizer de sua justiça, porque a porta, essa está aberta, incondicionalmente!

http://ontologias.wordpress.com/

Boa viagem e boa visita.

Cartas Abertas e Assembleias Várias

Um blogue também serve de carteiro...
Tenho o direito de inferir que, tal como foi visto na U.M., na U.A. e porventura nas restantes, o CORPORATIVISMO regressou da hibernação e está mais pujante que nunca!
Tal como Marx, ingenuamente postulava o fim do capitalismo num acto antropofágico, comido por si mesmo, assim eu vejo e revejo este Corporativismo tal Fenix renascida.
Não vou chamar ingénuo ao Bernardo Cunha, antes devo deixar expresso o meu respeito pelo grito de revolta, mas estamos (todos) a ver que a procissão dos reitores é tudo menos um projecto de virgens incorruptas.

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«Caros colegas, docentes, investigadores da U.A..Envio em anexo uma carta aberta sobre o tema: "Círculos eleitorais para a constituição da Assembleia Estatutária" que gostaria de partilhar com todos vós.»

Cumprimentos académicos
Bernardo Cunha,
docente e investigador da U.A.


Carta aberta à comunidade académica

Caros colegas, docentes e investigadores, colaboradores, funcionários e alunos da
Universidade de Aveiro

Decorrerá em reunião do Senado da próxima terça-feira, dia 23 de Outubro, a votação para
aprovação do regulamento eleitoral para a constituição da Assembleia Estatutária, tal como é
determinado no art. 172 do Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior (RJIES).
Esta Assembleia, tal como o nome indica, irá constituir-se como o órgão responsável pela
elaboração e aprovação dos futuros estatutos da Universidade de Aveiro, e
consequentemente, do modelo orgânico, pedagógico, científico e funcional da Universidade à
luz deste novo RJIES.
Esta tarefa, que agora se nos depara, se bem que enquadrada por um conjunto de linhas
directoras bem definidas pela lei, é simultaneamente uma oportunidade real, objectiva e
provavelmente única no nosso tempo de vida útil, para termos uma intervenção directa e uma
palavra a dizer no repensar e instanciar do futuro modelo de ensino e investigação
universitárias da nossa escola.
Não pude assim deixar de ficar perplexo, confundido e, porque não dizê-lo, angustiado, com a
informação de que teriam sido aprovados em reunião da Secção de Gestão e Planeamento do
Senado um conjunto de princípios norteadores do regulamento eleitoral que, no meu modesto
entender, consubstanciam um completo inverter da pirâmide que deveria presidir a este acto
de arranque para o processo de renovação que se avizinha.
Repensar a Universidade e o ensino superior em Portugal, diz-me o bom senso, deveria ser
um acto sublinhado por uma total independência relativamente aos actuais modelos orgânicos,
pedagógicos, científicos e de carreira. Estes não poderão ser esquecidos, naturalmente, mas
apenas enquanto tema de meditação, ponderação e discussão, sempre numa perspectiva de
distanciamento formal, e de forma a que deles seja possível estimar os aspectos mais
negativos, que convirá suprimir, e os mais positivos, que valerá a pena reforçar.
O pressuposto de que haverá que acautelar interesses à partida, à luz do que é a actual
organização universitária, e de que tal deverá ser conseguido não através de uma postura próactiva,
de partilha de ideias e alinhamento pessoal com os diferentes modelos em debate, mas
coarctando sim a liberdade de organização do grande corpo que é o dos docentes e
investigadores, deixa-me com um profundo amargo de boca e com a comoção moral que
resulta de me estar a ser imposto um carimbo de menoridade intelectual e política e um
modelo eleitoral que me define fronteiras que não reconheço nem quero ver reconhecidas na
futura Universidade.
Sublinhe-se até que é a própria lei, no nº 3 do seu artigo 81, que determina que os
representantes dos docentes e investigadores na Assembleia Estatutária sejam eleitos “pelo
conjunto de professores e investigadores da instituição de ensino superior”. A referência que
o mesmo artigo faz aos estatutos que regulamentarão esse processo, só é efectivo a partir do
momento em que esses mesmos estatutos estejam definidos e aprovados. Pelo que deveria
ser do todo, e não de um de grupo de sub-conjuntos do todo, que deveria partir o processo de
repensar o futura da escola.

O modelo agora proposto, cujos princípios foram aprovados na SGPS, baseia-se numa
organização em círculos, mais propriamente quatro, alinhados com as grandes áreas de
formação oferecidas pela U.A: engenharia, ciências, humanidades e politécnicos. Para cada
um dos círculos define-se o número de representantes com assento na Assembleia
Estatutária: 3, 4, 3 e 2 respectivamente, escolhidos a partir de listas fechadas com base num
princípio de proporcionalidade cujos critérios envolvem, consoante o caso, apenas o número
de docentes e investigadores que os integram, ou o número de docentes, investigadores e
alunos. Fica assim cada um de nós espartilhado no sub-corpo onde casuisticamente foi
classificado, e impedido dessa forma de exprimir o seu apoio a uma lista e um modelo que
possam eventualmente surgir no âmbito de outro círculo eleitoral.
Argumentar-se-á que o modelo de organização em círculos eleitorais é precisamente o mesmo
que é adoptado na eleição dos representantes para a Assembleia da República, composto por
22 círculos eleitorais para 8.9 milhões de eleitores. Este argumento não pode ser, contudo,
mais falacioso. Nas eleições para a A.R., as listas são instanciações em círculos eleitorais de
Partidos políticos. Os eleitores escolhem e votam em partidos e não em listas. Pelo menos do
ponto de vista teórico, o que está em causa são modelos, ideias, projectos e programas para o
país, e não uma visão segmentada por razões de natureza corporativa. Organizar as eleições
para a A.R. à luz do que se propõe agora regulamentar para a Assembleia Estatutária, seria o
mesmo que organizar aqueles círculos eleitorais em função da actividade profissional dos
eleitores: teríamos as listas dos marceneiros, dos pedreiros, dos vendedores, dos professores,
dos cantoneiros, dos operários da indústria pesada, dos jornalistas, dos políticos e de mais
120 actividades (para manter a proporção entre os universos eleitorais), que iriam eleger os
seus 1, 2 ou 3 representantes para uma Assembleia da República que, por motivos óbvios,
não iria nunca conseguir funcionar de forma efectiva. É este o cenário que nos é agora
apresentado, com a justificação da necessidade de acautelar os vários interesses dos
subsistemas orgânicos do actual modelo universitário.
Deveríamos sim, neste momento, estar preocupados com os aspectos de fundo que irão
nortear a instanciação dos futuros estatutos e que, em última análise, determinarão a
qualidade e eficiência da Universidade de amanhã. É dessa qualidade e eficiência, e não do
acautelar dos nossos interesses individuais de hoje, que resultará, com toda a certeza, a
qualidade com que cada um de nós se poderá integrar nessa futura Universidade. Em
contrapartida, perdermo-nos em discussões inúteis sobre estratégias para agrilhoar, logo à
partida, a liberdade que nos é oferecida neste momento único, à luz de preocupações, receios
e motivações de natureza pessoal e corporativa, é uma fatal machada na oportunidade que
nos é oferecida. E é também afinal o resultado de uma visão tão tristemente típica do pior lado
da natureza lusa.
Não deixa de ser profundamente irónico que tenha partido da Reitoria a proposta deste modelo
de regimento eleitoral. Em particular quando é aparente que a Sra Reitora, apesar de ter
legitimamente optado por não exprimir opiniões pessoais sobre a sua visão do futura desta
escola, fez questão de tornar pública como sua a bandeira da manutenção de um modelo
matricial para a U.A.. A organização em círculos que agora se propõe, alinhados com as
engenharias, ciências, humanidades e politécnicos, expõe uma infeliz correlação com o
modelo de Universidade portuguesa organizado em faculdades. Retira aos elementos de cada
um deste corpos a possibilidade de elegerem seus representantes membros de listas de
outros círculos, mesmo que estas sejam as que, na sua perspectiva, melhor representam a
sua visão para o futuro da Universidade.
Temo ainda que, da mesma forma que não nos coibimos de expressar a nossa opinião sobre a
abordagem que cada uma das outras escolas superiores nacionais tem neste momento em
curso face ao RJIES, também a visão que estamos a transmitir para o exterior ao propor este
modelo eleitoral acabe por ser, não uma referência de modernidade, maturidade e visão de
futuro, mas uma triste imagem de uma escola periférica mais apostada em mudar tudo para
que tudo fique na mesma.
Duas última palavra sobre os temas que, de acordo com as directivas aprovadas, deverão
constar do manifesto eleitoral das listas candidatas:
· Que destes manifestos deva constar a visão do modelo orgânico e funcional que a lista
defende para a futura Universidade é razoável e um princípio intrínseco ao objecto da
Assembleia que se irá constituir. É no entanto, diria eu, irrelevante que se afirme
regimentalmente a necessidade ou obrigatoriedade de que tal conste do manifesto eleitoral.
Qualquer lista teria, naturalmente, de expor em manifesto a sua visão sobre o assunto;
· Que se pretenda que essa mesma lista defina, à priori, a sua posição quanto à eventual
adopção de um modelo fundacional de Universidade, é já mais questionável. Se é verdade
que listas poderão surgir no seio das quais esta posição esteja previa e claramente
definida, outras contudo poderão justificadamente defender a necessidade de sentir o pulso
às sensibilidades da comunidade académica antes de tomar uma posição;
· Pretender-se entretanto que, antecipadamente, as listas definam publicamente, em sede do
seu manifesto, o peso, importância ou relevância que irão dar à audição dos actuais
órgãos e unidades orgânicas da U.A. no processo de elaboração dos estatutos (audição
essa que é determinada pelo nº 5 do art. 172 do RJIES), expõe um inacreditável sentido
manipulador e rotula os futuros representantes dos professores e investigadores da U.A. na
Assembleia Estatutária de meros agentes de interface, desprovidos de qualquer tipo de
bom senso e de capacidade de decisão própria. Pior ainda, trás à superfície o lado mais
negro de quem receia que a boa fé daqueles que os irão representar é, no mínimo, algo
questionável.
Dito isto, o meu fundado receio é que, como é provavelmente expectável, a proposta de
regulamento eleitoral organizada em círculos, venha mesma a ser aprovada na próxima
sessão do senado. Resta-me, se isso acontecer, que os mais lúcidos e empenhados agentes
da nossa comunidade académica percebam que, face a este cenário, a única alternativa passa
pela constituição de movimentos transversais à organização em círculos. Movimentos que
desenvolvem e promovam um modelo e uma ideia para a futura Universidade de Aveiro, e que
instanciem depois, em cada círculo, uma lista que os represente. Da minha parte, não poderia
ficar em paz com a minha consciência se tivesse optado por manter em reserva estas
considerações. E creiam-me devotadamente apostado em contribuir, naquilo em que me for
possível, para uma Universidade de Aveiro de qualidade e de referência no panorama nacional
e internacional.

Aveiro, 19 de Outubro de 2007
Bernardo Cunha, docente e investigador da Universidade de Aveiro

domingo, 21 de outubro de 2007

Há coisas novas no mundo da educação

E-Portfolios é um conceito que faz crescer água na boca por várias razões. Inclusive, já fiz parte de um grupo que, ingenuamente, se juntou durante 50 horas para discutir o tema, trabalhar em comunidade de práticas através da plataforma de eLearning da U.A., etc.etc.etc. Apesar de todo esse voluntarismo, hoje, não estou assim tão certo se uma só denominação abarca o conceito numa perspectiva de «partilhado» e se é possível analisar todos os tipos de ePortfolio como instâncias de um conceito único. No meu modo de ver, o portfolio elaborado por um estudante (escola/universidade) com a finalidade de servir o seu trabalho de reflexão é muito diferente do portfolio que (eventualmente) servirá como justificação da avaliação a que vai ser sujeito ou daquele que se aplica num contexto de empregabilidade.


Esta introdução vem a propósito de entusiasmos vários que me chegaram de quem foi ver uma coisa meio profissional meio educacional (será que a educação não deve ser hiper-super-profissional?!), realizada a semana passada em Maastricht: ‘for the Human Capital & Social Innovation Summit’ (HCSIT 07).

Moderemos estes meus ‘impulsos’ e lembremo-nos que alguns países do Tratado de Lisboa, não têm estrategas da Educação; num caso conhecido tem gestora de portáteis e agrupamentos escolares e noutro caso o responsável pela educação superior é um mero administrador de laboratórios do Estado. Tudo isto, porque também me transmitiram alguma surpresa germânica pelo facto dos holandeses (fazem parte do Tratado de Lisboa) terem já introduzido no seu sistema de educação superior ‘innovative employability solutions’, que passam por um esforço organizado no sentido de ajudar os estudantes a construir competências, tendo em mente as suas próprias metas, trabalhando com a incerteza, lidando com a interacção social dentro de um contexto de projecto, etc.etc.etc.
Vamos esperar que as coisas mudem, pois claro e manter uma crença firme de que os estudantes vão todos arranjar um emprego no final dos seus bacharelados estudos.

Para contrariar o desânimo, deixo-vos duas prendas:

Uma, porque as pessoas da ciência devem ler todos os dias, tratam-se de documentos recentes ‘
TENCompetence que servem de espicaço em tempo de chuva e frio que se avizinha.


Duas, porque as pessoas cultas ouvem GERSHWIN. O apontador está direccionado para a parte II (a primeira parte foi dedicada directamente a uma amiga minha) e creiam que a interpretação de Bernstein é linda!

sexta-feira, 19 de outubro de 2007

Hoje acordei feliz.



Onde dizia Tratado de Nice passa a dizer-se Tratado de Zurique onde dizia Tratado de Jaen passa a dizer-se Tratado de Roma onde dizia Tratado de Amsterdam passa a dizer-se Tratado de Brno onde dizia Tratado de Ceca passa a dizer-se CEE onde dizia Tratado Euratom passa a dizer-se Maastricht onde dizia Tratado de Dublin passa a dizer-se Ioannina onde dizia Tratado de Bucareste passa a dizer-se Brown onde dizia Tratado de Merkel passa a dizer-se Sarkozi onde dizia Tratado Kaczynski passa a dizer-se Sócrates onde dizia Tratado Europeu passa a dizer-se Lisboa.

Hoje acordei feliz. Passei pelo Centro de Emprego das Terras de Basto, propriedade de Joaquim Barreto dono dos caminhos do distrito de Braga, organizador de excursões ao Terreiro do Paço e ao Circuito da Fêvera (tb pode ser da Febra), e tinha lá um quadro, daqueles feitos em corticite tamanho 1000 x 500 mm, pendurado na parede, em frente dos olhos das mulheres que esperavam sentadas num banco corrido à procura de um emprego.
O título do quadro era: «Ofertas de Emprego»
No canto inferior esquerdo do quadro, um pionés verde segurava um rectângulo de papel A5 que dizia:
LINHA VERDE DO EXÉRCITO … e por baixo rezava assim
800 20 12 74

Hoje acordei feliz. Tenho um Tratado de Lisboa e finalmente, posso perguntar a um qualquer miúdo da minha terra: - Zé! Que queres ser quando fores grande?
E ele vai olhar para mim com aqueles olhos abertos, enormes, e dir-me-á, felicíssimo:
- Quando for grande quero ser tropa. Mas só em Lisboa.

quarta-feira, 17 de outubro de 2007

A minha vida de pernas para o ar E procurar, uma casa Para eu morar…




Há sempre uma grande hesitação quando decidimos pôr ordem no rés-do-chão da nossa bela casinha, tão modesta quanto eu. Por isso avançamos tanta vez aos ziguezague, escondendo isto atrás da cómoda ou do psiché, mudando a cama da janela para a porta, mudando sempre mudando e deixando tudo na mesma.
Qualquer um de nós, que se reclama do «corpo de intervenção» da educação superior sabe por intuição, por inferência, pelo odor que se sente no ar, mas sobretudo por experiência e por levar muita porrada no corpo e ainda mais na mente, que «isto» não anda bem. Hesitamos, quando colocamos no prato da balança a escola autónoma, gerida utopicamente pela comunidade, mas na verdade sempre entregue a quem dá mais.
Rabeamos, quando alguém diz que a sobrevivência está do lado da «futura aliança» público-privada como virá a ser o modelo do Instituto Superior Técnico.
Exultamos, quando alguém diz que agora sim, agora é que vai ser com o BA e a sua Escola de Gestão. Ignoramos Modernas, Independentes, mais o que por aí se movimenta, devagar, devagarinho.
Passado todo este geladíssimo carnaval, temos um processo Bolognese que na maioria dos casos não é mais do que um farsíssimo faz de conta.
Temos alunos aos montes, e uma coisa fantástica que são kilos de cursos sem alunos.
Ainda, temos resmas de horas de aula preenchidas com meia dúzia de abúlicos assistentes.
Temos escolas de culto com mil e quinhentos docentes e assembleias para debater problemas cruciais em que estão presentes 50 pessoas. Vou escrever o ‘numbaro’ para que o possamos olhar olhos nos olhos: 50/1500 = 3,33%
Como o processo é visto e categorizado em «agitação e subversão» quanto maior o valor alcançado na escala sigma, melhor. Quando se tem um processo ‘six sigma’, não se espera obter mais do que 3,4 produtos defeituosos por milhão de unidades produzidas.
Dirá o (mau) Governo da Escola que está a produzir muitos produtos (docentes) defeituosos. Mas não, todos estão prazenteiramente ociosos porque o mar está de calmaria. Direi eu, imitando o Bruxo de Fafe, que antes da borrasca estará tudo de bonança.
Façamos como o meu tio Sereno quando fabricava lixívia na casa de banho do bairro, toma nota que eu dito:

1) Resolver o modo de governo da escola;
2) Arranjar outra gente para governar a escola;
3) Reinventar o(s) processo(s) de Bologna;
4) Entusiasmar os estudantes para que acreditem naquilo que nós (não) acreditamos.

Feita que está a lista e seguindo procedimentos escritos pelo meu tio Sereno, já tratei de afixar a lista na parede, bem junto ao largo da entrada. Sei que ninguém vai ler, todos têm isto bem gravado na cabeça. Não farei fotocópias porque não trabalho no Sindicato dos Professores, não pintarei paredes nem irei pendurar panos na perpendicular ao eixo da rua.

Vou ler calmamente, um
documento interessante PDF feito por uns «tios» que tal como eu, já não acreditam muito que isto vá lá connosco. Por isso, viram-se para as máquinas. Essas, aguentam um ‘xuto’ bem dado; é que isto está bom é para dar e levar uns ‘xutos’.

terça-feira, 16 de outubro de 2007

Praticar Ambientices



Hoje, ainda bem, que alguém se lembrou destas coisas. Lembrou-se o ‘
Criancices’, lembrou-se o ‘do Fundo da Comunicação’ e lembraram-se muitos outros.
Não é que eu seja muito de «dias comemorativos» sou até hiper-super-individualista e todos os dias são dias de muito eu. Que me seja perdoado este enviesamento, pela muita certeza que consolidei e que me diz que só eu, apenas eu, me interesso por este invólucro que por aqui anda.
Recupero a ideia chave do comentário que deixei no sítio da nossa amiga RS:
«É preciso pôr as escolas e a miudagem a praticar e a divulgar AMBIENTE»
Não é uma coisa nova, não senhor. Não dá votos aos (maus) Governantes assim do pé pr’a mão, também pode ser uma meia verdade, mas não temos outra saída. Vejam a alegria que era aquele excelente postal de comunicação que a PontoVerde mandava para o ar nas televisões deste imenso Portugal, com os miúdos a explicar a separação do lixo.
As grandes e definitivas campanhas de mudança destas terras descrentes e abandonadas a quem quase já só deixam os estapafúrdios entusiasmos do Guiness, podem muito bem, ficar concentradas nesta ideia de voltar a criar grupos de activistas do ambiente nas nossas escolas EBs. Expliquem aquela gente culta, maioria dos quais quasi-doutores, que se agrupa à volta da doutora Lurdes, Valter & Associados, o quanto esta massa amorfa de Portugueses ganharia, se fosse possível voltar a ter professores no básico e no secundário com horários e projectos reconhecidos oficialmente, não apenas nos horários de substituição mas também na agenda semanal, com actividades e tarefas exclusivamente orientadas para o ambiente.
Carago! Isto é assim tão difícil que seja preciso ser doutor para perceber?!

Já agora...

Experimente deixar uma bolota (está na imagem) num vaso com um palmo de terra junto a uma janela da sua cozinha. Com um pouco de sorte um destes dias terá por lá um carvalho - se é que não pertence ao nome da sua família - experimente (também pode nascer uma azinheira...).

Chegou o Carteiro



Desde há 6 anos atrás, pertenço a um grupo que às vezes se reúne sob o guarda-chuva (sol) do INA para discutir avanços e paragens nesta coisa do eLearning, estado da arte da gestão de conteúdos, técnicas de trabalho cooperativo/colaborativo e outras tretas do género. Uma das coisas que sempre me dão imenso trabalho tem a ver com o flashback de tudo quanto se passou entre um encontro e outro uma vez que toda esta gente é pseudo-organizada troca mails sem conta mas como anda num corrupio entre um Pendolino e outro Pendolino deixa pontas e mais pontas na corda da roupa a secar.
Se alguém contasse, que ainda este fim-de-semana entre uma garrafa de Alvarinho e outra de Murganheira me entregaram 14 Gigabytes de materiais «meus» que tinha deixado num servidor algures neste imenso Portugal, Eu não acreditava. Google tem deixado emergir lentamente ferramentas que trabalham as...tags e as folksonomias mas tudo isto não existe ainda explicitamente. Não é por acaso que desatei num «choro» pungente sobre ontologias dos blogues. Todos os que por aqui nos mexemos perguntamos aos nossos «santos» qual é a melhor maneira de organizar os recursos disponíveis, dado o lapso de tempo ínfimo que demora a desenvolver novos conteúdos que nos submergem por todo o lado. É um campo de trabalho a que presto alguma atenção, procurando manter a ordem no modo como deixo pistas recuperáveis sobre o que está depositado nos meus contentores, procurando ser «inteligente» no processo de busca e fazendo manutenção periódica aos meus apontadores, como não sou Deus, só consigo algum êxito naquilo que terá mais ou menos dois anos de vida.
A questão séria é – foi sempre – como é que consigo ter mão nesta informação?!
Tal como vós, escrevo, edito, sou panfletário em meia dúzia de blogues; estou no Google, no WordPress, no Yahoo, na Microsoft,…;uso mais do que uma ajuda chamada «tagging services»; contribuo para não sei quantos sites da web, and so one,…
É impossivel administrar todos os recursos que andam por aqui na ponta dos dedos, vaidosamente criativos e sempre a dizer que não posso mais, tal qual canta o Abrunhosa. Solução?
Recentemente, tropecei com uma ferramenta que não tem ainda prospecto mas que aponta para saídas possíveis. Chama-se
LIJIT, podemos criar lá o nosso «profile», identificar URLs por onde vivemos, IDs que deixamos ficar por aqui e por ali, UserNames e Accounts conhecidas ou de que nos lembramos. Partindo desse ponto, Lijit faz um pouco o trabalho do robot e de uma penada só passa por sítios que sabemos ter lá deixado a impressão digital e conta-nos o que por lá houver acerca de nós.
Não é o último grito, falta uma coisa muito importante de que se queixam VM e AS em surdina: Que é feito dos nossos «comments»???
Mas enquanto o pau vai e vem, pode ser que o modelo Lijit, cresça e avance nesta nossa fome de abundância.

segunda-feira, 15 de outubro de 2007

A importância de se chamar «blog»




Estão hoje em standby 1189 pedidos de patente no United States Patent Dept. que apresentam em comum o facto de todos eles possuírem como objecto uma coisa que se chama BLOG.
Exemplos:
Ranking blog content A mechanism of ranking weblog or "blog" items is provided. More particularly, the subject ranking mechanisms can facilitate ranking blog feeds and blog items contained therein thus focusing and intelligently delivering content.
Structured blogging with reciprocal links Systems and methods for structured blogging with reciprocal links are described below. The systems and methods, referred to herein as Blog systems, provide a structured data format for associating comments and other entries with business...
Ranking blog documents A blog search engine may receive a search query. The blog search engine may determine scores for a group of blog documents in response to the search query, where the scores are based on a relevance of the group of blog documents to the s...
System and method for blog functionality Systems and methods applicable, for instance, in blog functionality. For example, a blog entry may be created that exists both in a media diary and as part of a blog. As another example, notifications regarding blogs may be received. As ...
Real-time blog interaction The present invention is a system, method and apparatus for real-time blogging. In a preferred aspect of the invention, a real-time bi-directional blogging system can include a blog and a bi-directional syndication interface to the...
Bitmask access for managing blog content Methods, devices, and systems are directed towards managing a database using moderator determined attributes, and a contributor employable bitmask. In one embodiment, the database is employable for use in managing a weblog (blog).
Blog integration in a collaborative system A method, system and apparatus for an integrated blog in a collaborative environment. In this regard, the collaborative environment can include a named collaborative space and one or more collaborative components disposed in the named ...
Method and apparatus for publishing content through blog Provided are a method and apparatus for publishing content through a blog. A publisher terminal publishes content and metadata of the content to a blog and transmits a rich site summary (RSS) including information on the published conten...
Blog map for searching and/or navigating the blogosphere A blog map for searching and/or navigating the blogosphere is provided. In accordance with one method for generating a blog map, a number of blog posts within the blogosphere are accessed. Each of the blog posts is converted to a feature...
Scoping and biasing search to user preferred domains or blogs Architecture that allows a user to search for content or to restrict an online search to a limited number of websites and/or blog sites. Architecture is provided that facilitates data searching via a source component that includes data…
Maps for social networking and geo blogs A unique system, method, and user interface are provided that involve an integration of map technology with social networks so that individuals can select members of these communities with which to communicate based at least in part on...
System and method for creating searchable user-created blog content A system and method is provided which allows users to create, upload and post user-created content on a website or device that is searchable and accessible from a different website or device. Each user that adds user-created content to a...
Content matching Various technologies and techniques are disclosed that improve the identification of related content. An article for which to identify matching content is received or selected. The raw text of the article is analyzed to reduce the raw te...
Preprocessing Content to Determine Relationships Relationships are determining by preprocessing content. A first content available over a network is retrieved. One or more first-type elements associated with the first content using a rule-based algorithm is identified. The one or more ...

domingo, 14 de outubro de 2007

Depois dos Mestres



O blogue vai assumindo cada vez mais um desenho pessoal, não intimista, porque a não ser assim estaria a contrariar o próprio princípio da intimidade. Mas nada me impede de ajudar raros e futuros leitores a navegar na corrente do dia-a-dia de um construtor de puzzles que nunca se sentou a uma mesa para montar aquelas monstruosas pilhas de bocadinhos de cartão que depois resultam numa pintura de van Gogh (de que gosto).
O autor é comprador habitual de caixas de Legos (ao kilo) que lhe servem para demonstrações de modelos das coisas que pretensamente discute com os seus alunos. Portanto o seu sentido de construção vai do pensamento para a obra, mas reconhece sem esforço que tem dificuldade em trabalhar segundo o(s) método(s) da Filosofia. Ainda por cima, porque foi criado num ambiente esquemático, de formas geométricas que se relacionam por linhas. Juntemos agora uma espécie de complexo de que sofrem as ciências em geral face à Física, mas no meu caso particular face à Metafísica.
Porquê? Porque qualquer um de nós teve Mestres, uns presentes de corpo e alma, outros nem por isso. Gostei muito de um Mestre que sendo rigoroso no planeamento de ruas e casas me falava enternecido dos enxertos em escalheiros e que dissertava tranquilamente sobre o Direito romano na criação de novas cidades ou sobre a toponímia dos templos Babilónicos. É aqui que eu fico.

Regressemos ao tal complexo e não o deixemos agarrado ao travesseiro. Sou um homem da computação e conheço esta ciência de todos os lados. Do lado dos Legos, porque concebi em tempo próprio o meu computador cujas peças seleccionei e construi à mão, numa espécie de grito libertador de quem me tinha criado e do lado da razão porque estudei e dominei linguagens várias, com pontos de partida diversos e justificações muitas. Habituei-me a resolver problemas com a ajuda da máquina mas (e este mas é soberano) quase sempre com subordinação a uma utilização inteligente e criativa. A contemplação dos factos conduz muitos jovens a diferentes reacções, lembro-me de ter 16 anos e sonhar (preocupado) com o ser ou não ser verdade a existência de «cérebros electrónicos». Paralelamente ao tratamento da álgebra de Boole que dominava com facilidade – fui sempre um privilegiado no acesso a livros – questionava-me a possibilidade da máquina poder exercer o «pensamento». Nunca fui renitente a aceitar esta possibilidade, até porque lia muita ficção científica, em especial a dos anos trinta e quarenta cujas sementes nem todas germinaram. Um dos problemas interessantes que se coloca aos que gostam destas coisas é o de saber se a máquina apenas pode produzir aquilo que o seu projectista desenhou. O que o autor da máquina colocou no seu interior foi o «método para resolver problemas de uma determinada classe», o que é qualquer coisa de diferente de poder «resolver um dado problema que possui afinidade para com esta classe». Alternativamente, o criador da máquina pode atribuir-lhe capacidade para resolver problemas por vários tipos de métodos, incluindo um «master» habitante da máquina, que determina o método de solução que deverá ser usado. Então, perguntará o amador, e não é assim na Filosofia?
A filosofia, não sendo capaz de nos dizer ao certo qual é a resposta às dúvidas que ela própria provoca, sugere numerosas possibilidades que ampliam o nosso pensamento, libertando-o da opressão do pré-programado. A chatice é que reduz o sentimento de certeza sobre a resposta ao problema, o que para nós, homens das redes lógicas feitas por dispositivos electrónicos (físicos) é quase sempre um efeito indesejável.
Chamemos Russell ao quadro: “ A filosofia deve ser estudada, não por virtude de resposta precisa que faculte aos problemas que ela própria evoca – pois que resposta alguma precisa pode, por via de regra, ser conhecida como verdadeira, – mas sim por virtude desses próprios problemas; porque estes ampliam as concepções que temos acerca daquilo que é possível;…”
Muito caminho ainda para andar, porque são a classe (ou espécie) de problemas onde a filosofia se concentra que faz aceitar as afirmações de BR.

Como se elabora uma metafísica? Ela começa por uma intuição racional quase sempre conducente a uma forma de organização sistémica. Intuição de um problema que se coloca num tempo A e que se vai orientar por reflexões sucessivas até um tempo B.
Foi assim com Agostinho, Descartes, Kant,…
Será para continuar?

sábado, 13 de outubro de 2007

Blogue “é”




Podemos definir blogue como publicação pessoal cronológica que possui múltiplas ligações através da Web.

Existem blogues individuais e colectivos, intimistas, profissionais, classistas, corporativos, ventiladores, agitadores, subversivos, conservadores, panfletários e até blogues que são autênticos morcões.
Apesar de todas estas classificações possíveis, o blogue é acima de tudo um desejo de publicar opinião e manifestar alinhamento por ideias a favor ou contra, esperando que apareçam leitores não-neutros a fazer monte e a engordar o espaço da comunicação.

A unidade básica deste modelo de publicação é o «post» que pode ser objecto de taxinomia ou folksonomia ou ontologia. O ‘blogger’ é o autor destes ‘posts’ e é um sujeito (M/F) que adora fazer aquilo que faz.
Sob o ponto de vista técnico, o post – artigo ou mensagem ou imagem – pode ser agrupado/categorizado via tags (etiquetas) o que facilita a outros leitores uma melhor concentração nesta ou naquela espécie de discussão. Mas o blogue apresenta outras facetas que interessa explorar, tais como a estrutura e o(s) propósito(s).

O comentário é também uma característica chave e passível de se tornar peça imperdível. Os leitores são encorajados directa ou indirectamente, via listas de endereços ou solicitados por relacionamentos mais próximos: amigo, amiga, professor/alunos, director/subordinado, chefe político/ seguidores, no sentido de deixar comentários acerca dos artigos. Assim se continua ou alimenta um debate, fazendo crescer a extensão da intervenção pública. Os comentários são uma parte não menos importante do blogue porque revelam a existência de uma comunidade com interesses culturais/sociais latentes e que fazem do blogue um ponto central de encontro tal como ocorre no bar da praia ou no ‘café’ da escola.
O tratamento técnico dos comentários está ainda em atraso face à evolução de toda a parafernália RSS & associados, uma vez que as bases de dados propriedade do dono do website que aloja o blogue conseguem fazer a despistagem do endereço comentador, no entanto, por razões comerciais, essa vantagem não está transparente para que o negócio siga o seu curso.

Jon Garfunkel, aqui há uns anos, chegou a mandar algumas ‘foguetadas’, propondo esboço de arquétipos, que aproveitamos, ou seja, isto serve-nos ou tem-nos servido para discutir mansamente o método de abordagem possível para um estudo que pode (nunca) vir a ser qualquer coisa mais do que uma simples troca de bitaites, obviamente, num blogue perto de si.

1. Aquilo que escreves, geralmente, é de interesse público?
Se não é, então és um «poeta». A maioria dos bloggers são deste tipo, ou seja, cantam as suas histórias. Não sendo assim, se estás a escrever mesmo para interesse público, então continua….

2. A tua personalidade já é bem conhecida fora do «online»?
Se sim, então és um «baladeiro». Vais badalando o sino «online» e isso não nos preocupa a mínima. Isso significa, que podes estar numa transição para empreendedor. E tu, laureado pelo Nobel , também tu Juiz do Supremo?! Portanto, para o resto da maralha, mais respeito, para estes que aqui andam à procura de atenção e de um pouco de colinho...

3. Concentras-te numa estreita faixa de assuntos, ou comentas apenas as novidades do dia a dia ( múltiplas vezes)?
Se estás no primeiro caso, és um «artesão». Gosto de ti. Falas de coisas novas, que te preocupam e trazes-me a mim, também, para o mesmo barco. Se quiseres posso chamar-te Jornalista Solitário. Há jornalistas profissionais a quem não caem os parentes na lama porque escrevem assim, a modos de nos trazerem coisas. Que nos trazes desta vez...

4. O que é mais importante para ti, proporcionar um contexto alargado para uma história, ou defender uma perspectiva política?
Os primeiros são os «Médios» e os últimos são «Médios-ala». Algumas vezes, é difícil notar a diferença. Os jogadores a que chamamos «médios» são mais confiáveis no dia - a - dia, mas às vezes tens que visitar os «alas» para ter ideia sobre os boatos que os adeptos ainda não estão por aí a ventilar…

5. Terá importância aquilo que escreves?
Talvez tenhas criado o teu blog especificamente para um nicho da macacada; os teus leitores vêm até ti à procura de anúncios. Ou talvez tenhas crescido tanto e és tão popular, que as pessoas vêm até ti, apenas porque não querem saber o que os outros escrevem. De qualquer modo, não importa o que escreves… És um «franco-atirador».

Por hoje é isto. São apenas meia dúzia de arquétipos sem importância. Provavelmente não te reconheces em nenhum deles ou serás um mix de tudo isto.
Sim?! Como é que eu me vejo? Então… não se está mesmo a ver?
……………….
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E porque hoje é sábado, porque não
Elkie Brooks?
Façam-me a vontade: no mínimo três rodadas…

sexta-feira, 12 de outubro de 2007

Um dia meio ganho



No meio de tanta lama, safa-se uma folha de árvore e um bocado de gelo e um pingo de chuva.
Declaro publicamente a minha simpatia por Alberto Gore mesmo sabendo que cobra caro por presenças em comícios mas não sei qual é a surpresa oh! Bendizentes do Lailai do Tibete se até o dono da Vodafone e a Jovem esposa do ex CEO-BCP pagaram para sentir no ar as odoríferas essências.
Os Indianos do IPCC também vão receber o cheque, mas ainda mais importante que isso é o número astronómico de sucursais que este tipo de organização vai abrir pelo mundo fora (e dentro).
Gosto de todo este folklore porque em tempos idos olhava para o trabalho do Alberto na equipa do Bill e percebia ao primeiro tempo que o Bill nada tinha para fazer dado que o que havia para levar à prática, já o Alberto tinha tratado disso.

Resta-me ainda uma esperança, a de ir na onda do prémio da dinamite outorgado a esforçados pela causa do ambiente e convencer o totó que pseudo-manda na agricultura e floresta, para que este gentleman de bigode e couve-bruxelas, cortês, polido, que se veste elegantemente e que é, sobretudo, um sedutor das maçarocas, aproveite os milhões que não vai pagar à empresa que andou à caça do nemátodo no distrito de Setúbal para mandar plantar por ali umas árvores. Atenção… se ele não souber dar a ordem que peça à Portucel para o fazer (hihihi…).

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Cadernos de apontamentos?!



Os meus cadernos de apontamentos manuscritos são todos 21x15 cm. A maioria deles quadriculados, mas também lisos, mas também com linhas, escrita a lápis, de um só lado até terminar e volta a capa ao contrário, escritos do outro lado e bota e vira.

As estantes do meu (principal) santuário de trabalho – já que não tenho dinheiro para arquitectos – são todas idealizadas e erguidas por mim: dois tijolos de 18 (30x10) sobrepostos à moda de parede e tábuas de pinho com cerca de 30 cm de largura e 240 cm de comprimento (3 cm de espessura) aquilo aguenta com uma carga por cm2 que não há engenharia civil que lá chegue. Ali se alinham pastas A4 com docs classificados na parte superior e livros responsáveis por leituras mais actuais à altura dos olhos. Nas casotas da estrutura dos tijolos ficam os clips, esferográficas, lápis, rolos estreitos de papel com pequenas anotações e outras preciosidades. Ah! já me esquecia: ao lado esquerdo, na vertical está a minha boneca (a única), de seu nome Tininha, com dois palmos de altura e dois totós louríssimos como qualquer boneca que se preze.

Comecei hoje mais um desses cadernos. Anotei a instalação da versão 4.11.1 COE do CMap Tools Ontology Environment, mais a leitura de uma lista de trabalhos que estão algures no Deep Web Research 2007 (Marcus Zillman) e mais uma coisa que me deu a volta durante o dia de ontem: “Posted on 17-07-2005 ‘Concept Maps and E-Portfolios Filed Under (Research, dotFOLIO) by Nick’ brief search for concept maps and e-portfolios. “; este Nick empurrou-me para uns noruegueses que estão a trabalhar – agora - em coisas onde eu andei até aos artelhos nos longínquos anos 80.

E quando dei conta estava vidrado nos meus cadernos de apontamentos, muito, muito antigos.

E tudo o vento não levou. Canso-me de dizer aos meus alunos que, por exemplo, um bom plano de inovação pode demorar 9 anos a cumprir. Quanto mais longo é o prazo ou a data de entrega, mais exigente é o compromisso. Nós Povo, nós país, nós gente, falhamos metas atrás de metas porque o nosso horizonte é demasiadamente curto. Eu quando digo que é pr’a já, sei que não vou entregar. O tempo curto não dá para pensar sequer naquilo que me estão a pedir. D. João II – O Homem – mandou Afonso Paiva e Pêro da Covilhã à procura das Terras do Preste das Índias e tinha a certeza que a resposta não chegaria no dia seguinte, mesmo assim a resposta chegou às mãos de D.João II. Ele sabia que o pedido não era para pôr um trevo na tromba do elefante.

Sou um visitante assíduo de alguns nichos de Stanford. Não por ser petulante ou pedante ou pateta alegre, embora tenha todos esses direitos garantidos constitucionalmente, mas sim porque sigo invejosamente o que por ali se faz, ano após ano, ciclo após ciclo, moda após moda. Faço isso como um miúdo de sete ou oito anos faz, quando pressente que uma mulher (bonita) se vai despir. Fico ali, boca aberta, a sonhar com o que os homens de Stanford fazem. Digo os homens, porque a minha escrita é masculina e assumo isso, pronto. E porque fazem eles essas coisas tão bonitas e nós não? Porque escreve o Damásio livros que nós gostamos de ler e nós não escrevemos coisas assim, de folêgo?

Hoje até é dia de festa na Serra da Queimada, vai haver espumante da Bairrada a deslizar nos vidros da Marinha Grande e muita música pimba a dar cabo dos ouvidos dos gatos, dos cães, das cabras, dos mochos e das corujas e dos espíritos que vagueiam na serrania, bem podia eu estar mais contemporizador, menos agreste, reticente nas divagações… mas que querem, isto de andar a folhear cadernos antigos não é de borla.

Como diria o VM, hoje é dia de fado alexandrino. Continuamos ou começamos de novo?! É que o blogue é cada vez menos um blogue e passo a passo torna-se numa página muito pessoal.

– um dilema giro – para o qual, intuitivamente arranjo a minha resposta, deixando para mais tarde a fundamentação adequada, provavelmente só a possível.

Partamos para uma boa dose de divagação (alô, alô RS como vai esse azul de mar?!), sentados numa cadeira confortável, virados a sul, horizonte ilimitado e cheiro intenso a Outubro soalheiro.

Hoje, decidi que não publicaria mais nenhum trabalho em formato convencional. Há uma coisa que escrevi com a minha amiga Pilar (modelo de negócio do eHealth) e que vai sair um dia destes num livro sobre informática médica e ponto final. Não quero saber o que pensa a FCT sobre estas coisas, nem o Zé, nem o Quim, nem a Maria, nem o raio que os parta a todos.

Caderno novo, vida nova!

Qualquer um de nós tem um método de trabalho e arranca para a luta de acordo com a sua experiência e a sua prática. Se foi criado pela gente dos computadores tem um determinado modo de organizar o seu plano de trabalho e deixará atrás de si um rasto identificável. Se foi criado pela escola A e o mestre era Umberto Eco, escreve um título, a introdução e o índice final. Se tem uma história de vida, como é o meu caso, está feito ao bife. Quase toda a minha vida foi feita primeiro e explicada depois.

Quando me envolvi no primeiro esboço de trabalho de parto de um doutoramento, tive tanta sorte (no sentido mais convencional do azar) que sem perceber muito bem o que estava acontecer tinha dois orientadores à compita – mal sabia eu que a minha proposta andava aos pulos na mesa do conselho científico – um, porque achava que o «gajo» era inteligente e seria capaz de resolver um problema sobre a teoria do caos que o trazia preocupado (a ele); outro, porque ainda não tinha tido nenhum doutoramento filiado e achava muita graça às coisas que o «gajo» lhe contava e tinha entendido que isso era o tal compromisso de filiação e todas as vezes que me via perguntava-me se já tinha lido o Popper. Juro que não conto mais nada sobre este assunto, muito menos sobre como se resolveu o imbróglio.

Mais tarde, assim a modo de estrangeirado, resolvi frequentar as aulas (sagradamente) de um mestrado de coisas que eu entendia serem giras pr’a gente saber e ainda mais para dizer ao mundo que sabia. Uma das disciplinas chamava-se Metodologia da Investigação. Desabafo aqui, que ninguém nos ouve: tive imensa pena do senhor que assumiu publicamente a propriedade de ensinar um auditório aí de uns 60 ou 70 macacos, sobre uma coisa sobre a qual ele não fazia a mínima. A única coisa (patetice) que retenho do nosso homem é que só deveríamos citar, papers, livros, conferências, até aos últimos 5 anos. Tudo o que estava para trás era para esquecer. Fabuloso este homem! Um dia destes chega a reitor, até porque dono de caminhos e vielas já ele é.

Quereis saber que me apaixonei pelo tópico? E que me mantenho fiel?! Óbvio, com muitas facadas no dito matrimónio.

Confesso que nesse tempo me preocupava pouco com a epistemologia de Lakatos ou com as críticas de Kuhn ou a visão que Piaget tinha sobre estas coisas. O que quero partilhar convosco é este gozo de ser homem de sete partidas o que dá jeito para enunciar um catrapázio de nomes, embora depois apareça aquela dificuldade notória de não ser filho da metodologia da economia (Blaug) nem da sociologia (Durkheim) nem escravo do método científico. Triste sorte esta, dos que olham para o problema e vão ao catálogo dos métodos à procura do que lhe parece ser mais adaptado à circunstância.

Creiam que cheguei a ter a ousadia de discutir isto com gente que sabia destas coisas. Não preciso de muito esforço para me lembrar de Igor Aleksander, que procurei na Universidade de Brunel e com quem mais tarde me encontrei no Imperial College London onde se doutoraram muitos portugueses nestas tretas da Lógica e por aí, e que me dizia: «pode parecer excessivamente pedante questionar o significado de simples palavras, quando está claro que o ‘target’ para discussão é bem específico, mas nunca te esqueças que o nosso envolvimento é sempre em processos multi-disciplinares...» Tive de ir buscar isto aos meus cadernos, porque os bambúrrios da sorte assim o quiseram. Foi ele, Aleksander, autor de um livrinho que perdi – Reinventing Man – que me pôs um dia, em cima da mesa de trabalho, um conjunto de notas manuscritas que tinha uma capa em papel costaneira e que dizia por fora: “LAKATOS PROGRAMME”.

Não sei se vos passa pela cabeça que o meu amigo e mentor só (?!) queria que eu implementasse umas coisas a que chamávamos “Applied Epistemics”. Estamos situados nos anos 80, logo à saída da idade da pedra polida e o termo havia sido adoptado para tornar visível que se tratava de técnicas e métodos ‘for communicating understanding via stored knowledge’ – atenção estamos a falar de texto, não de representação gráfica. Se nos for proporcionada motivação, voltaremos a esta curva do caminho, é que esta história está no lado oposto do sítio onde agora estou. É por isso que a ciência, mesmo aquela ciência de trazer por blogues, é uma coisa muito gira. E isto dos “flashbacks” também é.

Grande volta esta… é que foi o apontador do Nick, ontem, que me remeteu para os noruegueses da Cerpus e para velhos problemas sempre novos.

Voltemos à metodologia. O IEEE define metodologia como “Enunciado detalhado e integrado de uma série de técnicas ou os métodos que criam uma teoria geral (sistémica) de como uma classe do trabalho de pensamento-intensivo deve ser obrigatoriamente executado”. Fui buscar o IEEE porque é o chapéu-de-chuva dos tipos que ganham a vida como eu. A chatice é que o livro à mão direita chama-se Wikinomics (Don Tapscott & A. Williams), trata de histórias que ouvi contar muitas vezes, por aqui, ali e acolá. A maioria das histórias são verdadeiras ou andam muito perto da verdade, da que se passou e da que se gostaria que assim se tivesse passado. São fábulas da Web, mas as fábulas do La Fontaine já vinham das Mil e Uma Noites e nem por isso eram menos verdade.

Wikinomics fala de muitas coisas que são fruto do não-método. Admirem-se então que eu continue a encher cadernos de apontamentos (&balões também…)

segunda-feira, 8 de outubro de 2007

Grupos de expertos evaluarán los méritos de los aspirantes a catedráticos

Los profesores universitarios que aspiren a ocupar una plaza en los cuerpos de funcionarios docentes (titular o catedrático) deberán acreditar previamente sus méritos ante una comisión de expertos designada por el Consejo de Universidades de entre los propuestos por la Agencia Nacional de Evaluación de la Calidad y Acreditación (Aneca).

FUENTE
ABC Periódico Electrónico S.A.


Así lo establece el real decreto aprobado el viernes por el Consejo de Ministros que regula la acreditación nacional como paso previo para optar al funcionariado. La acreditación es, según el Ministerio y los propios rectores, un procedimiento «más ágil y menos costoso» que la habilitación, que incluía pruebas públicas. Una vez acreditados, los profesores podrán presentarse a los concursos que convoquen las universidades para cubrir sus plazas.
También el viernes se aprobó el real decreto que regula el acceso a las plazas de los dos únicos cuerpos de funcionarios que ha establecido la reforma de la Ley Orgánica de Universidades (LOU): catedráticos y profesores titulares.
En cuanto a la acreditación y de acuerdo con lo regulado, habrá dos comisiones -una para quienes pretendan ser titulares y otra para los que aspiren a catedráticos- por cada una de las cinco áreas de conocimiento que se fijan (Artes y Humanidades, Ciencias, Ciencias de la Salud, Ciencias Sociales y Jurídicas e Ingeniería y Arquitectura). Estarán integradas por al menos siete miembros de reconocido prestigio docente o investigador elegidos de una lista elaborada por la Agencia Nacional de Evaluación y Acreditación (Aneca). Esta lista deberá contener un mínimo de tres propuestas por cada titular de la Comisión, en la que el miembro de mayor edad actuará como presidente y el resto como vocales.
El Consejo de Universidades designará igual número de suplentes que de titulares, que procederán de la lista propuesta por la Aneca. Asimismo, antes de su designación, los componentes de las comisiones firmarán un Código Ético que será público y contendrá los compromisos que conlleva el nombramiento. Su incumplimiento podrá llevar a la revocación de su designación.
CÓDIGO ÉTICO
El certificado de acreditación tendrá una validez de seis años desde su emisión y deberá ser renovado si en ese plazo el candidato no ha accedido al funcionariado.
Obtenida la acreditación, los profesores podrán presentarse a los concursos que las universidades convoquen para cubrir sus plazas de profesores titulares y de catedráticos. Los concursos serán resueltos por comisiones nombradas conforme a lo establecido en los Estatutos de cada institución.
Los Estatutos regularán también el procedimiento de acceso que, en todo caso, valorará el historial académico docente e investigador del candidato y contrastará en sesión pública sus capacidades para la exposición y debate ante la Comisión en la correspondiente materia o especialidad en la que pretenda obtener una plaza.

Autor: Milagros Asenjo

Blogs versus Wikis


Não perca este vídeo perto de si!

Enjoy your self.

Inovando em estratégias de inovação



O novo ministro de Ciência & Tecnologia, dono da Agência de Inovação e patrão de um Secretário de Estado que por sua vez é patrão dele noutra instituição do Estado (e não é peta), tem os telejornais à perna. Como conseguirá safar-se e fazer tudo o que disse que havia para fazer? E se aparecem por aí novas ideias?

Aqui há uns dias atrás vi-o por Faro. Inaugurava um dos maiores congressos que se celebram na Europa, INOVECO 2007, a que acudiram mais de 13.000 tecnólogos de todo o mundo (de 86 países, para ser preciso), a maioria dos quais, com a ideia fixa de ir tomar banho ao mar. Nesse acto, ele não era a estrela principal. Repartia o protagonismo com a Presidente da Região AllGarb, Mariana Fria, com o cónego Bento Forte (‘chairman’ local do evento) e com Milado, o afamado cozinheiro de Cascais, Estoril e outras praças e pistas. A seu lado, José Montado, reitor da Universidade Marítima, dava-lhe toques com o cotovelo, chamando-lhe a atenção para celebridades do doce algarvio. Ninguém resiste aos Dom Rodrigo, morgados, morgadinhos, figos cheios, queijos de figo, figos com amêndoa e chocolate, pastéis de batata-doce de Aljezur e tantos outros, O Ministro, «mau político» mas com certeza um bom Ministro, teve de fazer bicha entre tanta personalidade para poder contar algo que tivesse um mínimo de conteúdo.

A verdade é que o «número» não lhe saiu muito bem. Ou ao contrário, depende da cor e lentes dos óculos. Não disse nada de relevante salvo o esperado «obrigado pelo convite, isto [o congresso] é muito importante e gostava que soubessem que no Ministério, não só fazemos coisas como também vamos fazer coisas». Pouco mais ou menos o mesmo que disseram o resto dos convidados. É o mal dos actos protocolares, que só merecem a pena pela foto de família. Raramente se soltam conteúdos.

E o caso é que valia a pena porque, desta vez, o enfoque não se reduziu a novas agências, novos regulamentos ou novos projectos com o MIT. Também se falou, e muito, da envolvente familiar, do social, de como afecta um jovem estudante Erasmus o facto de existiram aulas da parte da manhã e das muitas pessoas que o rodeiam se for assistir a um seminário do senhor Prof. Secretário de Estado. Por sorte, após as apresentações oficiais veio o Moscatel, o Lagoa de Honra, mais o Bacalhoa e assim se foram soltando um pouco mais, os convidados.

Graças a isso soubemos que José Montado havia superado um pedido de demissão e que a Fundação Alice no País das Maravilhas, (a tal de Bento Forte), já leva tempo investindo em fórmulas culinárias especialmente pensadas para estudantes do 3.º ciclo de Bologna, e mais recentemente para detentores de pós-doutoramento sem emprego, e que o Ministro tem intenção, nos poucos telejornais que o nosso Primeiro lhe deixar até às próximas eleições, de executar algo parecido com uma estratégia nacional contra o chumbo. Estamos seguros de que não chegou a detalhar como o faria nem com que instrumentos. Tampouco disse uma só palavra sobre orçamentos.

Visto aquilo que foi visto e como sou espírito positivo, acreditando que tem algo de serventia, ocorre várias coisas que pelo melhor lado poderiam ter interesse. Conste que as ideias não são minhas (isso os meus amigos já sabem), são certamente de pessoas que sabem muito mais. Eu limito-me a recolher as ditas e expô-las dentro de uma certa ordem.

Começo pela iniciativa de Milado. Aqui há uns meses atrás publicou um livro do qual apenas se fez difusão, livro este em que ele, em colaboração com outros cozinheiros, dietistas e nutricionistas, jogava com as texturas dos alimentos para dar forma a receitas de fácil preparação, apetecíveis e adequadas a estudantes sem bolsa e assistentes sem contrato. Ainda que pudesse parecer, não é nenhuma idiotice e muito menos um exercício de oportunismo.

Merece a pena recordar que são muitos os assistentes que recebem auxilio psicológico e apoio moral para suportar os efeitos adversos da política de investigação que lhes faculta mais resignação que recursos. Entre eles estão a perda de apetite, a dificuldade para deglutir e ainda digestões complicadas. As dietas recomendam-se para combater estes e outros efeitos que nem sempre são bem aceites pelos pacientes assistentes. Entre outras razões, porque mais que uma dieta amiúde são uma tortura. Desenhar um prato de conteúdo hiperproteico que não só não seja um castigo mas também que seja convidativo a comer tem o seu mérito.

Que tem isto que ver com uma estratégia? Pois por ter estado a ouvir tudo quanto se disse na INOVECO 2007, muito. No congresso falou-se de stress postraumático em adolescentes cujos pais haviam padecido ou gostavam de ter padecido do mesmo problema. De divórcios quando um dos membros do casal é dependente de uma instituição pública (parece que aumenta o índice de separações) ou da carga emocional que suportam os equiparados a funcionários do Estado, muitos deles acidentais.

Dando uma olhadela aos centros dos serviços de assistência primária ou aos grandes hospitais de referência (os dois extremos do sistema nacional de saúde) veremos que estas questões se resolvem, no melhor dos casos, com boa vontade. Todo o mundo admite que se trata de aspectos a cuidar, porém não há recursos nem meios nem pessoas. O posto de psicólogo-cívico apenas está coberto superficialmente. E cobrir esta falha continua a ser uma novidade daquelas de que se poderia falar, incluso nos jornais e nos blogues dos jornais.

Há mais coisas. Por exemplo: quando se ensaia um novo fármaco (este é um dos efeitos da globalização) formam-se redes e plataformas de colaboração que conectam hospitais (o mais adequado seriam serviços hospitalares) de diversos países. Para assistência à educação superior Portugal continua a ser uma lamentável excepção. Salvo contadas excelências (por sorte de alto nível), a participação das unidades de investigação farmacológicas e médicas com este novo projecto anunciado para o Norte que nos vai inserir mais à Galiza nestas redes internacionais afasta-nos do anedótico estatístico. Bom seria inverter esta situação replicando por todo esse imenso Portugal esta história da marca "Saúde Portugal" com a Bial + IPATIMUP, o IBMC e o INEB + UP + UM + Coimbra + Lisboa + Galiza e coisa e tal.
Ah! Já me esquecia, uma última ideia. A qualidade em investigação básica, por um lado, ajuda nesta composição; por outro, a excepção antes aludida no co-desenvolvimento de fármacos e em ensaios em fases clínicas e pré-clínicas; e também, por que não dizer, as inovações a nível assistencial que se estão a introduzir nalguns centros, como médicos e enfermeiros à comissão e serviços à consignação e coisa e tal.

Nós, postos a supor, imaginemos que se estendia o conceito aos centros de assistência primária e que, ademais do apoio a pacientes, que já existe, ainda que possa ser claramente melhorável, assim houvesse uma envolvente financeira mais calorosa. E que todo o pacote pudesse ser potenciado – talvez não de forma prioritária, porem podia ser com vontade estratégica. Eu sei que o senhor é Ministro da Ciência, mas que diabo também pode dar uma ajuda solidária lá ao colega da pasta. Dado o que há e o que poderia haver com um pouco mais de visão e mais qualquer coisinha de recursos, igual teria uma rede de excelência num sector de enorme transcendência social e igual impacto económico.

Pois de nada, senhor Ministro, não tem que agradecer e até porque já está pago. E se agora há que começar a preparar coisas e questões de orçamentos para as quais necessita de mais ideias, já sabe, estou à sua disposição.
Veja o anúncio na minha página WEB.

domingo, 7 de outubro de 2007

Empregabilidade é um conceito que preocupa quem?




Os vocábulos portugueses beneficiaram de melhorias e incrementaram o seu número desde que passamos a ser um Estado-Membro (U.E.). Esta coisa de ser a 15, depois a 25, agora a 27, enquanto esperamos pela Rússia, tem trazido mudanças notáveis, nomeadamente na fraseologia política. Um dos termos que tem vindo a ser repetidamente utilizado pelos «maus políticos», mas também pelos jotinhas que esperam, irrequietos, pela sua vez, é esta etiqueta da empregabilidade. O camarada Zé Mariano já fez da empregabilidade um dos fulcros para justificar a criação da nossa querida Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior, a tal que nunca sabemos ao certo se está a banhos se em banho-maria está.
Gosto de lhe chamar conceito, desse modo fujo ao enquadramento rígido da moda que vai mais no sentido da Flexigurança, que vultos mais cerebrais como Sanches (S.) ou Silva (V.) esmiúçam e esquadrafapam para que ninguém mais, lá consiga entrar.
Fiquemos com o conceito, até porque recentemente, conseguimos dez minutos do tempo de Felder & Brent para partir uns blocos de cimento à volta disto. Um dos pormenores que me chamou a atenção durante a troca de impressões com F&B foi o facto dos norte-americanos elaborarem programas (cursos/disciplinas) com estrita preocupação de cumprir critérios negociados ou partilhados com grandes organizações profissionais – engenharias, p.ex. –; também a Alemanha, que permite o exercício da engenharia (salvo excepções legisladas) a quem não é diplomado ou graduado, mantém uma actividade assinalável por parte das organizações patronais que se interessam pelos processos de acreditação/certificação (também a França, Irlanda, Lituânia, Finlândia), para além da Grã-Bretanha que, como sempre, gosta de processos mais insulares.

Temos seguido as declarações de gente bem intencionada, em especial jovens que fazem carreira nas equipas juvenis dos partidos que têm governado Portugal; essas palestras, curtas, repetitivas, à moda de «palavras de ordem» confundem claramente a empregabilidade promovida pelas instituições da educação superior com o conhecidíssimo «preciso de um emprego». A conversão deste slogan, na sua apropriação por parte do individuo está sujeito às célebres leis do mercado ou factores exteriores à escola, tais como as práticas das empresas e departamentos de RHs e o nível de optimismo pelo qual passa a economia das nações.
Agora que Universidades e Politécnicos se afadigam num prolongar de prazos para cozinhar os seus Conselhos Gerais e causar o mínimo de danos colaterais às equipas actuais que governam por dentro a educação superior, interessa aos ‘outsiders’ como nós, que nunca governamos coisa nenhuma, olhar com algum distanciamento não neutro, conceitos como este da empregabilidade que não preocupam minimamente, reitores, presidentes, directores e outras nomenklaturas.

Há algumas notas suscitadas pelo senso que interessa trazer para a mesa do debate ausente, entre as quais seleccionamos esta que nos parece crítica: “A empregabilidade evidenciada pela U.A. não deve ser medida ou comparada com indicadores convencionais da economia.”
Existem propostas em análise quer na Alemanha, quer no U.K., para concepção e desenvolvimento de indicadores susceptíveis de traduzir o andamento e melhoria das instituições E.S. no que diz respeito a este conceito, concentrando a atenção em 3 aspectos:
● Desenvolver os atributos da empregabilidade;
● Desenvolver habilidade, técnica, perícia, conhecimento para lidar com a construção da carreira profissional e linhas de auto-promoção;
● Apostar no incremento da voluntariedade face à aprendizagem e num crescendo da reflexão sobre essa mesma aprendizagem.

Empregabilidade tem a ver com a preparação do ‘como’ os indivíduos lidam com as oportunidades, reflectindo e articulando as respectivas habilidades, aptidões, conhecimentos, práticas e experiências.

Já disse por aqui que de quando em quando me divirto a ajudar a Magui numas cenas de RHs. Há coisas que se reconhecem à vista desarmada e que não são transparentes nem para os jovens graduados nem para os betinhos que os pseudo-preparam. Os graduados mais grisalhos estão em desvantagem na porta de entrada para arranjar emprego face aos mais novos e todo o substrato socioeconómico, educacional, fatos do Armani ou fragrâncias Gianni Versace contam como o diabo e parecem influenciar as decisões sobre recrutamento.
Outros trabalhos que por aí circulam em papel, sugerem que o nível do salário pode ser afectado pelo status a que cheira o candidato e «de facto» não é a mesma coisa dizer que se é engenheiro de telecomunicações feito pelo IST ou pela UTAD. Que me perdoem os colegas da UTAD mas sempre imaginei que aquilo seria a contrapartida académica do Vinho do Porto.
O odor transpirado pelo ‘background’ sub-repticiamente deixado pelo candidato ao cirandar pelas instalações do Depart.º RH ou da multinacional que vai proceder à selecção também conta e não é pouco.
Há mesmo, muito trabalho (e pouco emprego) para levar a cabo esta coisa de pôr juntos, professores e empregadores no concertar do desenho da empregabilidade que se quer no território nacional.
Pela aragem, nem Zé Mariano, nem Vieira da Silva nem Francisco Van-Zeller parecem preocupados.
Como diz o português de «baixa» classe: Que se lixe! É a vida.

sábado, 6 de outubro de 2007

OJO! Uma perspectiva da filosofia, vista por um amador



LN esteve por cá, com xanatinhas muito suaves, muito piano piano: « Da filosofia - e do conhecimento do Ser - às ontologias web, aos agrupamentos thesaurus :) Assim, distante da disciplina filosófica, estudar ontologias torna-se no definir categorias para as coisas, de um mesmo domínio. Em computação e inteligência artificial é mais ôntico do que ontológico... todavia, estou se calhar a recusar a apropriação da mesma palavra para um sentido tão diverso...»

Óbvio, LN irá ajudar-nos no resto do percurso, até porque mais volta menos volta andaremos sempre no caminho das pedras. Entendo eu, que o apressado cheirinho a excesso que possa estar no «tão», exactamente na última afirmação de LN, não sei se acabará por se consolidar. Até porque lidamos com metodologias diversas: a metodologia das ciências da computação e a(s) metodologia(s) da Filosofia.

Enunciemos então, algumas dificuldades à partida para o road map, que poderá muito bem ser: [Racionalismo, C. Wolf] » [Kant] » Heidegger » Quine. Deixarei de fora, todas as ontologias que tenham a ver com a existência de Deus + Hegel + Marcuse + …

(1) Ôntico não tem correspondência directa em inglês (referring to the living being). Isso retira espaço de pesquisa porque o termo não aparece referenciado na maioria dos livros que nos servem de apoio, uma vez que nós, só por nós, nada sabemos.
Recorrendo às fontes e explicitando – no meu entendimento – o que nos traz LN, assim teremos:
Ôntico: relativo ao ser; em Heidegger, que se refere ao existente, isto é, à ordem do dado concreto da experiência, e não ao ser em si mesmo. Ontológico « Ontologia: parte da metafísica que estuda o ser em si, as suas propriedades e os modos porque se manifesta;
Wolf separou a «sua ontologia» dos outros ramos da metafísica e tentou construir um sistema dedutivo coerente capaz de explicar existência e não existência.
Está fora de causa vir aqui com pretensiosismo de ciência da última hora, o que me interessa para já, é ir buscar fulcros para alavancar a evidência de n ontologias, citadas por quem sabe.
Kant quebrou as ligações com a metafísica de Leibniz, com a metodologia de modelação da filosofia apenas com base no método dedutivo. Também há uma «ontologia de Kant». A própria epistemologia de Kant está na ontologia de Kant. Mas para Kant não é o mundo de coisas-em-si-mesmas que determina a sua ontologia mas sim o sistema categorizacional espaço-temporal das relações dos fenómenos. É importante anotar aqui, que a ontologia pode claramente ser separado da epistemologia. A epistemologia de Kant é uma metateoria das pressuposições e dos métodos cognitivos da física clássica. A ontologia categorizacional de Kant é derivada das leis naturais que são suportadas e confirmadas pela evidência empírica das estruturas gerais do mundo físico clássico. Com isto, a ontologia transformou-se numa interdisciplina, pela primeira vez dentro da história da filosofia e da ciência e os resultados científicos foram completa e filosoficamente generalizados. Este é também um ponto importante no desenvolvimento da ontologia das ciências.
A solução de Kant (na sua polémica filosófica com Empiristas e Racionalistas), em essência, foi a de que a experiência nos dá o conteúdo (elemento sintético) e a mente proporciona-nos a estrutura (elemento a priori) que determina o modo como o conteúdo será organizado e compreendido. [nota: já disse por aqui que esta estrutura a priori me preocupa… em termos de ciências da computação]

Kant chama à contribuição da mente uma “categoria”. Distingue quatro grupos de categorias pelo quais os conteúdos das experiências são distribuídos: quantidade, qualidade, relação, e modalidade. Os exemplos de categorias específicas dentro destes grupos são espaço, tempo, causalidade e substância (comparação). Estas categorias são apenas a prescrição da estrutura para objectos de possível experiência.

Chegados aqui, claramente (?!) se vê a falta de uma anotação importante para todo este esboço de discussão crítica:

Na perspectiva de Kant, a mente não é «desenhada» pelo domínio da experiência; em vez disso, o domínio da experiência é configurado pelos padrões propostos pela mente.

Ah!Ah! aqui as ciências da computação não alinham na perspectiva Kantiana.

A máquina aprenderá os contornos do domínio da experiência, reconhecerá os padrões característicos ou seja poderá traçar o carácter do domínio e será capaz de propor as categorias.

Óbvio, ainda não estamos lá, andamos perto, no mínimo sabemos o que queremos da máquina.

O que há de bom na filosofia de Kant é a enorme influência exercida, sobretudo sobre aqueles que se opuseram às suas propostas.

Pensar Kant, a sua ontologia, as questões filosóficas que Kant ‘plantou’ são exercícios de vida activa que ajudam a ultrapassar a nebulosidade para onde a nossa vida profissional nos empurra. Cada vez mais.



Continuaremos...


O laboratório caseiro tem estado de olho atento na “ontologia dos blogues da Educação Superior”
O laboratório caseiro também está de olho atento na “ontologia do De Rerum Natura”.
Sou leitor «quase assíduo» do espaço que Desidério Murcho reserva para si no colectivo diversificado e saudável que dá pelo nome “De Rerum Natura”.
Para a nossa conversa de hoje, trarei três textos do DM e aconselho quem não viu que são coisas giras e mais simpáticas do que estas que ando por aqui a perorar: Russell e o éter e Filosofia não gera dinheiro? E ainda Para que serve a Filosofia?
Russell teve direito a 10 comentários e o dinheiro da filosofia teve (só) 60 comentários, honrosamente, para que serve a filosofia gerou 28 comentários; aqui se reforça a já bem conhecida asserção: «Como! Logo Penso»
O resultado da contenda ou da aritmética parece tal qual um jogo de Rugby.

Do post sobre Russell (por quem tenho incomensurável respeito intelectual) interessa-me extrair a frase: “Além de exibir o seu saudável humor, esta carta mostra a importância que Russell dava à sua actualização científica, pois não concebia a filosofia como uma actividade independente das outras actividades cognitivas humanas, nomeadamente a ciência, nem superior a elas.”

Da «filosofia não gera dinheiro» ficaríamos só com “ O que precisamos no nosso país é de abandonar a mentalidade aristocrática e ensimesmada que faz da filosofia (e de outras actividades potencialmente geradoras de riqueza) uma actividade economicamente inviável.”


Para que serve a Filosofia, ajudou-me ou serviu-me o seguinte naco de prosa: “…algumas pessoas têm a sensação que a filosofia nada tem a ver com coisas práticas do mundo. Isto é falso. Nem todas as disciplinas da filosofia são tão teóricas como a teoria do conhecimento ou a metafísica ou a filosofia da linguagem. As áreas mais aplicadas da filosofia, como a ética, a filosofia da arte ou a filosofia política, têm relações óbvias e importantes com o mundo social, político e artístico.»
……………………… …………………………………………….
Nota técnica:
Como já é tradição, fica aqui expresso que nada do que por aqui foi escrito é originalidade da minha lavra. Leio muito, sou daqueles totós que vão às Finanças e levam um livro para ler, no balcão, nesses instantes o «homem do Fisco» imita o gesto de Goebbels: vai ao bolso e… tira a esferográfica; faço o mesmo no Pendolino e ando a magicar como vou fazer isso ao longo dos meus 60 mil quilómetros anuais de 4 rodas. Mas, tenho de ser minimamente digno e soletrar alguns dos textos que me deram justificação para o que aqui escrevi, ontem, hoje e amanhã:
● Não tenho nenhum prurido em dizer ao mundo que os livros mais consultados por mim são os dicionários (11), o que me faz recordar da infância conversas da barbearia Sobral (minha primeira universidade) em que aprendi a chamar ao dicionário: “Pai dos burros”, assim seja, já que o mundo dá muita volta. Tanto é assim, que sou obrigado por força da distribuição a triplicar alguns destes recursos face à ubiquidade do meu invólucro físico.
O QUE TENHO ANDADO A LER:
● Kant’s Theory of Mind, (Oxford Press, 2000), livro de Karl Ameriks
● Mind: Introduction to Cognitive Science (MIT Press, 2005), livro de Paul Thagard.
● Philosophical foundations of neuroscience; (Blackwell, 2003), livro de Bennett & Peter Hacker
● Language and Ontology. (1982); Proceedings of the Sixth International Wittgenstein Symposium. Editores: Werner Leinfellner, Eric Kraemer, Jeffrey Schank
e também o Damásio... e também o Russell... e também o «arco-da-velha».