terça-feira, 31 de julho de 2007

Empregabilidade, educação & etc.

A notícia provem do Diário Económico mas não fica nada mal aqui, para memória futura, quiçá algum pensamento maldoso ou até pruridos estivais.

Aí vai disto:

«Curso e 5 mil euros valem lugar no Estado

Jovens procuram a segurança do emprego público através da escola do Estado.
“Autora: Denise Fernandes – Diário Económico, 31.07.07”

Cinco mil euros e uma licenciatura. São estes os dois únicos requisitos para o Curso de Estudos Avançados em Gestão Pública (CEAGP), do Instituto Nacional de Administração (INA), que garante um “emprego para a vida” na função pública. No entanto, não é assim tão fácil entrar, já que todos os anos há mais de mil candidatos para apenas 52 vagas.

O curso existe desde 2001, estando agora a ser preparada a edição de 2007/2008, que está atrasada devido às alterações que o CEAGP irá sofrer, em resultado da reforma da função pública, nomeadamente, o sistema de vínculos, carreiras e remunerações.

A verdade é que, apesar da reforma do Estado, que irá alterar a partir de 2008 o modelo de emprego no Estado, tornando o sistema de progressão na carreira mais difícil, a função pública parece continuar a ser mais atractiva para os jovens licenciados do que o sector privado, principalmente pela garantia de estabilidade no emprego.

Prova disso é o sucesso do CEAGP. O curso funciona tendo em conta as necessidades em termos de recursos humanos dos serviços do Estado. O primeiro passo é dado pelo dirigente máximo do serviço público, que remete ao INA a lista do número de postos de trabalho a ocupar bem como a sua caracterização.

Assim que são abertas as inscrições, cerca de 1.100 licenciados de várias áreas de formação tentam a sua sorte, mas a selecção é exigente: depois de uma prova escrita, só os 52 melhores ficam.

Estes 52 pagam uma propina de 5 mil euros, mas há possibilidade de empréstimo bancário através de protocolos entre o INA e a algumas instituições bancárias.

A maior parte dos candidatos são recém-licenciados e não têm qualquer vínculo ao Estado. Aliás, o grande objectivo do curso do INA é precisamente “fazer rejuvenescer o quadro de técnicos superiores” da função pública, explica ao Diário Económico a coordenadora do CEAGP, Lúcia Esaguy Simões.

A licenciatura é obrigatória, “mas há sempre mais vagas para áreas de Economia, Direito, Gestão e algumas engenharias”, adianta a responsável.

Os diplomados do CEAGP são todos integrados nos serviços que os solicitaram e ficam na carreira geral de técnico superior, cujo salário é de 1.350 euros.


Perfil dos candidatos e o que vai mudar com a reforma do Estado a partir de 2008

1 - Maioria são mulheres sem vínculo ao Estado

A grande maioria (97%) dos mais de mil candidatos ao Curso de Gestão de Estudos Avançados em Administração Pública (CEAGP), do INA, não tem vínculo ao Estado e mais de metade (65%) são mulheres, revela um inquérito realizado aos candidatos ao curso do INA, a que o Diário Económico teve acesso. Segundo o mesmo documento, quase 50% dos candidatos têm entre 25 e 30 anos e 28% entre os 31 e os 35 anos. O grau de interesse no trabalho actual é considerado “alto” para 57% dos diplomados, “médio” para 39% e “baixo” para apenas 4% dos diplomados. Quanto aos empregadores, 24% avaliam de forma “excelente” o desempenho dos diplomados pelo CEAGP, 51% “Muito Bom”, 23% “Bom” e apenas 2% “Suficiente”.

2 - Reforma da função pública altera vínculos

A edição do curso do INA deste ano está atrasada devido à reforma da função pública, que altera as regras de vinculação, carreiras e remunerações dos funcionários públicos. É que, a partir de 2008, só haverá dois tipos de vínculos no Estado: nomeação (definitivo) e o contrato de trabalho para funções públicas (idêntico ao praticado no privado). Apenas os trabalhadores com funções de soberania (defesa, administração directa da justiça, inspecção e investigação) ficam com o vínculo de nomeação. Todos os outros – a grande maioria – mudam para contrato de trabalho, mas quase todos os direitos, nomeadamente quanto a despedimentos e protecção social, se mantêm. O sistema de avaliação também muda – só progridem os 5% melhores.

3 - Um mês para integração nas novas carreiras
Outra das alterações que o curso do INA irá sofrer em resultado da reforma do Estado, em 2008, tem a ver com as mudanças no sistema de carreiras do Estado. Actualmente existem quase 1.500 carreiras e a reforma irá reduzi-las a apenas três: técnico superior, assistente técnico e assistente operacional. O Ministério das Finanças deu um mês (até 24 de Agosto) para os vários ministérios decidirem como será feita a integração dos funcionários no novo sistema de carreiras. O funcionário será integrado na categoria a que corresponda o seu actual salário. Nos casos em que não haja correspondência, pode ser colocado na posição imediatamente inferior, mas o Governo garante que ninguém perderá remuneração.

O curso do INA
Qualquer pessoa pode concorrer ao Curso de Estudos Avançados em Gestão Pública (CEAGP) do INA, desde que tenha uma licenciatura.

São os dirigentes máximos dos serviços públicos que remetem ao INA a lista de postos de trabalho a ocupar.

O INA abre as inscrições nos primeiros meses do ano e concorrem mais de mil licenciados de várias áreas de formação, mas só entram 52. Estes têm emprego garantido no Estado.

O curso dura um ano e custa cinco mil euros mas pode ser pago a prestações.»

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Plano Tecnológico do Ministério da Educação Inferior

Clicar na imagem para ampliar as ideias, os métodos e as técnicas!

Geração prateada pode ser uma saída para a(s) crise(s)


Aparentemente, quem nos governa e quem pseudo-traça as estratégias colectivas de vida, anda distraído a lançar panfletos nos All Garb ou na Ilha da Madeira e rara ou nunca tem tempo para dedicar umas míseras 48 horas a olhar para estas propensões.

A Europa é cada vez mais propensa a gerar mais gente que pertence à geração prateada. São pessoas que pretensamente possuem uma coisa que se mede com um dispositivo esquisitíssimo, chamado experiensómetro, mas que também tem desinquietações e bichos de carpinteiro no rabo. São pessoas muito vistas nas excursões a Fátima, nos festejos do St.º António de Basto, mas também no Clube de Apolo, e nas esplanadas da linha Cais do Sodré-Estoril-Cascais.

A idade dos utilizadores de banda larga está a alterar-se com o crescimento da taxa de adesão dos internautas seniores, com idade acima de 55 anos. Um estudo da European Interactive Advertising Association (EIAA) mostra que 68 por cento dos idosos europeus que acedem à Internet têm ligações de banda larga e que a taxa de adesão é mais rápida do que a média dos utilizadores de Internet.

Os "surfistas prateados" como são classificados pelo estudo, registaram uma taxa de crescimento na adesão à banda larga de 26 por cento, enquanto a média europeia não ultrapassa os 14 por cento. O relatório indica ainda que estes internautas passam uma média de 8,8 horas online por semana e que 78 por cento do tempo é dedicado a assuntos pessoais e não ao trabalho.

As conclusões deste estudo podem ter implicações na forma como os internautas seniores estão a comunicar e a ocupar o seu tempo livre. Pelo menos 17 por cento dos "surfistas prateados" usam foruns online e um em cada cinco frequenta o MySpace e o Bebo pelo menos uma vez por mês, uma área onde ainda estão muito longe da geração mais nova (entre 16 e 34 anos de idade) onde 28 por cento visita regulamente estes sítios.

O uso de VoIP está também cada vez mais integrado nos hábitos destes utilizadores, com 14 por cento a afirmarem fazer chamadas regulares pela Internet. O email e as pesquisas na Internet fazem parte dos hábitos de 83 por cento dos internautas com mais de 55 anos e dos dados apurados conclui-se também que 21 por cento destes internautas ouve rádio online, 7 por cento faz download de programas de TV e filmes e outros 7 por cento joga na Internet.

Entre os conteúdos mais procurados constam os sites de viagens e férias, visitados por 60 e 55 por cento dos inquiridos, respectivamente, enquanto as compras de bilhetes foram experimentadas por 47 por cento dos "surfistas prateados". Quanto à aquisição de outros produtos está também bastante acima da média: 74 por cento já fez compras online e gasta uma média de 830 euros em seis meses.

quinta-feira, 26 de julho de 2007

Produção? - Diplomas, claro!



Apesar das juras de amor eterno, do choro que traduz fidelidade às molhadas, não será que andamos (quase) todos a trabalhar em FÁBRICAS de DIPLOMAS... CONCESSÃO de GRADUAÇÕES???


Para os Alunos de EGI que no próximo ano lectivo estarão inscritos no 5º ano

Caríssimos Alunos,

Na passada segunda-feira recebi um e-mail do Instituto de Formação Inicial da Universidade que vem alterar o processo de transição curricular para Bolonha dos alunos de EGI que no próximo ano lectivo frequentariam o 5º ano da actual licenciatura.

Basicamente as regras de transição foram alteradas (conforme documento em anexo), sendo agora possível aos alunos transitarem para a nova estrutura de cursos de Bolonha, podendo por isso inscrever-se no próximo ano lectivo nas disciplinas do 2º ano do mestrado (2º ciclo de EGI).

Isto não altera a realização do estágio profissional, que muitos de vós têm já acordado. No início de Setembro marcarei uma reunião para esclarecimento de dúvidas relativas a esta situação. Entretanto, podem ficar sossegados porque esta nova situação não vem alterar significativamente os vossos planos de estudo.

Boas Férias para todos!

Cumprimentos,

XPTO
Directora da Licenciatura em EGI

«E QUEM NÃO SALTA, NÃO É BOM ACADÉMICO...»

quarta-feira, 25 de julho de 2007

INTERACTIVE BOARD



searchCrystal lets you search and compare multiple engines in one place.It is a search visualization tool that enables you to compare, remix and share results from the best web, image, video, blog, tagging, news engines, Flickr images or RSS feeds.
You can embed searchCrystal as a Widget on your site or blog to share personalized crystals, or use it to find out what is popular on Wikipedia or use the Search Analytics Toolbox in your browser as a powerful competitive intelligence tool.A searchCrystal application is also available in Facebook.
searchCrystal is in beta and your feedback is essential to help us to improve it.
searchCrystal Widget - searching for "interactive board" images on Google, Yahoo, MSN, Ask and Flickr - visualizing the overlap between the results - enter your search in this widget.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Another Brick in the Wall




Esta é uma canção que tem servido de símbolo a perigosos radicais europeus, também africanos, desde o último terço do século XX, mas que à falta de melhor, continua a dar cor e vida ao caminho do maquis.
Fui buscar a música e estou em cima dela desde que me chegou a última mensagem do grupo Lurdes, Walter & Associados. Simpáticos e urbanos, como sempre, nada a assinalar por esse lado do Reino da Dinamarca.
Como em qualquer sociedade desenvolvida e esclarecida, pudemos todos assistir, via SIC ou RTP1, à apresentação do filme «tenho-um-quadro-interactivo-na-sala-de-aula», na senda dos melhores filmes publicitários que nos vêm chegando desde a cidade grande , cumprindo escrupulosamente o bem gizado Project Management do Governo Definitivo.

Humildemente, tive a desfaçatez de infiltrar uma pergunta subversiva (é claro) no meio do bloco em branco de um dos jovens (mas promissores) jornalistas que assistiam embevecidos ao espetaculo (nova ortografia, já em vigor). E a pergunta era:
- Senhora jovem Ministra, tenho um quadro interactivo na sala de aula & depois?
A jovem Ministra da Educação Inferior recebeu via auricular, uma abébia rápida proveniente do betinho que, na sala, dirigia o instrumental semeado pelo departamento de marketing da empresa ganhadora e disse, triunfalmente:
- Como o senhor jornalista sabe muito bem, vai estar disponível em cada escola, um dossier contendo todos os catálogos da empresa fabricante dos quadros interactivos. Qualquer professor pode, preenchendo a ficha respectiva, levar o dossier para copiar num centro de cópias à sua escolha, repondo em seguida a documentação, no sítio de onde a subtraiu. Senão, lá temos os estafados processos e coisa e tal.

Saímos da conferência de lágrima no canto do olho.
Isto sim… isto é visão de futuro. E andam por aí à solta, alguns palermas, a bramir que é necessário ter uma máquina de pensar e produzir conteúdos, que é preciso preparar e actualizar as cabeças dos nossos professores da educação inferior, que precisamos disseminar centros de apoio a estas coisas dos quadros interactivos por Chaves, Arronches, Castro Marim, Piornos eu sei lá que mais há na geografia de Portugal.
Claro, intelectualoides de plástico como Diane Oblinger ou a Gilly Salmon, para só referir mulheres que se sentem ensombradas com a clarividência da Professora Lurdes e do Especialista Walter, vão zurrar que este Plano Tecnológico é um tigre de papel (em especial papel de factura e recibo), mas digam-me lá, digam-me lá, para que precisamos nós de coisas trágico-cómicas como propõem algumas vozes de burro:

Organizar isto por camadas
1.ª camada - a da observação, em que os miúdos exploram exaustivamente os módulos de aprendizagem que estão disponíveis (imagino, que aos milhares…);
2.ª camada - a da participação, através da qual a miudagem se envolve em simulações e cenários ‘online’ plenos de interactividade, praticando o célebre «aprender fazendo»;
3.ª camada - a da colaboração, promovendo interacções entre uns e outros, e (estava a esquecer-me) com muitos, mesmo muitos professores.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

Há qualquer coisa surrealista no amanhecer das praias Cais-de-Sodré/Cascais



Passado que foi o meu primeiro período de trabalho, bebido que está o primeiro meio litro de café, das 06:50 às 11:45 (perdoar-me-ão os surfistas da Web, mas isto tb faz parte do meu diário), fui dar uma volta pelos jornais do imenso Portugal.
Mal abro o Público, dou de caras com um anuncio de primeira página – que devia ser bem pago – glorificando planos e intenções da jovem Ministra da Educação Inferior.
Vou repetir aqui, não porque seja pago à linha, mas para memória futura.
«Ministra apresenta hoje o Plano Tecnológico da Educação
23.07.2007 - 09h31 .........
Dotar cada sala de aula com um computador, uma impressora e um projector é um dos objectivos do Plano Tecnológico da Educação, um investimento que ultrapassa os 400 milhões de euros e que é hoje apresentado pelo Governo.
"A concretização deste plano tecnológico vai fazer-se sentir da portaria à sala de aula, envolvendo toda a escola", afirmou à Lusa fonte oficial do Ministério da Educação (ME). De acordo com a mesma fonte, a partir do próximo ano lectivo começará ainda a ser instalado um quadro interactivo por cada três salas de aula e generalizados o cartão electrónico do aluno e os sistemas de alarme e videovigilância.
"A escola como plataforma de acesso às tecnologias de informação", resumiu fonte do ME. De acordo com a tutela, o Plano Tecnológico da Educação representa um investimento superior a 400 milhões de euros, com fundos comunitários e públicos.»

E eu, burro velho, pasmo das unhas dos pés até às meninges:
Oh! jovem ministra, a senhora discutiu isto com que especialistas?
Oh! jovem ministra, a senhora vai fazer o quê, com as máquinas, a banda larga, os rácios & etc?
Oh! jovem ministra, então e os milhares de professores a quem a senhora dá este presente envenenado, ficam a navegar em que contexto? Quem os orienta? Quem os ajuda? Que objectivos? Que controlo?

Meu Deus, tu que gostas tanto dos Portugueses que lhes dás Governantes assim, por favor, arranja-lhes uns livros para ler, faz com que os miúdos saibam contar, ler, escrever, desenhar, dançar, cantar e já agora...
......................................................................................................................
Não te esqueças de fiscalizar os fluxos financeiros destas contas todas. Olha que isto é muito dinheiro à vela!!!

domingo, 22 de julho de 2007

Não há nada de novo debaixo do Sol



Para aqueles que se admiram das idas e vindas, das voltas do vira do sistema educativo, científico e tecnológico deste imenso Portugal, do quero e não sei, do sei e não posso praticado pelos nossos governantes, que falam todos muito bem, mostram gravatas lindíssimas e fazem trejeitos com a poupa do cabelo, eu aconselho com muita força a ler a profusa literatura mais ou menos jornalística que retracta todo o século XX deste país da Ibéria. Nós nunca fomos outra coisa senão isso. Nós não queremos outra coisa senão continuar a ser assim. Nós somos o único país dos 27 em que a mais curta distância entre dois pontos é sempre uma curva; e aqueles que, bravamente, apontam algumas rectas, não deixam de acrescentar: - Recta é uma curva cujo raio de curvatura é nulo.

Ah! já agora, não se esqueçam da culinária. A cabeça de porco com feijão, por exemplo. Os estrangeiros gostam muito, mesmo muito.

sexta-feira, 20 de julho de 2007

Falta meio milhão de investigadores na Europa


Disse Mariano Gago, hoje 20 de Julho de 2007.

"Enorme oportunidade para a criação de emprego qualificado"

Para o ministro, a situação actual, contudo, tem aspectos positivos:
"É uma enorme oportunidade para a criação de emprego qualificado e para a atracção de jovens para as profissões científicas na Europa e para a captação de jovens com talento de todo o mundo para virem trabalhar para a Europa".

Bolseiros de Investigação Científica concentraram-se hoje (20.Julho.2007), às 17.30h, junto ao Ministério da Ciência para entregarem uma proposta de alteração do estatuto dos bolseiros de investigação (PAEBI) e um abaixo-assinado com milhares de assinaturas de apoio à proposta.
Os bolseiros lutam contra a situação de precariedade que os atinge: desempenham funções permanentes, mas dependem de bolsas que lhe são atribuídas sucessivamente e não têm qualquer vínculo laboral permanente. Assim, não têm acesso a direitos fundamentais como subsídios de doença, maternidade e paternidade ou de desemprego.

O presidente da Associação dos Bolseiros de Investigação Científica (ABIC), André Levy, declarou à agência Lusa: "A concentração é sobretudo para que se recupere um diálogo que já existiu, mas que foi quebrado, e também para sublinhar a importância que os bolseiros têm na produção científica e tecnológica no Sistema de Ciência e Tecnologia Nacional [SCTN]".

André Levy salientou que a situação de precariedade "não só faz com que os bolseiros fiquem desanimados ou que os investigadores que vão para o estrangeiro pensem duas vezes antes de voltar para Portugal, como também desmotiva os jovens em seguir uma carreira com estas perspectivas" e defendeu que os bolseiros sejam considerados "trabalhadores científicos", justificando: "muitos deles já efectuam tarefas que normalmente só são atribuídas a técnicos dentro dos quadros das instituições e porque existem situações onde bolseiros trabalham anos a fio no mesmo local e nem sequer têm direito a subsídio de desemprego".


Grande país, este imenso Portugal; o MCTES fala para todo o mundo de manhã e à tarde, Portugal responde em massa, peso e volume!

À procura da Ibéria profunda


O programa de Cooperación Transfronteriza España-Portugal 2007-2013, possui um conjunto de prioridades específicas identificadas para cada um destes espaços para o desenvolvimento da cooperação entre as regiões Ibéricas fronteiriças.

Espanta-me, que tendo apenas ficado de fora a região LVT, com todo o seu potencial maioritário de educação superior, os centros de inteligência do nosso país apenas consideraram como prioritário, o aprofundamento (ou o que isso queira significar) da cooperação das instituições dos Sistemas Científicos e Tecnológico de ambas as regiões, no caso da área de cooperação ALENTEJO- ALGARVE -ANDALUCÍA- precisamente a que corresponde ao menor potencial regional de I&D, em Portugal.
Isto quererá dizer alguma coisa? Ou são apenas os artistas portugueses, mais uma vez em acção?

quinta-feira, 19 de julho de 2007

Que farias tu, Zé Povo?



Estava eu, mafiosamente a comer una paella com a minha amiga Luz, entremeando o repasto com a estória da estratégia do Ministério da Educação Superior e o rotundo estampanço que o Mariano levou, dos rapazes e raparigas daquelas jotas todas que por lá moram desde 1975.
Quase mais nada havia para contar. E digo eu de rompante:
- Que farias tu, Luz, se os teus amigos do PSOE te fizessem esta cagada?
Luz, reteve ainda por alguns momentos a cabeça do camarão que ficara presa entre os dentes e disse com aquele ar feroz da República Española:
- ¡Joder, tío! ¡Qué putada! Obviamente, sólo hay un camino...
Em seguida, cuspiu ruidosamente o que restava do crustáceo, na beira do prato.

1.ª tentativa de explicação

(via expresso, porque estou de quarentena em Badajoz)



Estratégia do MCTES expressa através do documento RJIES, aprovado na A.R.

Assinado

(Estratega Pimba)

Expliquem-me… como se eu fosse muito burro



MCTES, diz-me, faz com que desapareça esta minha ignorância assaz estúpida.
Que ficou da tua célebre estratégia?

Afinal, oh! Governo Reformador, o que é que foram as tuas reformas no mundo da Educação Superior?

Os que têm idade igual ou superior a 65 anos? Ah! Sim, compreendi perfeitamente.

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Deixem ir os rapazes para férias!




O RJIES e os seus sapos mais ou menos engolidos, mais ou menos digeridos, está a chegar ao fim. Por isso, teve vida tão curta, por isso, cheirou àqueles programas que são feitos numa noitada de sexta-feira, entre uns copos de JB e umas rodelas de chouriço.
Todas as coisas que começam mal, tarde ou nunca se endireitam, dizem os académicos com óculos à rica.

Tanta profundidade e o sumário mostra-nos que o nadador só tinha os pés metidos na água.
Estavam todos cansados de tanto passar as páginas do RJIES de trás para a frente e da frente para trás. Afinal, duas ou três patetices eram ultrapassáveis e a honra de várias famílias ficariam mais ou menos alvas e farinhentas com um simples mexer na poupa ou apenas sacudir a caspa da gola do casaco. Estes duelos à portuguesa comovem-me.
Esperem...o companheiro retractado lá em cima parece que quer dizer qualquer coisa. Como diz?
- Oh! malta, é preciso mais palha? Se sim, é só abrir a boca.

Felizmente, estão aí as férias. Estava a ver que estas cartas de Soror Mariana nunca mais acabavam. Não há nada como planear bem os prazos do período da discussão, ou não tenhamos já 30 anos de experiência destas coisas. Bom é acabar!

segunda-feira, 16 de julho de 2007

St.º António de Basto




Comemora-se em Lisboa, se possível ao final do dia e a meio de Julho.
Também pode ser no fecho de uma viagem a Fátima, dado que a estrada mais curta de regresso a Teixoso, passa pela cidade grande.

Falar com Joaquim Barreto, dono das Terras de Basto e Caminhos de Braga.

NBIUA promove Mural da Produção Científica



NBIUA – Núcleo de Bolseiros de Investigação Científica da Universidade de Aveiro, em conjunto com a ABIC - Associação de Bolseiros de Investigação Científica vai promover, esta Segunda-feira, 16 de Julho, a partir das 14h30, junto à Cantina de Santiago o Mural da Produção Científica. Um meio de realçar a importância dos bolseiros de investigação na produção científica Aveirense e Nacional, no seguimento da Proposta de Alteração do Estatuto do Bolseiro de Investigação Científica. Convidam-se, por isso, todos os bolseiros e restantes membros desta Universidade, que tenham produzido trabalho científico enquanto bolseiros, a comparecer no local, com as primeiras páginas dos seus artigos, para deste modo dar o seu contributo para o Mural.




Deixem-me pôr aqui uma lembrança a propósito da situação destes bolseiro(a)s , recordando a minha jovem colega Isabel Huet, bolseira disto e daquilo, nas malhas da U.A.
Isabel, senhora de grande voluntariedade, também tentou dar pequenos passos no CO-LABOR. De repente passou um vento por cima da chávena do café e alguém, bondosamente, murmurou: - Cuidado Isabel, cuidado Isabel, cuidado com as nomeações.
Há quem diga, vozes maldosas, que isto de andar a fazer murais e logo numa cantina que ninguém frequenta, situada em cima do lodo das antigas salinas, não será propriamente um lugar muito atraente. Mas também, para bolseiros, que apenas querem dar um sinal, ténue, muito ténue, de que existem – pensam, logo existem! – onde queriam que eles construíssem o mural? Nas brancas & alvas paredes da Reitoria? Querias Zé Povo? Querias?

Um dia destes, começaremos a mexer nesta saga e à guisa de introdução, não resistimos à tentação de dar o mote:
«investigação, investigação, investigação….» foi uma palavra de ordem que me recorda ter ouvido à actual reitora da UA, numa determinada fase da sua tentativa de lançamento estratégico. & depois???

domingo, 15 de julho de 2007

As empresas querem o quê, da educação superior?



O mote provém de um livro de 1998, “What Business Wants from Higher Education”, escrito por duas ex-académicas, Diane Oblinger e Anne-Lee Verville, seduzidas pelos encantos da I.B.M. e que tem dado frutos (este encantamento) visíveis em especial nas iniciativas e documentos EDUCAUSE, para além da ‘movida’ IBM no mercado da educação norte-amercana.

Nunca me esquecerei do primeiro vídeo divulgado por Diane, numa conferência sobre inovação na área da educação e que, quase me produziu uma paixão assolapada digna dos filmes românticos; mas isso são contos de outros blogs, que não são para aqui chamados.

And what does business want from higher education? It is no mystery.

As empresas querem que a educação superior funcione em seu próprio (delas) benefício, principalmente fazendo três coisas:

  • Produzindo os graduados cujas aptidões e competências são exactamente aquelas que estão definidas pelos departamentos dos RHs das ‘corporations’; isto é, os contribuintes que paguem os custos da formação da sua mão-de-obra mais qualificada;
  • Proporcionando um mercado para os seus produtos (aqui têm lugar, os diversos media que enxameiam a chamada tecnologia educativa e os vários esquemas on & off-line de marketing que infestam os campus).
  • Condução de trabalhos de investigação & desenvolvimento das ‘corporations’ nos diversos campus, de tal modo que esses trabalhos podem andar às cavalitas do investimento feito pelos contribuintes, que mais tarde, recomeçarão a pagar uma espécie de segunda época no tempo em que os produtos forem para o mercado.

Ou seja o ‘big business’ quer uma restruturação da educação superior que sirva os seus interesses e nisto, a hipocrisia é nula.

Qualquer Belmiro, Gonçalves ou Van-Zeller dirá isto, alto, bom som e com cobertura mediática pressurosa e engraxativa.

A questão colocada ao outro lado da corda é mais ou menos assim:

- E na parte da educação superior, são todos capazes de deixar a hipocrisia de lado e assumir este jogo de soma não-nula?

Nota Técnica:

O autor exerceu em determinada fase da sua vida de mercenário, as funções de Education Manager para o sul da Europa, na empresa APPLE.

sábado, 14 de julho de 2007

Governemos (?!) a Universidade como se «isso» fosse uma Empresa


Não passaram ainda muitos anos desde que um amigo meu – finalmente – conseguiu a combinação de números ideal que, conjugada com as duas estrelas certas, lhe deu direito a quadro pintado a óleo no salão nobre da reitoria. Uma vez que qualquer um de nós dois, havia feito em ocasiões de colectividade e noutras de singularidade, números de circo muito engraçados, sob a égide da Sonae e que nos conhecíamos razoavelmente das trocas e baldrocas de facturas e recibos, natural seria que entre um copo e uma água, conversássemos sobre a hipótese de dirigir a universidade tal qual se dirige uma empresa (o inverso é insano, inverosímil, improvável, impossível…).

Várias são as piadas mais ou menos fumígenas que animaram os nossos pudicos copos, uma das quais pode perfeitamente ser partilhada por um circuito tão pequeno como aquele que anima esta network:
«Imaginemos que o Cardeal, actual administrador da TVI, consegue a maioria dos curadores de uma das fundações que por aí vão nascer – vêm a pé, mas acabarão por chegar – obviamente, a generalidade dos professores e demais guardadores do céu dirá que o ‘show business’ nada tem a ver com o seu mundo. Será?»

Recentemente, uma universidade aí
do meio do ranking , daquelas que estão algures entre Viana do Castelo e Sagres, convidou alguns craques da indústria para professores catedráticos da sua malha, na qualidade de profs convidados claro e com custo zero. Mas quê? Ninguém lhes pediu nada foi? O negócio .., ah! Carago não era negócio que eu queria dizer.
Toda a gente vai resistir ao cerco, especialmente quem for virgem, mas inexoravelmente, chegará um tempo em que as entidades da educação superior estarão no bufete das chamadas forças do mercado. Com a tendência para o agravamento da dependência financeira pela qual passam todos – quanto maior é a factura maior é o tombo – será que não se perfila já, uma universidade para a frente ribeirinha do Tagus? (Auguri J.M.Judice… Felicitazioni per la tua nominación... so.. che... Hai lavorato duramente ... ma che vuoi ora che ti chiami Dottore oppure Commendatore?!)

Há coisas que são por demais do tipo 2+2, como na área da indústria farmacêutica e da biotecnologia, em que as alianças realizadas com as universidades geram acordos em que os resultados da investigação são trocados por equipamentos analíticos ou servidores ou por graduação de assistentes ou por benefícios seráficos junto da supervisão do departamento, como por exemplo «um cartão GALP» ou dois, ou três.
Este tipo de arranjos, dito assim por um mercenário como eu, trazem benefícios óbvios no curto prazo; agora falemos alto e com claridade: o resultado a longo prazo é que os programas de investigação (orientada) tendem ou são mesmo dominados pela agenda comercial do outro laboratório da rua ao lado.

O próximo problema emergente, ainda debaixo dos panos, será o das futuras escolas “for-profit”, se é que elas já não andam por aí. E podem continuar sentados, por favor não se levantem, nem soltem frases do tipo: - Ai que horror!
A discussão deixa de ser em torno da Universidade Golden Triangle situada no lado norte da Highway 237 só porque ela era uma escola pública (?!), é que, só quem for empresarialmente louco é que pega numa universidade privada. Aquilo é para totós e betinhos feitos à moda e ao tempo da outra madonna.
A chicha da perna está aí, na nata da educação superior pública.
Começa porque elas chegam ao bufete, higienicamente saneadas sob o ponto de vista financeiro. Depois a cena prossegue, porque elas não têm concorrência, pese embora duas delas serem da classe ‘business school’, mas com algum jeito aquilo entre alinhamento e reorientação dá para todos. A terceira é uma tecnológica com trabalho prospectivo já feito para ‘upgrade’ futuro. Que estimativa se avança, só para a cidade grande, em termos de fluxo de alunos orientados para escolas ‘for-profit’? 60.000? 100.000 estudantes?
Porque diabo, querida amiga RN, se iriam os politécnicos imiscuir num negócio, que não é de chinelos (pode ser é de chineses, como aqueles da OPA) e que se está mesmo a ver que não foi feito para eles? Esqueça! Esqueça essa treta de Fundações para politécnicos e qualquer outra coisa que não seja ‘mission-research oriented’. Estamos entendidos?
Seria naïve demais (eu), para supor que uma Universidade, por exemplo o Porto, possa ser imune às pressões económicas como as que andam a rabiar e mexer por aí. Visto de uma perspectiva, a U.P. tem um produto para vender (as suas graduações), uma base bem-definida de clientes potenciais, e um programa de marketing (suavemente) controlado para tornar o produto atractivo. Em abstracto, parece natural que a U.P., por exemplo, esteja a funcionar numa maneira tal que maximize a eficácia na venda do seu produto específico. Na prática, isto pode significar um funcionamento da universidade como um negócio de concessão de graduações.

Afastemos o Porto e passemos a generalizar, à cautela, antes que me risquem o carro…

Façamos de conta que a maioria dos quadros superiores da universidade pública, (não me venham com classificações corporativas, PF), possuem um background ou no mínimo um polimento em torno das ideias básicas de gestão – ler o Expresso durante vinte anos seguidos também ajuda – e que, com alguma lógica, a equipa de curadores tenda a ser dominada por executivos do mundo dos negócios. Interrompo aqui, para lembrar aquele curso que vem aí, liderado pelo Mira Amaral, e que não tem nada a ver com isto de que estamos aqui a falar…
Retomemos o fio à meada; o resultado líquido é que uma parcela significativa das pessoas responsáveis pelo ajustamento (alinhamento) da política da universidade pensa e age como militantes executivos. Isto pode ingenuamente ser adicionado às forças externas que agem e trabalham no duro para transformar a universidade pública numa empresa que faz negócios e que está longe de ser ninho para patos bravos.

Tranquilizem-se! Há pouca probabilidade, naturalmente, de que a universidade irá ter um grau de sofisticação nas suas operações que lhe permita realizar lucros rapidamente. Isto dava cabo do seu status remotamente conectado com impostos e outras invenções do demo. É mais provável que possa vir a ser controlada exclusivamente à boa maneira dos negócios bem feitos, que não dão barulho nem fazem muitas ondas. Óbvio, isto vai chegar até, entre outras coisas, ao tratamento dos seus estudantes como clientes, das suas faculdades como empregados, e dos seus administradores como responsáveis, finalmente, pelo respectivo bem-estar institucional.

Há indubitavelmente, muitos elementos da universidade (estou a olhar para as faculdades da U.P., outra vez – trabalhei lá 12 anos e isso não é de borla) que sentem ter ido o MCTES longe demais no traçado deste trajecto. Outros podem diferir. Aliás, olhando para o mapa vemos as camisolas cada vez mais matizadas e algumas até manchadas aqui e ali por pintarolas e outras bolas, mas todos os grupos de interessados devem concordar que o tempo é assim e muita malta com os 50 já cumpridos não saberá em que se ocupar até aos 65 do R.D.M. pelo que, é saudável o envolvimento numa discussão detalhada sobre a extensão do modelo de gestão que possa ser compatível com a nossa missão educacional. O ponto a ser debatido não é se nós necessitamos de áreas administrativas eficientemente controladas e se vamos ou não aguentar os custos. Sem sombra de dúvida, nós também temos que fazer isso. A pergunta certa, no dia de hoje, é se, para objectivos do planeamento a longo prazo e das operações do dia-a-dia, a universidade deve ser concebida e desenvolvida como uma organização que proporciona e disponibiliza (fornece) um produto a um grupo selecto de consumidores.

A caminho da ‘commodity’



Comportemo-nos como se a educação superior fosse um produto em que apenas está em causa o preço, ou em linguagem tão apreciada por alguns dos nossos iluminados condutores: ‘a commodity’. Os principais actores do mercado da educação concentrar-se-ão nos custos, enunciando e aplicando medidas para baixar custos ou, em alternativa, deslocando esses custos para outros actores mais iludidos com a vã promessa de mais poder e maior influência regional e local.

Óbvio, que quem assim procede tem vindo a aumentar o seu poder negocial e tem vindo a restringir o serviço prestado.

Os prestadores de serviços – também chamados fornecedores – têm estado a oferecer amplo espectro de serviços não diferenciados (digo eu), embora exista uma mentira fartamente difundida de que concorrem na base da conveniência e da reputação histórica junto do seu mercado local. Uma outra ideia (aparentemente correcta) diz que a concorrência envolve competir entre si de modo a poder entregar o valor máximo possível aos Clientes (alunos); assim sendo, a concorrência com base no valor dos benefícios prestados será dinamizadora de mais inovação porque os prestadores dos serviços (fornecedores) não darão as mesmas coisas a toda a gente, pelo que o mais certo será criar “áreas práticas” concentradas e orientadas para determinados cursos e/ou investigação específica, pretensamente com a mais alta qualidade, sem deixar de ser, serviços de baixo-custo. Os planos de educação eliminarão as suas redes restritivas, permitindo que os membros escolham num ‘marketplace’ concorrencial (local, regional ou mesmo nacional) os fornecedores que oferecem o mais elevado valor para a sua própria condição. Os planos de educação vão com certeza (pelo menos vão dizer querer) ajudar os alunos (melhor ainda, as famílias) a tomar as melhores decisões oferecendo serviços de aconselhamento e de apoio, para além de disponibilizarem toda a informação (seguramente a mais completa) capaz de sustentar a melhor avaliação possível do valor relativo entregue por este ou aquele prestador de serviços de educação superior.

A concorrência que tem na sua base o valor dos benefícios subjacentes aos serviços prestados não é um conceito teórico, é antes uma coisa que acontece. Os fornecedores ditos inovadores (excelentes?) podem começar a oferecer serviços mais originais, criando novas instalações, montando equipamentos, mexendo nas suas organizações para tentar entregar os serviços de modo mais eficaz. Mais tarde, vão seguramente recolher dados que possam evidenciar (rankings?) o superior desempenho com que levaram a cabo a sua tarefa (oferta). As políticas públicas podem ajudar a acelerar estas mudanças (que ninguém dúvida) orientadas para o valor entregue ao cliente (estudante), mas, há quem diga, que os fornecedores dos serviços (instituições da educação superior) não precisam esperar pela política; devem agir agora para que se possam tornar dinamizadores, porque não motores (?) que façam avançar o movimento ou até vestir a camisola dos líderes destas mudanças.

Quando D.Quixote, Reitor da Universidade de Portugal, terminou o discurso, Zé Povo que até aí, ouvira cabisbaixo o que lhe parecia uma reprimenda cultural e classista, perguntou humildemente, embora levantando os olhos para o seu condutor:

- Que tens andado a fazer Reitor?, de que te queixas Presidente?


sexta-feira, 13 de julho de 2007

CORPO INTEIRO PRECISA-SE




Peter F. Drucker, supremo pensador e criador da gestão, em nome de quem se cometem, muitos e bons crimes organizacionais, gostava de questionar o facto de se promoverem práticas do mundo empresarial no seio das operações da igreja. Se tiver de ser assim, dizia Drucker:

it is to make it more church-like, not more business-like’.

Tenho dado voltas e mais voltas, nos intervalos das febres que trouxe do médio-oriente e quanto mais folheio o RJIES mais me apetece passar aquilo (quase) tudo a banda-desenhada. Vem isto na sequência do fado que diz estar toda a gente de férias, pelo que, dou corda àquela frase favorita do meu pai: “quem não tem que fazer, põe-se a cavar!”

Primeiro esquisso:

Estrutura do Modelo de Negócio (clicar na figura para ampliar)


Os clientes da organização educacional são os estudantes e a sua segmentação é feita por graus.


O produto é constituído pelos cursos oferecidos.


Processos tais como as Admissões dos Alunos e Recrutamento de Pessoal ou estatutos como o do Estudante e respectiva contabilidade são actividades e tarefas definidas pela própria instituição.


quarta-feira, 11 de julho de 2007

Transparência «à portuguesa», comovente, como sempre!



O Instituto Fraunhofer vai ficar instalado junto à Universidade do Porto, anunciou a Comissão de Coordenação da Parceria Fraunhofer-Portugal.

A decisão foi tomada após um período de análise das propostas recebidas para a localização do Instituto Fraunhofer Portugal e de visitas de representantes da Sociedade Fraunhofer (Fraunhofer-Gesellschaft) às instituições proponentes.

O acordo identifica como principais áreas de cooperação as tecnologias de informação e comunicação, a biotecnologia, a nanotecnologia e a logística.

Em 2009, este centro de pesquisa deverá contar com cerca de 30 investigadores seniores, recrutados internacionalmente pela sua competência.

O orçamento anual do centro de pesquisa, entre 2007 e 2009, será de seis milhões de euros, assegurados pela Fundação para a Ciência e Tecnologia.

Na fase de lançamento, o instituto deverá centrar a sua actividade em tecnologia, conteúdos e serviços destinados a locais com grande concentração de pessoas, nomeadamente centros comerciais.

Nessa perspectiva, a SONAE, através da SONAE Sierra, é apontada como um dos principais parceiros nesta fase, estando prevista a realização de contactos nesse sentido.
«A Sonae Sierra é especialista internacional em centros comerciais, apaixonada por introduzir inovação e emoção na indústria dos centros comerciais e de lazer.
Fundada em Portugal em 1989, é detida pela SONAE, SGPS (Portugal) com 50%, e pela GROSVENOR (Reino Unido) com 50%.
O seu modelo de negócio assenta numa estrutura integrada que reflecte as actividades de propriedade, promoção e gestão de centros comerciais e de lazer.» Sonae disse.

O que será um 'especialista’ «art.º 48» RJIES




RJIES – Art.º 48 & Art.º 49 «o especialista»

Isto é uma novidade do ensino politécnico com respostas e atributos «à portuguesa»

Nota 1 – as condições de atribuição do título de especialista vão ser fixadas por lei;
Nota 2 – 35% do conjunto de docentes e investigadores de um politécnico devem ser detentores do título de especialista.
Nota 3 – a maioria do docentes detentores do título de especialista deve desenvolver uma actividade profissional na área em que foi atribuído o título.

É possível encontrar referências suficientes no site do EURYDICE, embora se possa desde já avançar que este GRAU tem forte tradição no sistema educacional russo.
Optei por deixar aqui alguns apontamentos que, no caso do documento proveniente da área de Fisioterapia são bastante esclarecedores e susceptíveis de tradução/adaptação.

Citação do documento Eurydice Science Teaching in Schools in Europe – Questionnaire –May 2005 5

Pg.ª 4
“An integrated approach to science on the school curriculum does not necessarily mean that intending science teachers are given methodology training appropriate to all science subjects. Thus, for example, a trainee teacher who has a specialist degree in biology may be required to teach science as a single, integrated subject in the classroom. This is an important point to make because it cannot be taken for granted that regulations or recommendations for teacher education are identical even in systems with an integrated approach to science in schools. However, if science is taught as separate sub-disciplines in school, the likelihood becomes greater that trainee teachers have received some differentiated training in methodology.

Pg.ª 41
“Specialist teacher
S/he is trained to teach just one or two specific subject(s), one of which is normally subsidiary. In certain cases, a specialist teacher is trained for three subjects, the third of which is subsidiary.”


Citação do documento “Interim report on Recommendation on Specialisation for
Physiotherapists within the European Region of the WCPT - 2006”

Pg.ª 3
“Description of specialisation within physiotherapy has been an ongoing process in the ER-WCPT since 1996. To observe the changes that occur within the concept of what a specialist physiotherapist is and the process employed to obtain specialisation, a model of specialisation should be defined as a reference. A Proposed Model for the Development of Specialisation, developed by The Education Working Group, was adopted at the General Meeting, May 2004.
The model was to be used as a reference by Member Organisations to develop specialisation models and to enhance the understanding of specialisation and the role and practice of the specialist. The proposed Model was at the same time to be used as a data-gathering instrument to give a status of the development of specialisation models in the member countries.”

P.ª 19
The concept of specialisation / Proposed description of competencies in specialisation
A physiotherapist who is a specialist has advanced theoretical knowledge and
skills within a specified field of competence.
A physiotherapist who is a specialist:
Applies knowledge
Mediates knowledge
Develops knowledge
Applies knowledge
The advanced knowledge and clinical competence of the specialist is based upon critical reasoning and judgement. The term clinical competence refers to the combination of theoretical knowledge and practical actions, skills, experience and set of values represented in the dimensions of intervention particular to each area of speciality.
Competence includes the capacity for clinical reasoning, reflection and decision-making. This implies knowledge about professional development and research, organisation and administrative planning.
Mediates knowledge
The specialist demonstrates advanced knowledge and educational competence in relation to mentoring, teaching, and supervision. The specialist disseminates acquired knowledge and skills internally within the work-place as well as externally towards society.
Develops knowledge
The specialist adopts a constructively critical attitude and demonstrates responsibility and flexibility towards new knowledge, clinical methods, and models of organisation, treatment programmes, and inter-professional collaboration in order to optimise intervention in an area of speciality.
The specialist actively seeks out new information and stays in touch with the development of new knowledge in order to implement best known evidence. The specialist participates in research in an area of practice, publishes and presents research findings, bringing new knowledge to the field.”

P.ª 20
The process of specialisation
The process to achieve the desired specialist attributes may be formal or informal. The output remains paramount. The process described within this document forms the basis of a data gathering exercise; it is not a mandatory formal process and should not be adopted as such.
There will always be a formal evaluation of an individual who wishes to consider eligible for the title of specialist physiotherapist.
The informal process will be self-directed and not prescriptive.
The formal process undertaken by an individual physiotherapy specialist may include testing and acknowledging the appropriate advanced theoretical and clinical knowledge and skills of the speciality.
It is expected that both the formal and informal processes will be fully documented by the applicant, through a systematic record and supporting evidence.”


terça-feira, 10 de julho de 2007

RJIES – Inquietações longitudinais –




A nossa amiga RN fechou a sua (dela) intervenção na Audição da Comissão 8.ª CECC, com uma chamada de atenção para o artigo 44.º «Requisitos dos institutos politécnicos» que aliás se devia denominar «Requisitos mínimos…» e em especial para a alínea e):
Desenvolver actividades de investigação orientada

Como diria a dotada Floribela, não tenho nada contra a investigação orientada.
Fique registado que detesto que me digam (desde miúdo) o que devo ou não fazer. Sou assumidamente, entre outros azares, um mercenário.
Façam um esforço de clarividência e digam quanto me pagam, como me pagam, quando me pagam, em troca de um serviço. Mas PF, apenas, não me digam como o devo fazer.
Perguntem-me, antes, como vou fazer o serviço; verifiquem se faço o serviço de acordo com o meu enunciado e propósito e plano, que eu, modesto tecnólogo e às vezes, modesto professor de Inovação, outras vezes de Competitividade, outras ainda de Metodologia de Projecto, pensarei sobre o assunto e responderei em tempo útil, por escrito, a todas as perguntas.
Por isso o colectivo MCTES criou ao sétimo dia, a Agência de avaliação e acreditação para a garantia da qualidade do ensino superior.
Grande parte das excrescências e revoltos do RJIES cabem dentro das aptidões e competências da AAAGQES. Provavelmente o legislador Vital das Regras não leu o texto que gerou e deu vida à AAAGQES; poupar-se-ia na ordem das 190 páginas, pelo menos e o parecer seria, seguramente, mais barato e tendo em conta as ordenações teixeirianas poderia ser pago em tempo útil.

Mea culpa, minha tão grande culpa, que tanto gosto desta alínea e) do Art.º 44.º.
Os meus alunos da disciplina Inovação & Competitividade sabem que não os massacro com o Oslo Manual nem o Frascati Manual, mas que os conheço, oh! se conheço (aos Manuais, claro…).

A principal constatação sobre o conhecimento teórico-prático, politécnicos incluídos, detido por quem propôs esta alínea é a seguinte:

- Se os politécnicos apenas puderem realizar investigação orientada então, projectos como este: "O Instituto Politécnico de Lisboa e a Brisa – Auto-estradas de Portugal SA assinaram um protocolo de cooperação destinado a fomentar a investigação, a formação e a assessoria técnico-científica em áreas consideradas de mútuo interesse. O grande beneficiário deste acordo é o Instituto Superior de Engenharia de Lisboa que, desde 2002, é parceiro da Brisa nas áreas técnico-científicas e que assim reforça a sua posição estratégica nos campos da inovação tecnológica. " não poderão mais ver a luz do dia. É a chamada castração por decreto.


Recomecemos então pelo Frascati Manual © OECD 2002
Pág.ª. 70

“Borderline” research institutions
214. Traditionally, universities have been major centres of research, and
when countries have wished to expand their R&D in specific fields,
universities have frequently been considered appropriate locations for new
institutes and units. Most such units are principally government-financed and may even be mission-oriented research units; others are financed by private non-profit sector funds and, more recently, by the business enterprise sector.

O Wiley InterScience mostra-nos 162 results for: ""oriented research"

http://www3.interscience.wiley.com/search/allsearch?mode=quicksearch&WISindexid1=WISall&WISsearch1=%22oriented+research%22


Depois, o FM refere tópicos que me parecem muito mais apropriados para a missão e objectivos (research) de uma Escola Politécnica:
Por exemplo:

APPLIED RESEARCH
Demonstration model . .
Demonstration project . .
Exploratory development . .
Upstream studies . .

EXPERIMENTAL DEVELOPMENT
Advanced development . .
Pilot plant (initially) . .
Prototype . .
Proving model . .
Proving project . .
Systems design and specification studies . .
Systems-oriented preliminary project . .
Technical demonstrations

"Applied research is also original investigation undertaken in order to acquire new knowledge. It is, however, directed primarily towards a specific practical aim or objective. Experimental development is systematic work, drawing on existing knowledge gained from research and/or practical experience, which is directed to producing new materials, products or devices, to installing new processes, systems and services, or to improving substantially those already produced or installed."
----------------------------------------------------------------------------------------
Fica caminho livre para os assessores do Vital das Regras e restantes companheiros; quem diria que está na hora de discutir e perscrutar o Frascati Manual.

Et voilá!

Notícias da cidade grande


Ontem foi dia de ter ido à cidade grande. Já antes, havia perdido outras oportunidades, por isso mesmo, não hesitei e dei por aceite o convite endereçado publicamente por António Seguro, Deputado da Nação.
A 8.ª Comissão, dita da Educação, Ciência e outras artes, queria ouvir o povo acerca do RJIES. Óbvio, que o povo já lhe havia escrito e comentado a nova lei que vai regulamentar a Educação Superior.
Pesados os prós-e-contras de falar em público, mais o facto de registarem a (minha) voz para memória futura, mais a forte possibilidade de me juntar ao Carlos Ferreira, presidente do I.S.T. na defesa (difícil) do RJIES, optei timidamente por me refugiar num «prescindo da palavra» e deixar os meus cinco minutos à malta das «jotas», da Fenprof e outros contrariadores dos propósitos do nosso MCTES.
Digamos que o dia foi bem passado.
Adoro fazer sardinhadas lá na terra para me despedir da malta e viajar até Lisboa, adoro viajar de «pendolino», adoro rever amigos de quem aprendi a gostar, pesem (algumas) diferenças de opinião e recusas de álcool à mesa.

Então, que terei eu dito (por escrito e assinado) à 8ª. Comissão, que mereça relevo bastante para que possa ser transcrito para os vários grupos parlamentares?

1. Li praticamente tudo o que foi publicado na Web como comentário ao RJIES.
2. Li aquilo que os que escreveram comentários disseram que haviam lido. São muitas páginas, escritas ao jeito do Vital das Regras e correligionários e seguidores – que diabo, sai tanta malta das Faculdades de Direito em cada ano que já podia haver alguma inovação –
3. Pensei, pensei, pensei muito nos filmes que havia visto sobre «como se fabrica um Reitor» mais os filmes «sobre como se fabrica um presidente para a associação de estudantes» mais os filmes sobre «como um presidente de uma associação de estudantes chega a deputado da nação» e achei que o RJIES é uma ideia positiva e de aplaudir.
Óbvio, não tenho arcaboiço físico para deixar isto em «registo de memória-futura».
4. RJIES é bom como ideia, como motivação, como proposta durante as primeiras 5 páginas. Depois, ao longo de mais 195 páginas de acréscimos, anexos e adendas e revoltos, deixa tudo espartilhado, armadilhado e governamentalizado. Óbvio, porque é que é bom para os jotões do PS e para as jotinhas do PSD.

Ainda duas notas do bloco de apontamentos sobre a mesa e assistência da Assembleia da República que nos esteve a ouvir durante uns bons pares de horas:
- Éh pá, eu não sabia que a malta com menos de trinta anos sabe tanto e tantas coisas para ter coragem de legislar sobre Educação Superior!
- Oh! camaradas não-docentes da Educação Superior, então não é que via CURADORES das Fundações, o número de representantes dos funcionários & contratados cresce desmesuradamente no quorum de quem manda nesta treta???
Post Scriptum
Comissão 8ª - CECC
Nota técnica : RJIES –

Boa tarde;

Estive presente ontem, todo o dia, na sessão que tiveram a coragem de preparar.

Ajudava imenso o andar-para-trás-e-para-a-frente do documento se este tivesse um índice; é que o tempo, mesmo pago pelo Estado Português a preços de Portugal, está caro!

Cpts

Alexandre Sousa

quinta-feira, 5 de julho de 2007

VOLTAR (ás vezes) É NASCER OUTRA VEZ


Por razões que são tremendamente unipessoais, dou por mim a fechar um espaço de fachada pública e de exposição no muro da minha rua e a abrir outro estaminé, eventualmente com menor volumetria. Seguirei assim as tendências da minha aldeia.


Não sou homem de profundidades, antes me assumo de ligeirezas. Por isso, ou também por isso, sou imune a pedidos de desculpas ‘ex ante’ ou ‘ex pos’.


Se não fosse agnóstico diria:

- Que seja o que Deus quiser…

Uma vez que o sou, terei de dizer:

- Amanhã, veremos isso com mais vagar!