A caminho da ‘commodity’
Comportemo-nos como se a educação superior fosse um produto em que apenas está em causa o preço, ou em linguagem tão apreciada por alguns dos nossos iluminados condutores: ‘a commodity’. Os principais actores do mercado da educação concentrar-se-ão nos custos, enunciando e aplicando medidas para baixar custos ou, em alternativa, deslocando esses custos para outros actores mais iludidos com a vã promessa de mais poder e maior influência regional e local.
Óbvio, que quem assim procede tem vindo a aumentar o seu poder negocial e tem vindo a restringir o serviço prestado.
Os prestadores de serviços – também chamados fornecedores – têm estado a oferecer amplo espectro de serviços não diferenciados (digo eu), embora exista uma mentira fartamente difundida de que concorrem na base da conveniência e da reputação histórica junto do seu mercado local. Uma outra ideia (aparentemente correcta) diz que a concorrência envolve competir entre si de modo a poder entregar o valor máximo possível aos Clientes (alunos); assim sendo, a concorrência com base no valor dos benefícios prestados será dinamizadora de mais inovação porque os prestadores dos serviços (fornecedores) não darão as mesmas coisas a toda a gente, pelo que o mais certo será criar “áreas práticas” concentradas e orientadas para determinados cursos e/ou investigação específica, pretensamente com a mais alta qualidade, sem deixar de ser, serviços de baixo-custo. Os planos de educação eliminarão as suas redes restritivas, permitindo que os membros escolham num ‘marketplace’ concorrencial (local, regional ou mesmo nacional) os fornecedores que oferecem o mais elevado valor para a sua própria condição. Os planos de educação vão com certeza (pelo menos vão dizer querer) ajudar os alunos (melhor ainda, as famílias) a tomar as melhores decisões oferecendo serviços de aconselhamento e de apoio, para além de disponibilizarem toda a informação (seguramente a mais completa) capaz de sustentar a melhor avaliação possível do valor relativo entregue por este ou aquele prestador de serviços de educação superior.
A concorrência que tem na sua base o valor dos benefícios subjacentes aos serviços prestados não é um conceito teórico, é antes uma coisa que acontece. Os fornecedores ditos inovadores (excelentes?) podem começar a oferecer serviços mais originais, criando novas instalações, montando equipamentos, mexendo nas suas organizações para tentar entregar os serviços de modo mais eficaz. Mais tarde, vão seguramente recolher dados que possam evidenciar (rankings?) o superior desempenho com que levaram a cabo a sua tarefa (oferta). As políticas públicas podem ajudar a acelerar estas mudanças (que ninguém dúvida) orientadas para o valor entregue ao cliente (estudante), mas, há quem diga, que os fornecedores dos serviços (instituições da educação superior) não precisam esperar pela política; devem agir agora para que se possam tornar dinamizadores, porque não motores (?) que façam avançar o movimento ou até vestir a camisola dos líderes destas mudanças.
Quando D.Quixote, Reitor da Universidade de Portugal, terminou o discurso, Zé Povo que até aí, ouvira cabisbaixo o que lhe parecia uma reprimenda cultural e classista, perguntou humildemente, embora levantando os olhos para o seu condutor:
- Que tens andado a fazer Reitor?, de que te queixas Presidente?
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