sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Relocate workers to Mars for Martian wages


Não é segredo para ninguém que não há um único careca em Portugal com banha da cobra bastante para dar uma ajuda na tragédia do desemprego. Afinal de contas só temos uma taxa de desemprego algures entre 7% e 10%. Os 3% de «goal-average» navegam de bola em bola até ao apito final.
Dou conta da preocupação na maior potência industrial do planeta de seu nome U.S.A. cujos números do flagelo equivalente andam entre 2,6% e 10,8%, para as urbes com pelo menos um milhão de habitantes. Aqueles estafermos conseguem dar-nos valores à data de 31 de Janeiro, uma vez que não terão de andar a calcular e deduzir estagiários do IEFP e outras variações em Ré Menor.

Olho para os nossos números e para os do amigo americano e não resisto à tentação de pensar que eles estão a exagerar na preocupação espraiada por TVs, email, iphones, blackberrys e outras invenções do mafarrico.


Estava eu a olhar para o nosso bem amado PM, acompanhado pelo inefável «dono» do trabalho português, ambos voluntariamente bien venidos a dar uma palavra de tranquilidade ao povo, anunciando 30 novos empregos. É bom… melhor que bom, melhor que nada. Até porque para preparar o «briefing», a Presidência do Conselho, precisou de 300 boys à maneira.

Velho como sou e sem grandes patentes a pingarem na conta do BBVA, esmifro com mil cuidados as news & letters que me chegam religiosamente do meu antigo patrão «Big Blue» mais conhecido por I.B.M., que emprega globalmente cerca de 320 mil pessoas.
Eu nunca ouvi falar da filial da I.B.M. em Castelo de Paiva, nem em Vila de Rei, mas sei que a I.B.M. tem uma enorme presença na Índia, e também emprega um grande número de indianos em todo o mundo.
Como idealista militante, acho que a I.B.M. deve manter os empregos e continuar a pagar às pessoas o que acordou com elas, mas se o «executivo chefe» têm de cortar custos e poupar dinheiro aqui, ali e acolá, é razoável oferecer ideias novas como uma opção ao seu pessoal. Aliás, como é de bom timbre fazer em Portugal.
Como um exemplo hipotético, se eu fosse chinês, transferido para Silicon Valley, onde eu sabia que dificilmente encontraria uma alma gémea, e tendo a opção de continuar exactamente o mesmo trabalho que eu estava habituado a fazer, mas voltando para casa em Xangai, e ainda sendo bem pago pelo salário local de Xangai, pensaria seriamente em sugerir ao meu patrão que me desse essa opção.

Claro que o Jornal de Negócios, o Diário Económico, muito menos o Espesso ou o Sol, não abordam qualquer destas questões, em todo o seu esplendor, tendo em conta todo o potencial com que uma ideia destas inflamaria as páginas das notícias impressas.

Obviamente, estou de certo modo emocionado, sentindo que a minha contribuição para a solução da crise é superior à média dos palermas dos meus amigos.
Imaginemos, por hipótese, que o nosso bem amado PR recebe no seu iphone uma cópia deste meu texto? Não me dirão que eu estou, de facto, a reagir ao seu apelo no sentido de contribuirmos todos para resolver a tragédia do desemprego?
Os trabalhadores da Corticeira Amorim são algarvios?
- Já todos para o Algarve!
Os técnicos da Qimonda são alentejanos?
- Nem mais um saloio destes em Vila do Conde!
E por aí, por aí, por aí…

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