quarta-feira, 4 de fevereiro de 2009

Uma crise, duas crises, três crises… ena pá, tantas crises!



Diz Henry Mintzberg (de quem gosto):
«Quando, por exemplo, Harvard ensina liderança neste ou naquele curso e faz crer aos seus alunos que os vai converter em líderes, está completamente equivocada. ¡Não podes criar um líder apenas em sala de aula!»

Recebi, não há muitos dias, um pedido de colaboração por parte de uma multinacional do sector dos veículos de transporte. Está na fase final do arranque correspondente ao investimento programado para uma nova fábrica, algures no distrito de Aveiro.

O meu interlocutor directo, ignoto na Espanha imensa, outorgou-me (a mim) carta branca para seleccionar o «responsável pela produção» e proceder à contratação do profissional em causa para a dita cuja unidade produtiva portuguesa.

Procedi em conformidade e enviei convite exploratório filtrando da minha base de dados, pessoas com mais de 40 anos e experiência evidenciada mormente no sector dos componentes para a indústria automóvel.

Usei alguns critérios que considero recomendáveis e tive em conta o período difícil em que a economia da Ibéria se encontra para pesar prós e contras que sustentassem as minhas escolhas. Remeti três currículos à atenção do Administrador da Multinacional, uma vez que a empresa não é minha, logo a responsabilidade contratual deve ser dos que usam o emblema na lapela do casaco.

Recebi esta tarde, uma comunicação do (jovem) Director «Responsable de Ingeniería de Calidad» que me chamava a atenção para algumas discrepâncias ou «não conformidades» com o perfil que ele (Director), havia congeminado:

PERFIL DE LA PERSONA QUE BUSCAMOS:

-Preferentemente Ingeniero Mecánico o Ingeniero en Gestión Industrial.
-Con mucha iniciativa y con buenas habilidades para la comunicación.
-Edad inferior a 30 años.
-Experiencia laboral no es imprescindible.

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Gestionar la mejora continua de los productos que se fabrican en la planta.
-Gestionar la mejora continua de los procesos de la planta.

-Al ser uno puesto de nueva creación pretendemos recibir ayudas del Gobierno Portugues. Programa EMPLEO JOVEN.

Botei em relevo aquilo que fez saltar a «tampa» da minha modesta cabeça e burilar um E-mail pesado, duro, escrito em puro español de boa cepa, incluindo o linguarajar de la calle, aprendido em muitos e bons anos de circulação entre Castellana, 4 (Madrid) e Torrejón de Ardoz.

Noblesse oblige… Recomendei algumas leituras, de textos publicados em castelhano, que podem servir, quer ao Administrador da Multinacional, quer ao jovem responsável pela candidatura do futuro Obama que eles vão recrutar.

Boa fortuna! Se bem que a fortuna também já não é o que era.

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