terça-feira, 23 de setembro de 2008

Dos Nórdicos & de outros Povos


«Foto de Augusto Mota»





Confesso-me um seguidor do calendário de Pã, Pan ou Pam, aceitando até que seja Pão.
Em alturas certas do ano, lembra-me a Fatinha que, ainda não trouxe sementes disto, daquilo, que as alfaces ainda não foram para terra firme, ou que o feijão de trepar anda muito atrasado. Também, o milho está caro, logo é preciso lavrar mais terra; não se pode alimentar os suínos a ração, são precisos mais ‘calondros’, tremoços e chicórias; mais, este ano a fava deveria ter rendido mais, mesmo muito mais. Por estas e outras metáforas se vê, que o Povo a que estou ligado sentimentalmente não é Nórdico. Se eu fosse Nórdico, teria os meus interesses orientados para o Molibdénio, Aços laminados a quente e outras bizarrias.
Mal comparado, o estado da educação superior reflecte esta dicotomia, entre o nosso sonho dourado de ser como os nórdicos e trabalhar dia-a-dia na horta, na eira e no nabal. No entanto, povos feitos da mesma argamassa que nós, têm convertido pimento, tomate e pêssego ‘melocoton’ em fatias importantes do PIB lá da Terra deles.
Um exercício simpático sobre o ‘como pensar nestas e noutras coisas’ levou-me um destes dias a Castelo Branco, cidade quase raiana, quente e aberta, dona de escolas bonitas e onde o Polis anda quase à uma década a tentar embelezar jardins e parques.
Juntaram-se ali meia dúzia de doutores ditos de segunda – eram todos quadros dos Politécnicos – imaginem só: para debater e decidir sobre o que são problemas aflitivos das suas áreas de ‘inteligência’. Mais! Tiveram a distinta lata de ignorar que uns eram presidentes, directores e outros comissionistas e ousaram votar as respectivas decisões, umas vezes individuais e outras tantas colectivas, de grupo, camisola e outras novidades.
Aqui para nós que ninguém nos ouve, a certa altura do jogo, eu árbitro, deixei-me deslizar para uma atitude discriminatória, ou seja, enviesei o jogo para o voto, obstaculizando a discussão. E não é que esta atitude assim a modos que um bocado para o Nórdico me tem impedido de dormir de bem com a minha consciência?!

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