quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Deixem falar o mercado...



Esta frase tonitruante se pronunciada em voz alta, no meio de uma assembleia bem composta, arrepia. Pois, se tem de fechar, que feche!
É a chamada «limpeza» da economia. Diz outro.
De repente, como por passe de mágica, quem tem poder para isso, decreta. Decreta que se compre, que se venda, que se injecte, que se snife, que se…
Quem era a favor, já é contra, quem vinha à janela espreitar anda agora de bandeiras desfraldadas a pedir a intervenção do Governo, quem chora pela privatização da EDP jura a pés juntos que a Universidade Pública se deve manter com fluxo financeiro proveniente do ESTADO.
Comprovadamente, somos muito contraditórios e nada coerentes.
O Governo – este, o outro e ainda o que a seguir virá – possui meia dúzia de preferências (tantas?), a principal das quais é a continuidade. Entre os dedos que enumeram essas preferências não está a educação superior. Por muita propaganda que esteja a ser preparada para vir para estrada. Sejamos claros: a educação superior não ganha eleições, nem campeonatos, nem aparece na primeira página de «A Bola».
Zé Mariano, dono da educação superior, tem dois quadros na parede do seu gabinete de trabalho. Um, possui meia dúzia de rabiscos sobre o ensino politécnico, diz que vai crescer o número dos seus alunos, diz que há politécnicos a mais, diz que tem doutores e «especialistas», que aquilo é barato, enxameado de funcionários públicos a baixo custo, quietos, calados, sossegados e cumpridores, veneradores e obrigados. Diz lá no quadro que há um interlocutor chamado CCISP - Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos que anda por aí e raramente se encontra. É para manter na órbita governamental: aquilo está ao preço da uva mijona.
O segundo quadro, negro, diz à cabeça que é para privatizar.
Está aberta a privatização das universidades públicas a bom preço. Por omissão, por esquecimento, por fecho de torneira, por empurrão, por benesse aos amigos que – seguramente – não se esquecerão de nós na hora da alternativa. Diz lá no quadro, que há uma coisa chamada CRUP - Conselho de Reitores das Universidades Portuguesas, que também não conta para o EuroMilhões, raramente acerta e quando se faz ouvir é para propor um «três» ou falhar rotundamente nas estrelinhas.
Como dizia uma anedota brejeira, muito em voga nos anos oitenta: - Organizem-se compadres, organizem-se!

Sem comentários: