sábado, 24 de maio de 2008

Em dia de penitência, orar só pela alma


Mesmo os incréus mais empedernidos gostam de dar cor às origens, filhos de montes e vales e outros animais, adoradores de antas, dólmenes e arcas encoiradas, tantas vezes a correr fado em noites de lua cheia se possível à quinta-feira, são calcadores de xanatas e acompanhantes de gente que mexe de Seca para Meca a pagar promessas mais das vezes de joelhos esfarrapados no lajedo.
Em 01 de Junho lá estaremos no Arco de Baúlhe, entre as 6:30 e as 7 da matina para ir de caminhada a passo estugado e braços a dar-a-dar até ao Alto do Farinha (920 m). Teoricamente são 27 Km bem medidos, não mais do que cinco horas e vinte de trajecto, fora o pára aqui pára ali para ver se a Zira está atrasada, se a Carla já mudou de meias ou se a Anabela ainda está à espera de água. Sou daqueles que gosta de ir no meio das mulheres. Primeiro porque é mais colorido, segundo porque é mais divertido, terceiro porque burro velho já só vai à feira quando o rei faz anos e não está por fora em viagem.
Sou homem da região e gosto destas vias ou trilhos que assentam sobretudo na reconversão de caminhos refeitos por peregrinos que se deslocavam de diferentes pontos da Europa e do sul de Portugal até Santiago de Compostela, e mais tarde a Lourdes e Fátima. Não esquecer que também Santa Senhorinha de Basto, São Gonçalo de Amarante e São Torcato de Guimarães, foram outrora locais famosos de romagem. E Nossa Senhora de São Veríssimo ou Senhora da Graça, onde até Santo Apolinário por lá se venerou?! Bem isto é só para dizer que todos os caminhos e carreiros antigos das demais regiões portuguesas devem ser recuperados e assinalados, porque além do seu valor histórico podem ser motivo de atracção quando bem aproveitados.

Pois é, lá chegado prometo que mesmo em linguagem de incréu, vou pedir para a Senhora iluminar os iluminados do meu país, mas todos, os que se alumiam de candeia e os que acendem o charuto com notas de 500 euros. As moscas são as mesmas, vós que me entendeis é que dizeis que aquilo que muda é a outra, a tal...

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