Apenas o que é possível
Muitos de nós, sentem-se desconfortáveis com aquilo que o colectivo vai empurrando, no sentido não subjectivo da marcha do Mundo. Surge esta reflexão mediana ou até talvez menos que mediana, porque estive envolvido nos últimos dois dias, na preparação e realização de uma festa de família, dedicada a alguém que muito me ajudou ao longo das andanças de judeu errante, reconhecendo eu que aqueles olhos sempre se alegraram, nos raros momentos em que eu descansava pr’a esses lados no sarar das feridas da guerra. Apesar destes sentimentos desencontrados, na nossa festa de ontem, pairava no ar uma réstia de esperança no pouco que cada um de nós (49) julga ter conseguido fazer em cada encostar de ombros aleatório a esta bola colorida.
Mau grado ter meia dúzia de compromissos assinados de cruz, daqueles que gostamos (a sério), escrever umas tretas, mandar uns bitaites, ajudar uns miúdos a crescer na sua profissão, dar um mergulho na água do mar, ouvir umas músicas e deixar cair umas lágrimas enquanto calçamos e descalçamos as xanatas, faz muito bem esta coisa de conseguir de quando em vez fazer apenas o que é possível e franzir o nariz a tanto que ficou por fazer.
Faz parte da vida boa a que temos direito e pela qual continuaremos a erguer a lança, uma vez que só sabemos desafiar moinhos de vento. É que no estupor desta caminhada não podem haver só engulhos…
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