sábado, 15 de setembro de 2007

Alguém sabe o que é um «espanta-espíritos»?




Confesso a minha proverbial ignoranza. Fui despertado para a coisa, por uma filha minha, ensinadora de aritmética e matemática a miúdos algarvios a quem teve de ensinar, primeiro que tudo, que os sinais operatórios existem e têm significado próprio.
A Luísa quis que a ajudasse a lucubrar uma série de aventuras que funcionassem como espantadoras dos espíritos juvenis e que lhes fizessem o tal clique capaz de motivar arte e engenho, sobretudo para efectuar operações de divisão. Espantado fiquei eu, cabecinha pensadora, que tinha por definitivo que os Portugueses já nascem assim, com uma espécie de sentimento inato para a divisão. Errado! Viu-se no coro socástico com que se defendeu o mítico Felipão. Já lá diz a cantiga do TOI (ou será TOY?) … se tens problemas, chama a Judite, chama a Judite.
Porque hoje é Sábado, dei uma volta pelos blogues dos amigos e conhecidos.
Fui ver a poesia das palavras e das imagens com que a Lucília povoa o seu
Conversamos?, passei a pente fino o De Rerum Natura e fiquei logo ali. Esqueci a promessa que anda aqui entre página e página de recuperar de cabeça (bom exercício contra a chegada do Alzheimer) uma conversa recente com César Nombela – faço um parêntesis para divulgar (à moda do carola vaidoso) que escrevo várias coisas ao mesmo tempo – não conseguindo deitar fora a foto reproduzida por Carlos Fiolhais, de um primeiro-ministro benzido + uma ministra ungida + uma porrada de histórias que me chegam de professores colocados no ensino inferior para ensinar matemática, sem terem turmas atribuídas, sem trabalho estruturado, sem desenho de programa de actividades, sem liderança disciplinar na escola, ao abrigo de uma coisa fantasmagórica que se chama qualquer coisa Integrado + qualquer coisa Substituição + qualquer coisa de Apoio + a desgraça deste país de picaretas falantes.

A família Rodrigues (M.ª João + Lurdes) é conhecida pela sua expertise em Estatísticas. O plural não cai aqui do Céu. Uma das senhoras mexia nas folhas de Excel que regulavam os números do desemprego quando exercia funções de ‘dona’ do Trabalho em Portugal; outra das senhoras, mexe nos números que balizam os progressos da nossa educação inferior, mas também já foi responsável pelos números da mediania da nossa educação superior. Que me não caiam em cima da cabeça os craques da heráldica e dos brasões, como o Sousa Lara do ISCSPU, que dos Rodrigues sabem eles, mas quem sabe do que fazem as Rodrigues, sou eu que sei.
O PM fala desvairadamente do insucesso, dos custos, da propensão a consumir educação e eu humilde, tal qual recorda VM quando diz que sonha em ser homem culto, vou buscar um livrinho para ofertar ao Comandante Sócrates: “A educação ateniense”, escrito por J.J. Barthélemy, muito antes de ter sido inventado o eduquês e de existirem na U.A. o Departamento de Ciências da Educação + o Departamento de Didáctica e Tecnologia Educativa, porque isto aos pares é outra loiça. O livrinho foi editado pela Editorial Inquérito, na colecção «cadernos culturais» e o preço do caderno é de 12$00.
Muito importante para políticos com agendas pesadas: Na página 78, está escrita a palavra FIM. Cada página tem por dimensões 187 x 120 mm. Ou seja, é livro para ler entre duas portagens da A1, ou até no intervalo entre duas bênções da Educação.
Bem hajam, Comandante & Irmã Rodrigues, benzam muito, mas benzam bem!
Post-Scriptum
Isto de recomendar livros ao Comandante tem virtude. Porque não, voltar a reler “A educação ateniense”???
Pág.ª 13: “Os habitantes de Mitilena, depois de terem submetido alguns dos seus aliados, que se haviam separado deles, proibiram-nos de ministrar a menor instrução aos filhos. Entendiam que o melhor meio de os conservar no estado de servidão era mantê-los também na ignorância.
Na definição lapidar de Platão, a educação consiste em dar ao corpo a força e a beleza que deve ter e à alma toda a perfeição de que ela é susceptível. Entre os atenienses a educação começa com o nascimento da criança e dura até aos vinte anos. Esse período não é longo de mais para formar um cidadão, mas não é suficiente pela negligência dos pais que abandonam a tarefa do Estado e da família, primeiro a escravos e depois a mestres mercenários.”
Juro que não fui eu quem escreveu isto. Parece um grafiti nos muros do CCB…

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