quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Não sei se vou dormir esta noite



Não sei sequer se tu sabes que eu escrevo de quando em quando nestes sítios. Oxalá, tenhas consciência disso!
Recebi a tua mensagem anónima e percebi que eras tu.
Começas pela decisão que tomaste em dizer fim e não só, seres tu a terminar a tua vida.
Leio e releio o texto que dirigiste para o meu endereço de correio electrónico e repeti trinta mil vezes a mim mesmo que não há muita coisa ao longo do percurso de cada um que justifique o suicídio.
Depois, depois fico ou tento ficar mais calmo. Repito em monólogo, que tens uma ideia.
Se tens uma ideia, então eu direi que ter ideias não joga com suicídio.
Por favor, fala comigo. A tua mensagem chegou encriptada. Não consigo chegar até ao teu endereço. Estou completamente às cegas.
Hipocritamente, podemos assumir que estou a tentar sair mais ou menos limpo de qualquer coisa a que não posso dizer sim, porque a ideia é só mais uma ideia ou porque a ideia não é a melhor ideia do mundo.
Mais, há uma constatação cruel de que os que ficam, acabam sempre por descobrir o caminho das pedras, ou seja: - morrer para deixar os que restam amargurados é qualquer coisa que só funciona – de modo efémero – nas telenovelas.
Qualquer um de nós vai morrer um dia destes. Esqueçamos as navalhas, as facas, as drageias, o metro do Porto; sigamos o que disse Albuquerque: - morrer sim, mas devagar.

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