Em defesa de coisas em que acreditamos e que praticamos
Há um carola cuja graduação é filosofia e a prática é dirigir pessoas a fazer coisas, não importa muito bem o quê, já o vi nas artes gráficas, já estive com ele nas multinacionais que fabricam assentos e estofos para a indústria automóvel, encontrei-o mais tarde a fabricar janelas e agora estou com ele (às vezes) na construção metálica.
Sempre que estou com ele, a maior da parte das vezes, ouvindo as suas dissertações em voz alta, não consigo nunca esquecer-me que a sua formação de base é Platão, Kant, Nitzche e por aí fora. 11 em cada 10 vezes o nosso motivo de debate e de trabalho é encontrar meios e formas de levar grupos de pessoas a fazer coisas!
A personagem tem nome: Luís, anda pelo meio século de vida e quem o quiser ver feliz é apontar-lhe mais um desafio, outra coisa nova para fazer.
Nesta coisa nova, onde encontrei motivos para acender chamas no querer do Luís, existem três pólos de produção: Viana do Castelo, Maia e Amarante. No meio do maralhal que vive a sua vida entre ferro, aço, alumínio e outros metais, circulam a olho nu, aí uns trinta e tal engenheiros, do qual mais de um terço são mulheres. Chegam de escolas múltiplas, desde o «design» até à «mecânica», passando pela «metalurgia».
Quando cá chegam, salvo excepções que confirmam a regra, nenhum destes «macacos» é engenheiro.
Nesta empresa, caso raro no panorama nacional, o ser engenheiro não faz parte do nome das pessoas: chama-se pela Andreia, pelo Gregório, Ana, Pedro, and so on…
O grande «patrão» do chão da fábrica é o António Castanheira, tal qual ele me diz:
- Se preciso de um ângulo mais complicado, olho para todos os lados à procura de um engenheiro.
Sempre que estou com ele, a maior da parte das vezes, ouvindo as suas dissertações em voz alta, não consigo nunca esquecer-me que a sua formação de base é Platão, Kant, Nitzche e por aí fora. 11 em cada 10 vezes o nosso motivo de debate e de trabalho é encontrar meios e formas de levar grupos de pessoas a fazer coisas!
A personagem tem nome: Luís, anda pelo meio século de vida e quem o quiser ver feliz é apontar-lhe mais um desafio, outra coisa nova para fazer.
Nesta coisa nova, onde encontrei motivos para acender chamas no querer do Luís, existem três pólos de produção: Viana do Castelo, Maia e Amarante. No meio do maralhal que vive a sua vida entre ferro, aço, alumínio e outros metais, circulam a olho nu, aí uns trinta e tal engenheiros, do qual mais de um terço são mulheres. Chegam de escolas múltiplas, desde o «design» até à «mecânica», passando pela «metalurgia».
Quando cá chegam, salvo excepções que confirmam a regra, nenhum destes «macacos» é engenheiro.
Nesta empresa, caso raro no panorama nacional, o ser engenheiro não faz parte do nome das pessoas: chama-se pela Andreia, pelo Gregório, Ana, Pedro, and so on…
O grande «patrão» do chão da fábrica é o António Castanheira, tal qual ele me diz:
- Se preciso de um ângulo mais complicado, olho para todos os lados à procura de um engenheiro.
Ou seja, mesmo os «duros» da metalomecânica sabem distinguir à vista desarmada, o que é um engenheiro de um qualquer outro chaço de ferro.
Entre desvairadas coisas que tenho por aqui entre mãos e neurónios, está a camisola do papel de mentor e tutor de um jovem estagiário, pago pelo IEFP (900 €/mês) ao longo de 12 meses, a quem já me afeiçoei, chegadinho cheio de teias de aranha nos olhos, com um papel e selo branco a atestar que ele, António Abreu, é licenciado em engenharia mecânica. Diz bem o papel, ele só é licenciado ou graduado; tal qual o vocabulário do Bologna Process. Não é engenheiro! Engenheiro vou fazê-lo eu, mais o Luís, mais o Quim, sobretudo o outro António, dono e senhor do chão da fábrica.
Caiu do céu, aquela declaração do Zé Mariano anunciando aos ventos e marés, a possibilidade de formatar um curso, bacharelato ou mestrado, conforme nós o vamos congeminar. É que o António Abreu vai ter de ir outra vez à escola, a espaços, aprender coisas que nós precisamos que ele saiba bastante melhor do que a ideia parda que ele neste momento nos transmite. Mas, há sempre uma dúvida que resta…
Será que, quem manda na escola, no curso, na disciplina, está pronto para nos ouvir?
Entre desvairadas coisas que tenho por aqui entre mãos e neurónios, está a camisola do papel de mentor e tutor de um jovem estagiário, pago pelo IEFP (900 €/mês) ao longo de 12 meses, a quem já me afeiçoei, chegadinho cheio de teias de aranha nos olhos, com um papel e selo branco a atestar que ele, António Abreu, é licenciado em engenharia mecânica. Diz bem o papel, ele só é licenciado ou graduado; tal qual o vocabulário do Bologna Process. Não é engenheiro! Engenheiro vou fazê-lo eu, mais o Luís, mais o Quim, sobretudo o outro António, dono e senhor do chão da fábrica.
Caiu do céu, aquela declaração do Zé Mariano anunciando aos ventos e marés, a possibilidade de formatar um curso, bacharelato ou mestrado, conforme nós o vamos congeminar. É que o António Abreu vai ter de ir outra vez à escola, a espaços, aprender coisas que nós precisamos que ele saiba bastante melhor do que a ideia parda que ele neste momento nos transmite. Mas, há sempre uma dúvida que resta…
Será que, quem manda na escola, no curso, na disciplina, está pronto para nos ouvir?
2 comentários:
Essencial esta leitura, caro AS.
Excelente. Não poderia estar mais de acordo - e partilho igualmente da sua justificada dúvida...
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