quarta-feira, 23 de abril de 2008

Is Open Access Teaching the future?


Roubado que está, parte do título, à Scientific American Magazine desta semana, porque sim, porque afinal todos somos culpados de pensar pouco, debater menos, rabiar (se possível) só de fraque, regressemos às questões que verdadeiramente nos interessam.

11 em cada 10 questões que me colocam nos Montes Urais, tem a ver com o formidável impacto que toda a máquina de informação norte-americana causa nas várias redes distribuídas pela WEB. Aquela malta (nós também) consome quilómetros e quilómetros de pixels, desinquieta, perturba, empurra tudo quanto é “macaco” da educação para novas formas de pensar, operar e agir.
Dormindo eu, pouco mas seguido, revisito com facilidade a enormidade de tarefas a que portuguesmente me entreguei ao longo dos anos, a maior parte das quais nunca foi concluída. Uma delas, regressa agora à actualidade, embora os eixos não sejam coincidentes, nem a direcção, nem o sentido. O ponto de partida é invariavelmente o mesmo:
- Que transformação para esta aprendizagem, para esta ensinagem, para esta instrução ?!

Não é possível transladar modelos norte-americanos como se procedêssemos a uma operação de mapeamento, ponto por ponto. Já discuti isso com quem sabe: Eric Mazur, Richard Felder, Rachel Brent, Diana Oblinger,… Europa é Europa, ponto final.

Nos dias mais chegados, voltei a ter a prova de que construir a folha de Excel, capaz de arrumar os ECTs no puzzle do Bologna Process, é coisa de miúdos. O que pede meças é a construção de modelos distintos e experiências diferenciadas e muita coragem para erguer a chamada escola nova. Há 10 anos atrás, com a camisola da FEP(UP) e o dinheiro à medida de um “intelligence agent” andei a soldo da Agência de Inovação, nos campus de Aalborg, uns bons pares de meses a tentar perceber de que se tratava aquilo. Mais tarde, encontrei reitores e reitoras da Universidade de Aveiro com ‘pin’ e ‘badge’ a debitar tretas acerca de uma (mentirosa) aplicabilidade do modelo de Aalborg à ESTGA (escola politécnica de Águeda) e pouco tempo depois, o mesmo discurso, a mesma treta, quando se criou com sangue, suor e lágrimas a ESAN (escola politécnica de OAZ).

Regressei ao local do crime em que me envolvi desde 2001, à data do meu compromisso com a erecção da escola em OAZ. Mau grado a pressão política que queria a toda a força, plantar o politécnico em Terras de Santa Maria, foi o discurso de Aalborg que impôs a Escola Aveiro-Norte naquela aldeia industrial de OAZ; não é impunemente que está ali a nata da facturação da indústria de moldes, mais ainda, é dali que saem todos os dias ‘comboios’ de camiões TIR plenos de componentes para a indústria automobilística europeia. Os politécnicos devem estar onde está o trabalho. E não me venham dizer que o trabalho é coisa de segunda categoria, pese o facto do Torneira Pinto ter levado uns quilos de ouro para casa só por ser expert em operações de offshore.

Deixemos a retórica dos reitores, que de Aalborg só sabem que se escreve com AA, e observemos o enunciado básico desse modelo:

“Interaction between Education, Research and Professional Practice”

Querem coisa mais linda para ornamentar a fachada dos nossos politécnicos?
Perdão… “Universidades de Ciências Aplicadas”.
Retirem-se as tabuletas, queime-se o papel dos ofícios, promovam-se novos cartões de apresentação, inundem-se os sites oficiais de trojans e spiders rancorosos, mas por favor, estudem o modelo de Aalborg.

5 comentários:

Anónimo disse...

Pormenores: OAZ fica em terras de Santa Maria. Se se estava a referir ao concelho da Feira, ou muito me engano ou é o mais industrializado do distrito de Aveiro...

Alexandre Sousa disse...

Seja bem vindo! Quem não se sente não é filho de boa gente.
O concelho da Maia também é do top da industrialização, em especial do frasco e da etiqueta.
Um abraço!
Já agora: «ambos os dois sabemos do que estamos a falar...»

Anónimo disse...

Imagino então que o sector da cortiça tem um peso residual na balança comercial nacional... E não dá emprego a quase ninguém na área.

Alexandre Sousa disse...

Viva meu caro amigo;
A cortiça é um mundo aparte. Eu pergunto doutro modo: porque é que a indústria da cortiça nunca investiu numa escola (sua) com cabeça, tronco e membros?
Porque é que a indústria da cortiça investe forte e feio noutros sectores, por exemplo nas rolhas sintéticas (Austrália), na aquicultura (Cuba), na energia (Galp)?
Nós quando pensamos num politécnico, temos de estudar nas saídas profissionais que proporcionem sustentabilidade quer à escola, quer aos graduados que a escola entrega.
Continuamos?

Anónimo disse...

Eu gostava de continuar... Mas não estou suficiente bem informado sobre o assunto, por isso não posso continuar a mandar "bitaites". De qualquer modo, os meus comentários só serviram para o provocar e para eu ficar a saber mais do assunto. Quem sabe escreve um texto sobre isso... Não posso deixar de agradecer as suas respostas. Um abraço