quarta-feira, 14 de novembro de 2007

Para que serve um Académico?



Na minha qualidade de académico laico, tenho um certo olhar de esguelha para o lado do académico clerical. Entendo-o na sua defesa acérrima do «status quo», embora a minha bandeira esteja sempre do lado do ‘enfant terrible’, o tal da mudança, o que só se sente bem quando as coisas mexem. Porque a ciência é tudo menos consenso. A ciência é tudo menos sossego, bonança, águas paradas. A não ser assim, a Terra continuaria plana e o Sol a girar sempre em sua volta (e será que não???).

Um dia destes, dei por mim, parado em frente da caixa mágica. A figura central do debate era um velho conhecido meu – embora ele não me conheça a mim, laico – mas não fujamos a dirimir o caso, o mundo é mesmo dos famosos. O senhor Professor nada me deve idem aspas, pela minha parte. Conheço-o de me cruzar com ele, nas minhas deambulações entre Deti e Degei, passando por DAO. Pode parecer um puzzle mas não é. São siglas da UA que designam edifícios, departamentos, clubes e claques. DAO diz que é uma espécie de departamento de ambiente e ordenamento. Também tem ficha no IDAD, que quer dizer instituto do ambiente e desenvolvimento, assumindo que é uma associação científica e técnica, sem fins lucrativos, actuando ao nível do apoio integrado às necessidades AMBIENTAIS do mundo das EMPRESAS.
Estamos a falar do Prof. Carlos Borrego.
No passado domingo, aí pelas oito e coisa, nove e tal, ao final do dia, Carlos Borrego, defendia no pequeno rectângulo, contra dois especialistas contratados pelo programa do Público, a sua visão do estudo encomendado pela CIP.

Continuando com a minha declaração de interesses, tenho a convicção de que Carlos Borrego é um senhor simpático, afável e sério (embora sorridente). Não pertenço à família política a que o Prof. CA pertence e onde aliás não tem sido muito bem tratado; a minha família política está plantada ao longo de 62 Ha, nas Terras de Basto, onde me divirto imenso com o velho caseiro, Machado, de seu nome, já com os seus 89 anos e que gosta de me questionar se o o Dr. Fulano será dos «nossos», ou o que é que eu penso sobre o Eng.º Cicrano, e ainda que é que eu digo do Arq.º Beltrano.
Fiquei sempre com uma ponta de afinidade para com o Homem, despedido por causa de uma anedota, enquanto que as anedotas proliferaram e deram filhos e netos saudáveis em cada governo que passa.

Carlos Borrego, defendeu com simplicidade o estudo pelo qual dá a cara, argumentou de modo linear os pontos fortes ou sustentáveis das conclusões que propõe e defendeu-se profissionalmente das lágrimas de crocodilo que choram os nossos «ricos» ambientalistas. É que eu, já tive uma meteórica passagem pelas Florestas. Fiquei a conhecê-los a (quase) todos. Os da pasta do papel, os da cortiça (alô, alô seu Amorim, velho gasolineiro, como é que é?), os rapazes e as raparigas verdes, que começam sempre pelo PC ou pelo Berloque, enquanto não vislumbram porta de entrada para o que estiver mais perto a governar.

Gostei do desempenho televisivo de Carlos Borrego e confesso que já tinha saudades de uma boa prestação académica (prometi a mim mesmo que não opinava sobre o nosso bem amado Presidente da Republica…) no mundo real do diz que diz, mas diz que não diz.

Sobre OTA ou ALCOCHETE, fico-me por uma frase muito interessante, que retive do que disse Carlos Borrego:
- O Porto precisa é de um bom aeroporto, que sirva a extensa região que vai desde a Galiza até Coimbra, até Viseu, até…

É isso Carlos Borrego! Confesso que já vendi os eucaliptos que tinha no Montijo e em Benavente. Também já mandei encerrar as pocilgas onde engordava bácoros lá para os lados de Alenquer.
Fico à espera de mais. Até porque acredito na palavra de Carlos Borrego.
Tenho dito!

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