quarta-feira, 3 de outubro de 2007

Ontologias – filosofia versus ciências cognitivas



É claro que nunca digo: - Como vocês sabem…
Faz parte das minhas crenças e fezadas que isto de ser filósofo ainda vai dar emprego com saída. Apareçam Aristotélicos e Tomistas e desfraldem vossas bandeiras ao vento. Pior do que foi é difícil, porque os filósofos foram remetidos todos para um canto e quando se diz: - Aquele tipo é filósofo, ficamos uns a olhar para os outros sem saber se o alvo foi elogiado ou se vai sair pedrada.

No meu caso pessoal, cheguei primeiro às ciências cognitivas e só depois à filosofia e olhem que não sou nada dos que pregam a virtude no meio da cega-rega. Se é para me sentir bem, feliz e cheio de auto-estima, emprenho-me de filosofia. Se tenho de ir à luta, o meu lado terrível de homem quantitativus empurra-me para a cognitive science.
Deixemo-nos de rodriguinhos e madrigais e adaptemos um texto muito bem feito que está algures na Wiki sob a entrada "Metasyntactic variable"

«O termo ontologia tem a sua origem na filosofia, onde é nome de um ramo fundamental da metafísica, dedicada à análise de vários tipos ou modalidades da existência, com atenção especial às relações entre o ‘particular’ e o ‘universal’, entre propriedades intrínsecas e extrínsecas, e entre a essência e a existência. De acordo com Tom Gruber (Stanford University), o significado de ontologia no contexto das ciências da computação é “uma descrição dos conceitos e dos relacionamentos que podem existir para um agente ou para uma comunidade de agentes.”
Especificando melhor, uma ontologia está descrita geralmente, “como um catálogo das definições do vocabulário formal.”
O que tem a ontologia que seja comum na computação e na filosofia? é a representação das entidades, ideias, e eventos, juntamente com as suas propriedades e relações, de acordo com um sistema de categorias. Em ambos os campos, encontramos trabalho considerável nos problemas da relatividade ontológica: por exemplo Quine e Kripke na filosofia; Sowa e Guarino nas ciências da computação.

Os filósofos preocupam-se menos com vocabulários controlados do que os investigadores das ciências da computação, enquanto estes se sentem menos envolvidos em discussões sobre primeiros princípios (tais como debater se há coisas como a essência, ou se as entidades devem ser ontologicamente mais preliminares do que os processos). Durante a segunda metade do século passado, os filósofos debateram extensivamente os métodos possíveis ou as abordagens à construção de ontologias, sem que eles mesmos, tenham elaborado ontologias de relativa complexidade. Por contraste, os cientistas da computação ergueram grandes e robustas ontologias (tais como WordNet e Cyc), comparativamente com pouco debate face ao modo como foram construídas.
Nos anos recentes deste início do século XXI, o projecto interdisciplinar da ciência cognitiva tem trazido os dois círculos de académicos e investigadores para uma proximidade que não se previa. Por exemplo, há uma conversa do tipo “roda computacional na filosofia” que inclui filósofos que analisam ontologias formais produzidas pela informática (trabalhando às vezes directamente com o software), enquanto os investigadores da computação começam a citar mais frequentemente os filósofos que trabalham com ontologias (às vezes com consequências directas para os seus próprios métodos).»

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