quinta-feira, 27 de setembro de 2007

Falácias… leva-as o Povo



Até eu, defensor acérrimo de um espaço para os Politécnicos, livre, responsável, distinto, sem complexos de irmão de filho de mãe solteira e pai diferente, donos de BI e Passaporte digital, com salários e carreiras harmonizadas dentro de uma educação superior adulta, desempenada, com vontade de decidir na sua própria casa, gosto por energias alternativas e força bastante para serem propulsores de caminhos inovadoramente dignos, pasmo com estas notícias, que não possuem um facto, um só facto a servir de suporte à evidência:

«As notas a vermelho são minhas, Alexandre Sousa».

«As notas a azul são da nossa amiga Regina Nabais»

Portanto fica uma sonata a quatro mãos. Espero que gostem…


Diário Digital (21.Set.2007)
Politécnicos esperam melhorar imagem com Bolonha
Alunos e dirigentes dos politécnicos manifestaram-se hoje confiantes na melhoria da sua imagem em consequência da aplicação do Processo de Bolonha, já que o primeiro ciclo de três anos do ensino superior acordado a nível europeu assemelha-se aos bacharelatos.
- Nivelar por baixo é bom? Só é preciso saber ler, escrever e contar?
- Neste ponto, penso que o que ocorreu não se tratou de uma questão de nivelar, nem por baixo ou por cima, a verdade é que o Processo de Bolonha, pressupostamente, se deve orientar pela aprendizagem e esta orienta-se por sequências adequadas de conhecimentos cujo processo leva tempo. A verdade é que um período de tempo 3 nunca pode oferecer as mesmas condições de aprendizagem do que um de 5 anos, mas claramente a um outro nível.
Vão-me desculpar mas uma das grandes imbecilidades do nosso processo de «Bolonha» partiu mesmo das universidades ( que me desculpem as inocentes), porque quiseram que o 1º ciclo de formação de Bolonha, a nível de “undergraduate” fosse designado por «licenciatura».
O que quase toda a gente sabe é que uma formação, dita de nível superior, de 3 anos, é conhecida por todo o mundo por palavras e teros que sugerem a designação «bacharelato», cuja formação não era a habitual das universidades, mas sim do subsistema politécnico. E isto tem muito que ver com as filosofias de aprendizagem a dos politécnicos, socrática (salvo seja) partir da observação simples à generalização ou iniciando-se pela observação prática ou Aristotélica, da generalização ao particular, iniciando-se pela teoria.

«Para os institutos é mais fácil a adaptação ao processo de Bolonha», salientou Ricardo Pinto, presidente da Federação Nacional de Associações de Ensino Superior Politécnico (FNAESP), que hoje organiza um encontro nacional em Leiria.
- Fácil como Ricardo? Os Politécnicos não tem exigências de Rigor? Qualidade? Verdade? É mais fácil porquê? É só treta?
- Aqui, penso que o Ricardo tem razão, porque os politécnicos já tinham passado por sucessivas organizações curriculares que facilitavam a inserção num mercado de trabalho, menos exigente – sabem fazer as coisas (alguns até bem), sabem pouco porque é que é assim que deve ser feito, como sabem fazer, e ainda menos saberiam desenvolver sistemas.
Dessas sucessivas organizações destaco a possibilidade oficial Guterriana, dos politécnicos poderem passar também a leccionar acima do nível de bacharelatos (3 anos) a licenciaturas bietápicas (3+2), no idos no lectivo de 1996/1997.
O aumento do número de candidaturas nos institutos, que tem crescido em relação às universidades, é um «bom indicador» da mudança de imagem dos politécnicos junto da sociedade, considerou este dirigente.
- Vamos ser honestos… tá bem? Os Politécnicos obviamente beneficiaram das ordens do MCTES. A partir de 2010 (se Zé Mariano se mantiver a mandar) os Politécnicos terão mais alunos do que as Universidades. A imagem só muda quando mudar o cenário, a peça, o dramaturgo, o encenador, os actores, e temo que também seja preciso mudar o público.
- Aqui, penso como o Alexandre, só que de forma muito mais radical, tudo isto de facto não depende do Zé Mariano, depende apenas e só do público, e das nossas empresas que se espera que evoluam, mas não sei não….

Por outro lado, as regras de Bolonha, que dão oportunidades de formação semelhantes aos politécnicos e universidades, vão consolidar um primeiro ciclo de ensino de três anos, que é «muito semelhante» ao já feito pelos institutos com os bacharelatos, considerou.
-Então e Mestrados Integrados, não queres? Não queres lutar por Doutoramentos outorgados por Politécnicos de altíssima categoria?
- «Mestrados integrados» é apenas um conceito nacional-oportunista e criativo, para manter as sequências de aprendizagem tradicionais, sem terem sequer que pensar, e também para garantirem de raiz o financiamento logo à cabeça, por cinco anos, em alguns pares de cursos- universidades, e o Zé Mariano embarcou.
«A ideia são cursos adaptados ao mercado de trabalho» e «nisso os politécnicos partem em vantagem», explicou Ricardo Pinto, que reúne hoje em Leiria representantes das 41 associações de estudantes deste sub-sector.
- Esta afirmação é uma falácia, ou seja, é um pensamento (ruidoso) errado com aparência de verdadeiro. Faz-me lembrar a preocupação de um bom engenheiro (curso da U.Lusíada) que foi crucial num projecto dirigido pelo ‘je’ e que sistematicamente me lembrava o sítio onde tinha sido feito. E o ‘je’, maldoso, retorquia-lhe sempre o mesmo bitaite: - Imagina Zé, se tinhas sido meu aluno…
Vamos demorar uns anos até percebermos bem (se é que…) os factores críticos da empregabilidade que servem ao Ricardo para sustentar a falácia.
- Não tenho a certeza, mas o que penso que o Ricardo quis dizer é que existe melhor empregabilidade (esta no conceito emprego) para formações de curta duração.
Isto é verdade e verdade, infelizmente, comprovada em alguns cursos-instituições, mas só é verdade porque os formandos que transitam para o mercado de trabalho são uma espécie de pau para toda a obra.
Começam, por exemplo, por aceitar trabalho de lavar equipamentos (nos turnos da noite) de uma agro-alimentar, ou de vender pão no Continente, – actividades que não parecendo, têm muito o que se lhe diga – mas, paulatina e, progressivamente, vão conquistando melhores posições em empresas ainda de pequeno porte, até se tornarem Directores de Produção, Gestores da Qualidade ou Gestores de Inovação, num processo autodidacta, a pulso, lento e penoso de “lerning by doing”; mas lá que funciona, funciona muito bem!

Por outro lado, esta melhoria da imagem pública dos politécnicos está também relacionada com o trabalho de promoção dos institutos que têm apostado «na ligação directa ao mercado de trabalho», acrescentou.
– Deus meu, ajuda-me… onde está esta melhoria de imagem? Caiu do Céu? Foi decretada? Foi uma imagem nova planeada pelas direcções dos Politécnicos?
blablablablablablablabla…

«Em Portugal, os candidatos sabem que os institutos oferecem mais facilidades para a empregabilidade», salientou Ricardo Pinto.
– Nem sabem, nem acreditam! Perguntem à Hays, à FlexiLabor, ao Such, à ManPower, à Randstad, à SDO, à CRH, à Atena, à RAY,… Vá lá façam um esforço, dêem uma volta pela malta dos RHs. Volto outra vez atrás, as verdades são sempre mais difíceis de sustentar do que os bitaites largados no ar e vento como se fossem papagaios.
Opinião semelhante manifestou Jorge Mendes, presidente do Politécnico da Guarda e representante no encontro do Conselho Coordenador dos Institutos Superiores Politécnicos, considerando que este sub-sector está a ultrapassar o «estigma» que tinha na sociedade portuguesa.
- Mal de ti Jorge Mendes, se assim não for. Não fazes mais do que a tua obrigação.

«É notório que os politécnicos estão a adaptar-se melhor a Bolonha» e isso também se reflecte na «capacidade de atracção» de novos alunos que têm vindo a aumentar em relação às universidades.
-blablablablablablablabla…
- Aqui, é mesmo para acreditar porque, havia até já formações politécnicas (1º e 2º ciclo de bietápicas) perfeitamente adaptadas a Bolonha, sem ser por Decreto/Despacho, e por sinal, muito mal feitos. O Processo de Bolonha tem quase 20 anos, e só não entrou, atempadamente, em Portugal, e em todas as instituições por causa da estrutura formativa das Universidades Publicas Portuguesas, porque ou elas ou os politécnicos iriam, seguramente, perder alunos. Conseguiram dar um nó cego na cabeça do é Mariano, e assim até temos essa aberração dos mestrados integrados, e a contra-corrente feita à aprovação dos mestrados em instituições Politécnicas.

Este dirigente espera que dentro de alguns anos, este trabalho de ligação às empresas e a opção por um ensino mais prático traga ainda mais benefícios às instituições.
-blablablablablablablabla…
-blablablablablablablabla…

«Sentimos que há uma mudança de comportamento» dos candidatos que vem «valorizar este esforço» que é feito pelas instituições, considerou Jorge Mendes.
–blablablablablablablabla…
- Não registei qualquer mudança de comportamento, o que há é maior facilidade de acesso na maior parte dos cursos politécnicos. Só quando o acesso a formações for homogeneizado, ou a diferenciação das formações for de facto consolidada – o que também é uma alternativa não explorada - é que saberemos se nos está ou não a passar a nossa embrumação mental, por mim, penso que ainda não passou nem será tão fácil de passar.

Diário Digital / Lusa 21Set2007

Há uma história giríssima, bem conhecida dos povos do sul:
«- Onde estavas Maria?
- Atão, estava pintando os lábios.
- Pr’a quê, Maria?
- Atão, pr’a ficar más bonita.
- Atão, porque na ficaste?»
Moral da história: Afinal, tenho que trabalhar o triplo, para ajudar os Politécnicos a trilhar o caminho a que têm direito; mas não queria que trilhassem o caminho que os velhos mestres lhes ensinaram. Esse, não será nunca o verdadeiro caminho das pedras. É que só há um caminho: - É mesmo o das pedras!

Nota técnica:
O autor, trabalhou que nem um danado para construir os caboucos da Escola Superior Aveiro-Norte, situada na aldeia industrial de Oliveira de Azeméis. Felizmente, está viva, tem perninhas fininhas ainda, mas interessa sobretudo que tenha cabeça, para trabalhar feio e forte com os homens bons das fábricas de OAZ, St.ª Maria, Vale de Cambra, S. João da Madeira, V.N. de Gaia, tal qual a fizemos.
Hoje, estou noutra onda, até porque a encomenda já foi entregue ao dono (agora é uma dona), mas mantenho o coração e o cérebro com tudo quanto tenho ajudado a criar. Se há coisa que nunca terá vida fácil é uma escola politécnica, seja filha de pais ricos ou da classe média baixa. Só mais uma coisa, que está aqui atravessada na garganta e não é sapo não:
- Os maiores inimigos que encontrei durante a gestação da Escola Aveiro-Norte, foram oficiais do mesmo ofício, ou seja, outros colegas, amigos e camaradas de escolas politécnicas. Será que isto acrescenta alguma coisa à minha pouca sabedoria?
- Alexandre não é o único a sofrer destas areias, e isto resulta só da nossa taxa de mudança de mentalidades não ter os ritmos que precisaríamos. Como o Alexandre mesmo nos disse, há que, antes, mudar o público.
E como me dizia uma das minhas avós: “…sabe que passar por contrariedades também é viver!”.







3 comentários:

Regina Nabais disse...

Olá Alexandre, actualmente, tive que regressar ao subterrâneos trabalho de mineração, razão porque não consigo acompanhar as marés dos acontecimentos, sem ler os outros blogs - e, o CO-LABOR, para mim, é uma inspiração.
Está a ver como são as opiniões? Pessoalmente, não concordo consigo, nem com o Ricardo - cada cabeça, uma sentença...
Hoje, vou roubar descaradamente parte do texto deste post, e os seus comentários vermelhos, para poder escrever uns comentários meus, a azul. Se calhar, depois envio-lhe o resultado por mail.

Alexandre Sousa disse...

Ai de nós, no dia em tudo estiver muito pouco Socrático.

Sabe o que lhe digo, às vezes temos que deixar saltar a tampa. São cedências a mais, de cá para lá e de lá para cá. Também não é caso para filmes de capa e espada, porque um dia destes fazemos todos as contas e recebemos sempre uns cêntimos a mais do que aquilo que gastamos.

Continuaremos...
Força com esse lápis azul, já que eu sinto mesmo que faltam quilómetros de lápis acerca de todas estas coisas.

Rosa Silvestre disse...

Olá Alex, este texto depois de o ler faz-me lembrar duas frases de duas canções:
"Pode alguém ser quem não é?" do Sérgio "e não e teu o que queres vender" do Palma e mais não digo...como dizia a minha avó para bom entendedor meia palavra basta.....gostei do blablablablablablablabla
Bom fim-de-semana