segunda-feira, 24 de setembro de 2007

CERI (2006) – a teoria dos cenários – primeira sessão



Nestas andanças de D.Quixote, Sancho Pança & Associados, dá para compreender que não há universidades excelentes. Recentemente, fui desafiado para fazer a trouxa e rumar ao Sul. O meu desafiador, tinha-me ouvido falar em Leiria, espicaçou-se com o meu panfletarismo, e vá de telefonar, emailar um convite, o que para um nómada de nascença como é o meu caso, significa aquele refrão da Lena d’Água: «quando o amor me chamar, basta fazer um sinal…».
No tal sítio, de que gosto muito, sentamo-nos calma e desassombradamente a falar daquilo que temos a presunção que sabemos falar. Na manga, eu levava apenas um esboço de comentários sobre um encontro da OCDE realizado em Atenas há 13 meses atrás. O meu simpático interlocutor sentado num bom cadeirão, confortável, daqueles à ‘prova de bala pelas costas’ várias vezes se sentiu encostado à ‘parede’ porque as nossas falas não coincidiam – estou à venda, sim, mas sou muito caro – e ele não me entendia sempre que eu murmurava, quase ao ouvido: - Troco tudo, por um grande amor…
A nuvem poirenta que sobrevoa a educação superior já andava no ar e lembro-me bem do incómodo que o Senhor do Sul evidenciou ao ouvir-me dizer com veemência que o status quo nada tem de defensável, sobretudo as grandes (tão poucas) universidades em geral. Irresistíveis forças económicas, sociais e tecnológicas mudaram o mundo em que se move a educação superior, por completo, e tornaram obsoleto o modelo identificado por quase toda a gente de topo, como sendo o seu (deles) modelo. A necessidade exige universidades altamente adaptáveis e líderes capazes de prosperar por entre a chuva ácida que vai caindo.
Falei-lhe na Universidade do Sul, numa revolução que até pode ser feita por conservadores de fato muito british todo às risquinhas, mas também disse que isso era só o fazer o «manual para uma revolução na universidade». Nenhuma das que estão por aí, muito menos o I.S.T. – e estou a dar por concluído o processo de emancipação – possui sólidas «ou sequer substanciais» vantagens competitivas. No meu entendimento parolo, a resposta que MH & Associados tem vindo a dar é a compra e venda de negócios «na esperança de se manterem na frente da curva do crescimento universitário». As escolinhas das regiões despovoadas vão expor factos que demonstrarão o «acelerado declínio da educação superior» tanto nas Us como nos Ps, ao resolverem as suas folhas de Excel com recurso aos «maiores de 23 anos» que chegarão ‘às pazadas’, catapultados pelo “Novas Oportunidades”.
Fusões e separações, só por si, terão muito pouco relevância no contexto actual: o meu veredicto pessimista é que esta compra e venda de negócios se destina apenas a «baralhar e tornar a dar» e não vai ter outro mérito que não seja o de fazer «apenas parte da loucura».
Todos percebemos que não há reitores, nem presidentes, maluquinhos por fusões, se os há por separações, esses, estarão a tomar uma rota irreal para resolver quatro megaproblemas. Primeiro, a previsibilidade fabrica-se; aprendi, quando tive a meu cargo a disciplina de econometria que: « os dados, se suficientemente torturados, confessam!». Segundo, o avanço tecnológico na educação e na instrução vai mudar muita coisa. Terceiro, esperam-se e desejam-se estudantes mais exigentes, com gostos mais diversificados e sobretudo mais sofisticados. Quarto, com a interacção destas forças, os velhos pressupostos foram dar uma volta com o Titanic.

Voltemos ao CERI (2006) e a alguns destaques da nossa leitura, tendo em consideração que não sei ler grego, que não são mais do que chamadas de atenção generalistas, mas bem intencionadas, assim à moda do «bem te avisei…».

Uma das consequências do processo de reinvenção da educação superior é a impossibilidade de conceber a actividade de qualquer instituição de forma isolada, sem estreito contacto com outras estruturas e organizações (empresariais ou não) que possam contribuir para chegar às metas traçadas.

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