segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Será que chega ter um Harry Potter «à portuguesa»???


Dizem os «experts» do Campo das Cebolas que, ao ritmo a que o nosso bem amado Primeiro-Ministro está a distribuir o portátil dos US$100, aí pelo final de 2007 mais de 50% dos que se dizem estudantes, serão possuidores de uma caixa mágica. Lá para 2012, pelo menos 95% destes mesmos, senão todos, estarão equipados a rigor. Os jardins, campos relvados, obviamente, os restaurantes e campus universitários estarão cobertos pela tecnologia de redes sem fio Wi-Fi. Os politécnicos como outra vertente do binário, vão esforçar-se por responder a este avanço dos betinhos, procurando ocupar os espaços ainda vagos, nas colectividades locais e de recreio, instalando pontos de acesso para o maralhal dos bairros populares e malta que começa a trabalhar mais cedo.

A Região Autónoma da Madeira, entre outras, dá os últimos retoques nas várias dezenas de pontos de acessibilidade Wi-Fi a fim de tocar fundo nos estudantes que procuram o Funchal, para aí desfrutarem de um bom fim-de-semana “à Lagardère”. Assim, aqueles que regularmente escolhem as pérolas do Atlântico para recuperar forças perdidas de segunda a sexta, dispõem de ‘hot-spots’ onde se podem conectar gratuitamente ao seu (deles) endereço numérico de trabalho (para um ‘connaisseur’: ao seu V/IP). Este tipo de abordagem, vai continuar na senda do ‘road map’ rumo à sua generalização, por todo um imenso Portugal.

O que mais me entusiasma nesta charmosa antevisão, é a quase-certeza em como, os estudantes, naquele seu infantil-carreirismo tipo tuna, vão seguramente, apropriar-se sem peias, das ferramentas de trabalho colaborativo. Assim sendo, nos cinco anos futuros, deveremos assistir à disseminação do trabalho em modo projecto nas universidades. Aquilo que hoje nos apoquenta por ser uma excepção tornar-se-á na boa regra.

Será que mais para a frente, os alunos ainda vão sair das suas tocas para assistir às clássicas lições?

Ora bem, os cursos exclusivamente à distância, não funcionam senão para 3 a 5% dos privilegiados, o resto do povo precisa mesmo de contacto humano e cheiro a sovaco. A chegada e difusão da ‘banda larga’ favorece a expansão dos ‘Webinars & Webcasts’, mas isso não chega. É preciso, nada mais nada menos que tratar da mistura das sessões presenciais e das aulas virtuais. No meu entendimento, as lições do tipo: «amanhã, a aula é no anfiteatro do Complexo Pedagógico…» vão ser acontecimentos excepcionais, reservados a esta ou aquela conferência de grandes especialistas capazes de criarem, eles sim, acontecimentos relevantes. Esse tipo de lições clássicas, vai desaparecer, em favorecimento dos trabalhos orientados para pequenos grupos (8 a 12 alunos, no máximo). Podemos imaginar, que todo o trabalho pessoal e uma parte do trabalho colectivo sejam efectuados à distância – o que exigirá uma gestão do tempo muito mais séria. Também, à moda de Aalborg (que saudade, saudade, minha terra…) teremos períodos de tempo mais concentrados de muitos meios-dias, em que estudantes e professores se encontrarão, fisicamente, para troca de ideias, confrontar resultados, ver caminhos alternativos,…

Toda a gente parece querer berrar pela anti-mutação das universidades, são hordas e camiões de freios, travões, areia nos rolamentos e outros truques que não deixam esta coisa avançar. Custa ouvir, mas para a maioria que brama pela perda da democraticidade eleitoral do «chefe», ai se eles pudessem, ainda andávamos a discutir entre Ptolomeu, Galileu, Copérnico e o saber da Santa Inquisição. Não chega querer sair da recitação dos textos. A cada um e a cada qual a sua responsabilidade. É preciso não esquecer, que na próxima eleição do reitor ou do presidente, eles deverão (?!) ser capazes de levar à prática uma conduta de mudança eficaz e fazer aderir as suas equipas (?!) a essa mesma perspectiva de actuação. Óbvio, no mundo universitário, a imposição nunca funcionou. Esta adesão dos professores, sejam ou não de carreira, ao princípio da mutação é factor crítico que fará do reitor ou do presidente, um vencedor. A não ser assim, continuaremos a ter por aqui e por ali, nada mais do que uma plêiade de empatas...

Mesmo que o povo ande por aí a dar ‘xutos e pontapés’ nos OLPCs de US$100.


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