terça-feira, 14 de agosto de 2007

Avaliação de Unidades de Investigação 2007


Pode parecer uma parolice reproduzir estes textos, mas às vezes a razão tem razões que a razão desconhece!

A Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), no âmbito do Programa de Financiamento Plurianual de Unidades de I&D, vai realizar uma completa reavaliação e acreditação internacional de todas as unidades de investigação com vista à sua melhor organização, à supressão de unidades de qualidade insuficiente e ao reforço de massas críticas por agregação de unidades em instituições de investigação integradas, com direcção científica única. Trata-se de um processo de revisão da rede de instituições científicas de modo a garantir a fiabilidade e qualidade do sistema científico nacional, segundo padrões internacionais. Embora mantendo na avaliação das unidades as normas estabilizadas em Portugal desde há uma década no que respeita a transparência, divulgação pública das decisões, garantia de recurso e classificação em escalões comparáveis, acentuar-se-ão na avaliação de 2007 os mecanismos de selectividade e concentração de recursos. Em paralelo a FCT irá lançar iniciativas de estímulo a novas formas de associação de capacidades e programas entre instituições de I&D e entre estas e outras entidades. Trata-se pois de uma oportunidade para a renovação do sistema de unidades de I&D e para a criação de novas formas de organização.
OBJECTIVOS DO PROGRAMA DE AVALIAÇÃO
• Promover uma rede moderna, competitiva e flexível de instituições de investigação científica e tecnológica no ensino superior e em instituições privadas sem fins lucrativos com actividades de investigação, fortalecendo um quadro institucional de exigência e organização sujeito a avaliação internacional periódica;
• Estimular instituições com massa critica a nível internacional, reforçando o seu planeamento estratégico, a liderança científica, a internacionalização das suas actividades e as suas ligações a empresas e outras entidades, visando o desenvolvimento de uma base científica e tecnológica dinâmica e competitiva em termos internacionais;
• Assegurar um modelo de financiamento plurianual estável das unidades de investigação dessas instituições, baseado em critérios de responsabilização e avaliação independente.
PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO
A avaliação das unidades cabe a painéis independentes, constituídos por domínios científicos, em que participam cientistas de instituições estrangeiras. O processo de avaliação é baseado nos seguintes critérios:
• A produção científica reconhecida e o mérito dos resultados da actividade científica, tendo em consideração a relevância da actividade de investigação corrente e planeada, assim como o nível de internacionalização das actividades científicas;
• Organização e ambiente de trabalho, tendo em especial consideração a concentração de massa critica a nível internacional e a gestão de recursos para a actividade de investigação, o que inclui necessariamente a capacidade de supervisão de estudantes de pós-graduação e o envolvimento de pós-doutorados nas actividades de I&D, assim como a capacidade de atrair estudantes do ensino superior para actividades de I&D;
• Difusão dos resultados da actividade e acções de promoção da cultura científica, incluindo naturalmente o nível de publicações da equipa de investigação nos principais periódicos científicos, assim como a participação em acções destinadas a promover a compreensão pública de ciência e tecnologia;
• Actividades de transferência de conhecimento e tecnologia, quando relevante, sendo particularmente considerado o registo e valorização de patentes, assim como actividades de comercialização de ciência e tecnologia e o desenvolvimento de protótipos.
CLASSIFICAÇÃO DAS UNIDADES
Como resultado da avaliação, as Unidades serão classificadas como: Excelente (Excellent), Muito Bom (Very Good), Bom (Good), Regular (Fair) ou Fraco (Poor). Só as Unidades classificadas como Excelente, Muito Bom ou Bom beneficiarão de Financiamento Plurianual, para as quais o respectivo financiamento plurianual de base será diferenciado.
PROCESSO DE AVALIAÇÃO
O processo de avaliação envolve:
1. Registo da Unidade perante a FCT, sendo possível:
• Manter a unidade de investigação, eventualmente alargando o seu âmbito e dimensão, considerando novos doutorados (assim como excluindo doutorados que desejem deixar de integrar a unidade).
• Extinguir unidades de investigação existentes, podendo os doutorados que integravam essas unidades vir a integrar outras unidades já existentes ou participar na proposta de criação excepcional de novas unidades.
• Propor a criação excepcional de novas unidades, o que requer uma justificação adequada aos parâmetros descritos acima (nesta opção incluem-se as unidades criadas por agregação de outras unidades, que neste caso terão de ser previamente extintas).
(É de realçar que em qualquer situação um doutorado só pode estar incluído numa única Unidade e que o Registo da Unidade requer a confirmação individual por parte de todos os doutorados de como desejam estar incluídos na Unidade.)
2. Entrega do Relatório de Actividades :
Submissão pelo coordenador das unidades de um Relatório de Actividades referente ao último quadriénio (2003-2006), incluindo um Plano de Actividades para o período de 2007-2010. Os relatórios serão apresentados em Inglês e organizados em duas partes, contendo em geral informação sucinta e resumida:
• Uma Parte A relativa à Unidade em geral, incluindo a sua organização, objectivos, resultados mais significativos, actividades de divulgação e principais aspectos do planeamento das actividades da unidade para o período 2007-2010
• Uma Parte B relativa a cada Grupo* dentro da Unidade, indicando o Investigador Responsável, outros doutorados envolvidos, objectivos, projectos financiados, resultados mais significativos, 10 publicações mais relevantes, formação de mestrados e/ou doutoramentos, organização de conferências, patentes ou protótipos, relação com a indústria e actividades de internacionalização. Adicionalmente, os grupos devem ainda identificar objectivos a desenvolver no período 2007-2010, assim como necessidades específicas.
*Um Grupo de investigação reporta a uma linha de acção, uma divisão, um laboratório ou qualquer outra forma de organização da Unidade. É esperado que os Grupos de Investigação sejam compostos por conjuntos de doutorados que partilham interesses e desenvolvem projectos com objectivos comuns. Um dos doutorados será designado como Investigador Responsável.
3. Avaliação dos relatórios, visitas e classificação global da Unidade:
Os painéis de avaliação realizarão uma análise preliminar dos relatórios e realizarão posteriormente uma visita às unidades, podendo ainda promover encontros com responsáveis e investigadores. Após as visitas, os painéis de avaliação procederão à classificação das unidades e à elaboração de um parecer fundamentado contendo informação pormenorizada sobre o desempenho dos seus grupos. Como resultado de uma avaliação preliminar claramente insuficiente, o coordenador do painel pode determinar a não realização da visita ou do encontro com responsáveis ou investigadores, e proceder à classificação e elaboração de parecer fundamentado.
4. Divulgação dos resultados:
Após a conclusão das visitas e elaboração dos pareceres, os resultados serão transmitidos às Unidades para comentários e clarificações. As classificações finais das Unidades serão posteriormente publicadas, estando sujeitas a recurso hierárquico para uma Comissão de Revisão a formar entretanto pela FCT.
NOTA TÉCNICA
O texto é da FCT; o 'bold' é obra cá da casa.

3 comentários:

Regina Nabais disse...

Pois, Alexandre, fez muito bem em publicar este texto. E ainda bem que também ressaltou a "bold" o extracto do texto.
O critério, que evidenciou, economicamente, vale o que vale (só 3% das patentes - refiro-me às da USPTO - são comercialmente interessantes), mas não há dúvida que é um critério e, para variar, estou francamente de acordo. Oh Diabo, estarei eu enferma?
Abraço,

Virgílio A. P. Machado disse...

O descaramento! O despudor!. Já não há mesmo vergonha nenhuma! Porque é que a FCT não contrata um painel para avaliar o seu desempenho e publica os resultados? Porque tornaria patente uma total e absoluta falta de credibilidade e seriedade? Se assim não é provem-no. Não me venham é com estes jogos de poder e manipulação de resultados mais que duvidosos. Não é assim? Provem-no com os resultados obtidos com os milhões que têm gasto. Foi para fomentar «as actividades de transferência de conhecimento e tecnologia, … o registo e valorização de patentes, assim como actividades de comercialização de ciência e tecnologia e o desenvolvimento de protótipos.» que foram financiados os doutorandos desempregados? Vamos ter muitas patentes e protótipos em Ciência Humanas e Sociais? Este delírio, poço sem fundo do dinheiro que é de todos, não tem fim? Para quê mais este exercício fútil? Para satisfazer mais quantas vaidades?

Uma solução muito mais económica, com melhor organização, fiabilidade, qualidade e massa crítica, segundo padrões internacionais. Uma rede moderna, competitiva e flexível, com planeamento estratégico, liderança científica, internacionalização das suas actividades e ligações a empresas e outras entidades, nomeadamente do ESTADO, constituindo uma base científica e tecnológica dinâmica e competitiva em termos internacionais: UMA ÚNICA UNIDADE para todo o país, constituída por Grupos de Investigação que reportem a uma linha de acção, uma divisão, um laboratório ou qualquer outra forma de organização da Unidade. Os Grupos de Investigação são compostos por conjuntos de doutorados que partilham interesses e desenvolvem projectos com objectivos comuns. Um dos doutorados será designado como Investigador Responsável. A UNIDADE até já tem nome: Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT). É simples, é barato e poupam-se milhões.

Anónimo disse...

Deixem-vos dar a seguinte informação: Avaliação do Centro de Psicologia ISCTE em 2006: Good. Minho e ISPA eram as únicas do país com Excellent... A Prof. Lígia Amânsio (ISCTE) foi ocupar uma vaga de Vice-presidente da FCT e agora 2008 o ISCTE obteve nota Excellent enquanto que ISPA e Minho ficam-se por Very Good!!!! Não há coincidências meus amigos (vejam o CV dos docentes destas três universidades e tirem as vossas ilações!) Vergonhoso este nosso país - país dos lobis e da corrupção! Parabéns Prof. Lígia Amânsio conseguiu o que queria!