segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Ah! pois... esse problema do treinador; chatice!!!



Porque Portugal está transformado num enorme problema de Futebol, porque o maior drama da nação é um livro publicado em nome de uma senhora em exercício nocturno e extrapolado para a altíssima Justiça (falta-lhe a verdade e falta-lhe a beleza) por outra senhora, esta dita de rímel, porque quem vive da saudade dos antigos campeonatos ouve o Francisco José ou compra CDs do Marceneiro, eu extravaso e deito fumo.


Ser do Norte, mesmo que isso signifique Ponto Cardeal, é ser singular face a muitas outras misturas. Há coisas que não se explicam, tais como ter filhos escuros quando se é casado com mulher branca. Ser do Norte está em queda, como as acções do Benfica, a irreverência dos portugueses (sempre castigada por quem pode & quem manda) ou a cantiga que dizia «a liberdade está a passar por aqui...».

Mas ser do Norte também é, fundamentalmente subir até às origens, matar saudades da Ilha de Ons, uma das componentes, junto à de Cies, Sálvora e Cortegada, do primeiro Parque Nacional de Galiza. Mas Ons possui também umas características socio-histórico-etnográficas que juntamente com a sua arquitectura popular marinheira e a sua excelente gastronomia, a convertem na Ilha mais interessante, não só do parque nacional mas de toda a costa da Ibéria.

Habitada na Idade do Bronze, como deixam claro os numerosos achados de materiais dessa época encontrados por toda a superfície do ilhéu. (p.ex: machado de Talón... - não confundir com o físico que retirava tirinhas adiposas às senhoras bem - ).
Existem dois castros, Castelo dos Mouros e Cova da Loba; um túmulo antropomorfo; restos do que podem ser o Mosteiro ou habitat monacal da Ilha.

A primeira referência histórica data do ano 899, em que foi doada ao Cabido Santiaguês pelos reis Alfonso III o Magno, Ordoño II e Alfonso V. No século XVI, aparece a família Montenegro como dona da Ilha, ao ser-lhe cedida pelo arcebispo Gaspar de Zuñiga e Avellaneda, o que se pode comprovar pelos documentos existentes no Museu de Pontevedra do foreiro pagador a Don Antonio Sarmiento Montenegro. Este assentamento viu-se obrigado a fugir em começos do século XVII pelas aterradoras incursões dos corsários nordicos, britânicos e turcos (tal como hoje). Posteriormente foi passada por herança aos descendentes de Montenegro, que desfrutaram da sua propriedade até ao ano 1810 quando a Junta Provincial de Armamento e Defensa da província de Santiago ordena defender a entrada da Ria de Pontevedra. Para fazer face aos enormes gastos, decidiu-se dividir a Ilha em Acções de Primeira Classe - todos aqueles que quiseram trabalhá-la tiveram que pagar um cânon a titulo de imposto - o que não é inovação alguma. Depois dos conflitos entre a Igreja e a Nobreza, saldou-se a favor do Marquês de Valladares, permitindo instalar uma fábrica de salgação (conservas de peixe salgadas) nas proximidades do cais o que produziu uma mudança na economia da Ilha. Depois da decadência das conservas salgadas em 1929, é quando a Ilha toma um novo rumo, foi vendida a Manuel Riobó por 250.000 pts., o qual forma nela uma Sociedade Mercantil que se dedica à secagem e comercialização do polvo. Até ao ano 1936 goza de uma década de bem estar e prosperidade, já que a abundância do polvo e o domínio dos habitantes da ilha na arte de pesca e da típica embarcação, a Dorna, os converte no principal ponto de referência quando se fala deste cefalópodo nas Rias Baixas.

Em 1936, com o estalar da Guerra Civil e pelas ideias políticas do então dono da Ilha, Didio Riobó, procurado e perseguido, pelo que toma a decisão de se suicidar, ficando os habitantes da ilha a partir desse momento numa situação de abandono e incerteza sobre o seu futuro e as suas propriedades na Ilha. A Ilha é expropriada no ano 1941, pelo Ramo de Guerra, e foi passando através dos anos de um organismo para outro, COLONIZACIÓN, ICONA, IRIDA até que finalmente em 1984 foi transferida para a XUNTA DE GALICIA.

Hoje constitui um bem de domínio público, mas com uma situação vizinhança todavia pendente de resolver, enquanto que os vizinhos, reclamam o direito à propriedade das casas que eles e os seus antepassados construíram, o governo autónomo dedica-se a realizar um estudo jurídico para solucionar esta insólita situação. Palavras para quê, são artistas do Norte.
Ou seja, se não falamos de Futebol, acabamos a falar de Polvo.
Ofereço dois livros usados a quem encontrar as 7 diferenças visíveis nesse boneco.

1 comentário:

J. Cadima Ribeiro disse...

Caro Alexandre Sousa,
Gostei muito de ler a sua crónica histórica.
Não imagina a inveja que me provoca sabê-lo por essas paragens, verdadeiramente do Norte (da Penisula Ibérica), a provar esses múltiplos petiscos do mar, "pulpo" ou não, em que esses minhotos do Norte são especialistas.
Deixe-me discordar da menor consideração que enuncia em relação ao fenómeno futebolistico, no seu todo. Confesso-lhe, a propósito, a minha admiração pelo trabalho de gestão de homens e pela capacidade de elaboração estratégica e táctica de gente como José Mourinho e Scolari.
Em termos mais comezinhos, tive pena que o FCP não tivesse transferido o Ricardo Quaresma no "defeso". Como se viu ontem, é a jóia da corôa que o nosso caro Jorge Nuno conserva.
Não lhes perdoe nenhum fruto do mar que lhe saiba bem.
Um abraço,