quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Porque gosto de ler Alexandre O’Neill?



Não resisto a dizer qualquer coisa, até porque – não usando eu, livros de cabeceira – vou buscar muitas vezes à estante as «poesias completas» para deambular por aqui e por ali.
Tive durante muito tempo, uma folha A4 pregada na parede da minha sala de trabalho, com um pequeno poema dele, que a mim me dizia muito, por circunstâncias várias adoptadas por mim, que sou órfão de pai e de muitas outras coisas a que chamamos vida.
Dos ‘seis poemas confiados à memória de Nora Mitrani’ fica aqui a parte da minha folha A4 que havia retirado ao O’Neill, como se tivesse passado a ser minha:

…….. II…..
Se eu pudesse dizer-te: - Senta aqui
nos meus joelhos, deixa-me alisar-te,
ó amável bichinho, o pêlo fino;
depois, a contra-pêlo, provocar-te!
Se eu pudesse juntar no mesmo fio
(infinito colar!) cada arrepio
que aos viajeiros comprazidos dedos
fizesse descobrir novos enredos!
Se eu pudesse fechar-te nesta mão,
tecedeira fiel de tantas linhas,
de tanto enredo imaginário, vão,
e incitar alguém: - Vê se adivinhas…
Então um fértil jogo amor seria.
Não este descerrar a mão vazia!
………………………………………………

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