sábado, 21 de março de 2009

A «miúda» do Zezito de Ouro



Confesso que gostaria de ter atacado hoje um outro tema.
A questão é estar assaltado por um receio que se estende de modo vago e impreciso, que não tem nada a ver com o desastre da nossa festa diária. Portugal é uma festa!
Será medo? Será apenas o feijão que não cabe lá no buraco do fundo? Será o trabalho? A cultura? A comunidade de cada um? Será o dia-a-dia nas empresas?
Convenhamos que o medo no seio das sociedades ameaça intervir, cada vez que nos passa pela cabeça que o poder possa mudar de mãos.
Em Portugal, mais de três €uros em cada dois provem do sector público. Os €uros circulam mal nos caminhos da terra mais ou menos lusitana – essa também é outra história que terá de ser recontada um dia. Na «nossa» Terra, os €uros andam de bola em bola para ver se ninguém lhes chama nomes e vai daí, palmilham travessas e vielas dominadas por decisões políticas ou burocráticas. Sob essas condições, como é possível que alguém não venha a ter medo? Sempre que a hipótese probabilística por um raio de um malvado acaso diz que o poder do meu amigo é passível de mudar de mãos sinto suores frios, pensar que me fogem do alcance (e do alfange) cargos de confiança, assessores, apontadores tácticos e estratégicos… oh! apagada e vil solidão.
Mas essa seria a única ligação normal. O que é anormal é que centenas de empresas e associações culturais, sociais, até os «pobres» dos eventos desportivos, são dependentes do dinheiro público e, portanto, da «coca», da «snifage», do cheiro e suor de quem sobe e desce os degraus e escadas do posso, quero e mando. E isso não é apenas culpa do Partido Socialista, é uma característica de todas as economias mal construídas, onde uma enorme percentagem da riqueza privada é político-dependente. Em todos estes regimes políticos que nos cercam aqui, ali e acolá, sufoca-nos a dependência, e cada vez mais nos irá sufocar a síndrome de abstinência do exercício da crítica.


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