sábado, 28 de junho de 2008

Dinâmicas da «research activity» ou da falta delas (I)



Também pode ser «da actividade de investigação» ou, por força da tendência concordata-ortográfica, podemos imaginar: «da actividade da pesquisa».

Fiquei impressionado, recentemente, ao passar os olhos por dois documentos de altíssimo relevo para áreas de conhecimento relacionadas com agricultura e ambiente, representativas de significativa fatia do orçamento da European Commission, onde houve esquecimento da menção dos investigadores portugueses que a esta temática se dedicam.
Porque se trata de Ambiente, Alimentação, Energia, Alteração Climática, Alteração Demográfica, Despovoamento, Desenvolvimento Regional, Economia Rural (?!), Ciência e Tecnologia, Economia, …, porque há pessoas a quem a União Europeia, confiou palpites, sound bites, cenários para vinte anos, fico perspecto com a constatação de que estamos ausentes da discussão colectiva. Isto é, estamos na Europa para estender a mão ao 'Abreu' (dá cá o meu…) mas, calamo-nos na hora de emitir opinião, encolhemo-nos no tempo – difícil – da decisão. E, a verdade é que o 'Abreu' deixa por cá ficar umas boas resmas de euros, à conta do «nosso» interesse na coisa.

Perspecto, diz-se no meu sítio, quando se quer dizer embasbacado.
Até porque, tantíssima gente, de escolas de primeira e segunda água, nunca se cansa de publicar ‘papers’ e outros artefactos do conhecimento. Pelos vistos, que ninguém lê.

Se ninguém lê o que por cá se escreve, é urgente repensar o que nos faz mexer. Ignorar o que nós escrevemos, mesmo que sejamos magnânimos nos juízos que emitimos, quer dizer que anda por aí à solta algum sentimento de reprovação.

Porquê tantos estudos reprovados? Historicamente, as fundamentais (e fatais) fraquezas das candidaturas e propostas são:

1) Investigação mal definida (metas, objectivos, e finalizações);
2) Informação contextual insuficiente e mal-anotada;
3) Métodos fracos ou inexistentes;
4) Falta de um plano bem pensado no que se refere aos resultados quantitativos (qualitativos).

A revisão científica e ética da investigação é um processo detalhado, composto por múltiplos passos, alguns de grande intensidade e que envolve muitas pessoas.

Não há falta de vozes, a apontar para uma série de razões justificativas da colaboração entre universidades e laboratórios nacionais, não importa se públicos se privados. Os laboratórios têm alguma tradição de investimento em instalações, equipamentos e pessoal. Isso é muito atraente para os investigadores universitários, que não podem ter acesso – no seu sítio - a grandes instalações científicas ou a equipas de investigadores a trabalhar em áreas de aplicação específica. Outro benefício da investigação colaborativa é o do problema mais vasto, colocado à disposição dos investigadores universitários que trabalham com equipas de laboratório de âmbito nacional.
Os laboratórios são vistos por muitos como tendo uma forte ligação aos problemas reais (orientado para a missão), o que continua a ser suficiente para manter o alinhamento com a investigação académica, desde que seja garantida a capacidade de transferir a sua compreensão para situações universitárias. Os «ratos» de laboratório olham com bons olhos para as universidades, pois ali poderão realizar (teoricamente) investigação em ambiente menos constrangido, impulsionada pelo menos por mais missão e maior curiosidade intelectual, aumentando a sua produtividade científica, através da utilização de estudantes envolvidos em ‘chatíssimas’ graduações.

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