sábado, 1 de março de 2008

Demónios à solta




Trabalhava eu em anos juvenis numa multinacional Europeia – meu Deus, como é tão fácil trabalhar numa multinacional – e após meias trocas de informações internas, um administrador achou por bem, em Genève, almoçar comigo para me dizer, olhos nos olhos, num inglês de puro Cambridge:
- Tu, és um elemento magnífico, de quem todos gostamos, mas por favor, não escrevas, não escrevas nunca a dizer o que pensas acerca de nós.

O político António Costa, recentemente, tinha o demónio no corpo e disse coisas sobre o Jornal Público, que eu não seria capaz de dizer de Sócrates, de Lurdes, nem de Valter & Associados.

Há gente, que até andou a estudar, que também gritou acima e abaixo na Avenida da Liberdade, e no entanto, agora, demónio infiltrado no corpo diz de viva voz ao professor A e ao professor B que não devem escrever em blogues.

Esperança Barcelos, presidente do conselho pedagógico e do conselho executivo do agrupamento escolar Correia Mateus, em Leiria, está irritadíssima e escreve cartas a todo e qualquer macaco, por lhe terem divulgado a obra-de-arte:
«"Verbaliza a sua insatisfação/satisfação face a mudanças ocorridas no Sistema Educativo/na Escola através de críticas destrutivas potenciadoras de instabilidade no seio dos seus pares"» é um dos indicadores incluídos no critério da "dimensão ética" da avaliação de professores que Esperança, Lurdes, Valter & Associados querem pôr em prática até meados de 2008.
Quem meteu o Diabo no corpo da Esperança? Convenhamos que fez mal!

Confesso a minha fraqueza. Telefonei ao Padre Fontes, esse mesmo, o de Vilar de Perdizes, e combinei uma ida à cidade grande deste imenso Portugal. Não digam nada, não espalhem a notícia; de noite faremos uma distribuição de alecrim, arruda, manjerona, barba de milho, alfádega e segurelha à volta das paredes do edifício onde se aloja o eixo do mal (Ministério da Educação). Ao raiar da aurora, passaremos pelos buracos da fechadura, cheiros e aromas, haxixe, flor queimada, mirra, incenso e outras caínas.
Á saída, deixaremos em surdina uns toques do Eric Clapton…


2 comentários:

Anónimo disse...

A cegueira falaciosa é mais radical e imbecil que a tolice que pretende criticar. Leia-se tudo o que consta da frase. O que seria avaliado negativamente, era a provocação de conflitos entre pares devido a críticas destrutivas, quer fossem motivadas por insatisfação ou por SATISFAÇÃO com as mudanças de nível nacional ou local. Com algum esforço adicional, dever-se-ia ler ainda o critério alternativo (valorizado positivamente). Pensando um pouco, faz ou não sentido que as concordâncias ou discordâncias, sejam expressas em total respeito por todas as opiniões, preservando um clima de cordialidade entre pares? Fará ou não sentido que as salas de aula sejam "poupadas" ao combate político, sindical e laboral? A redacção é infeliz apenas porque toda a conflitualidade e intolerância é de rejeitar, seja a que tem por motivo as decisões de política educativa, seja a que tem origem em qualquer outra questão. É difícil perceber isto? Crucifiquem a Presidente do CE e já agora lembrem-se que foi eleita pelos seus pares!

Alexandre Sousa disse...

Olá EEE, bom dia!
Estava a ver que não reagias. E logo tu, a consumir o Dia do Senhor, com esta treta toda. Bem hajas.