sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Universidade do futuro = Universidade marginalizada




É verdade que estou de partida e quem fica de fora racha lenha. Bom exercício físico, em especial, se não for praticado com a cabeça. Gosto tanto disto que não me importo de ficar por aqui e andar por ali nem que seja com vínculo de estudante. Também me vou oferecer para Sábados de limpeza, Testes de usabilidade da rede Wi-Fi, Campanhas de Promoção do Portela + S.Jacinto e sobretudo para dar umas corridinhas na Praia da Barra à espera que o nosso bem amado PM apareça.
Continuo perspecto com a asinidade demonstrada, evidenciada, patenteada por gente responsável de tanta universidade portuguesa quando diz, irresponsavelmente, que a universidade não é «agência de emprego». Os nossos reitores andam afastados do mundo, sobrecarregados com este fado de ciência periférica e deitam bolas fora como qualquer jogador de quarta categoria quando sente que o jogo está a terminar e já não tem tempo de dar a volta ao resultado.
Debatemos de modo interminável todo o acessório de Bologna, enredamo-nos mentirosamente na teia temporal e organizativa, fazendo jus à nossa glória de burocratas mal acabados. Porém, confronto-me com escassa produção resultante da actividade de design de novos cursos, dos que a sociedade (de desempregados) necessita para os novos tempos. Falamos e debatemos imenso os parâmetros do sistema ou do anti-sistema de eleição das novas autoridades mas temos vergonha de engolir em seco a nossa ignorância de ideias e de propostas sobre autonomia de praticar a procura de recursos, sobretudo se pensarmos que a minha autonomia não é igual à do meu amigo, colega e camarada.
Dizer que há, nas nossas universidades capacidade e talento para abordar esse futuro, é um chavão repleto de Pais Natais a dizer que sim, provavelmente com o saco cheio de esquemas e de projectos e de iniciativas para o ano que espreita algures por aí.

Discutimos muito (¿!) acerca das vantagens da acreditação (fundamentada sobre papéis) ou do que deve ser a habilitação nacional que a partir das «novas oportunidades» deverá abrir a porta à carreira universitária, única preocupação dos Reitores, porque continuam a crer que aumentar o número dos alunos é a última e reencarnada esperança de vida até alcançar os 65 anos. Espantamo-nos, nada se tem feito em favor, nem a mínima análise sobre a interdisciplinaridade, algo fundamental porque é um terreno no qual se joga actualmente o grande avanço do conhecimento técnico-científico, que reclama um novo esquema de áreas de conhecimento.
A universidade é o sitio natural para os projectos mais destruidores da ‘patine’ institucionalizada, os que protagonizam real avanço do conhecimento, a educação e a evidência de capacidade para as tarefas profissionais, de maior intensidade na lida e administração desse conhecimento, a abertura de fronteiras para o futuro.
As instituições de educação superior e algumas também de investigação, segundo a sua especialidade e orientação devem ser capazes de assumir desafios em todos os terrenos, mesmo no da empregabilidade, porque definem a sua própria razão de ser.
Qualquer patarata, quanto eu, se dá conta que, em Portugal podemos constatar como a Universidade tem ficado à margem do desenvolvimento de muitas iniciativas que podiam ser genuinamente universitárias, mesmo que e provavelmente com alguns sectores de actividade económica, sobretudo porque são eles que possuem o emprego.
É urgente avisar toda a gente, que precisamos reflectir sobre a necessidade de que os recursos que se espalham sobre o tabuleiro e ficam à disposição e uso para o desenvolvimento técnico-científico produzam os melhores rendimentos. É necessário que a Universidade se organize de tal forma que mereça a máxima confiança para empreender essas iniciativas e consiga leva-las a cabo com eficácia. Aqui está uma das chaves para esse debate, quase permanente, sobre a Universidade que queremos e necessitamos.

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