sábado, 10 de novembro de 2007

EDUCAÇÃO SUPERIOR – Tornar díspares o que parecem ser sistemas uniformes

A principal tradição dos profissionais dos sistemas de informação, sempre festejada no pontapé de saída de qualquer projecto, envolve um fenómeno que poderemos chamar: padrão ontológico (desde que isso não pareça ofensa aos profissionais da filosofia). Quando começo a escrever um programa para computador, o primeiro desafio é o de definir a ontologia que as estruturas de dados irão reflectir – ou seja, definir o tipo de coisas (ou a realidade) de que o mundo é feito e, portanto, o tipo de objectos criado e guardado através do funcionamento das aplicações. Em termos técnicos, isto chama-se um modelo de dados.
Ontologias são modos formalizados de descrever aspectos do chamado mundo real. Usam-se, tendo em conta duas importantes finalidades: a) permitir que múltiplas pessoas e computadores possam concordar com os mesmos factos & b) possibilitar aos computadores, a ‘prática’ de inferências, habitualmente feitas com base na classificação de factos individuais (O docente tem cronicamente publicado trabalhos de I&D), em categorias (pessoa investigador), podendo aceder a factos da categoria (aumento do risco de ultrapassagem por morcão amigo do reitor) relevante para o indivíduo. Muitos outros tipos de raciocínio podem ser feitos.
No caso da educação superior, uma ontologia (convencionalmente) pode incluir pessoas, trabalhos, títulos, departamentos, cursos, licenciaturas, graus, e agora também, a governação. Qualquer aplicação informática cujo objecto seja este, funcionará correctamente, apenas se tudo o que representa o mundo real, p.ex. da universidade, puder estar contido dentro de uma dessas oito categorias - ou mais.

No velho modelo, independentemente de qualquer funcionamento em rede, as diferentes universidades desenvolveram as suas ontologias de modo (nada) independente umas das outras. São visíveis tendências, a ‘olho nu’, incluindo o chamado isomorfismo institucional: um padrão de analogias entre o funcionamento das diferentes organizações; no mundo da rede informacional (WEB em especial), as forças do isomorfismo institucional são enormemente amplificadas. Se um aluno optar por estudar fora do seu local de origem, existem centenas de diferentes escolas com cursos «bologneses» de três anos, pouco importa saber se o funcionamento interno dessas escolas pode ser mapeado de uma para a outra. Mas se, no extremo oposto, precisamos escolher um estudante de entre centenas de escolas por cada curso (impossível, se for por turma) para uma reunião sobre o mesmo «processo de Bologna», em seguida, as escolas necessitam de garantir que as suas definições de curso, entre outras condições importantes, são as mesmas.·Padrão Ontológico, então, é o que resulta, quando organizações separadas, num determinado campo institucional, disso necessitam para tornar mais uniformes as categorias fundamentais do seu funcionamento interno. Até recentemente, a questão foi levantada principalmente no contexto de fusões entre universidades (Para trás! Credo! Te arrenego Satanás.); Se os sistemas informáticos de duas universidades que pretextam uma inadmissível fusão não podem conversar entre si – digamos, porque as suas definições de docente e de aluno não correspondem – então esta conversação técnica, pode resultar num verdadeiro caos (Estamos a falar de ficção científica). No entanto, o mesmo problema pode surgir numa grande variedade de contextos institucionais, mesmo quando não são formalmente distintas as organizações que se pretendem fundir.

As Instituições de ensino superior, em Lisboa principalmente, agora concorrem, com base nos seus distintos programas: o ISEG, por exemplo, poderia ter sido classificado na revista Exame, uns furos acima da Faculdade de Economia da U.N.L. a pretexto de um ou outro inquérito (tantos seriam, até que lá chegasse…). Os Departamentos podem trabalhar o design dos currículos para as suas licenciaturas de acordo com a sua própria e diferenciada abordagem, e os alunos podem escolher o programa que melhor se enquadra com os seus valores, metas e objectivos. As Universidades e os Politécnicos podem projectar o seu ‘core business’, de acordo com uma filosofia educacional ou (quem diria) comercial. Porque as decisões sobre o programa, filosofia e conteúdo dos cursos são tomadas pelo corpo docente, o conteúdo e fronteiras entre cursos são flexíveis; tudo pode ser alterado para atender uma evolução conjuntural das circunstâncias, subversivamente até, se pode pensar em ter em linha de conta os interesses dos melhores alunos.

A lucubração já vai longa, que diabo, hoje é sábado, dia de música; como diria um meu antigo chefe de laboratório, que me via fazer o saco à sexta-feira (Eindhoven): Já vais para a loucura, é?
Bem, não nego que tenha saudades de Amsterdam, desses anos 70s, de…
A história não é para aqui chamada. O que quero chamar a atenção é para a iniciativa do Virgílio Machado:


http://scratchpad.wikia.com/wiki/Universidade_Portuguesa

Virgílio, explicará preto no branco, até porque ele é a «source», o que espera de cada um de vós.
Eu, humilde pedreiro livre, o que vos peço é, sempre que possível, deixem pistas para que possa ser tratado ontologicamente o vosso conhecimento e a vossa opinião sobre o cristal da educação superior ‘à la Portuguaise’.
Aos que, por variadíssimos e respeitáveis motivos, não vão escrever nada na WIKI, pedimos que se registem. Nós precisamos, no mínimo, de vinte membros que façam parte da seita, para termos direito a uma WIKI independente, com hino e bandeira, pois claro.


Agora que está terminado o trabalho…
Ouçam Melanie Safka - Ruby Tuesday (live 1982), quando a Melanie preenchia noite e dia.

Sem comentários: