Crónica do dia seguinte ou: hoje é dia de aproveitamento
Como dizia mensagem de uma amiga nossa, o blogue deve ser aproveitado!
Contrariando-me, porque gosto pouco de fazer resenhas, mas tb porque hoje é sábado e a Luísa veio do AllGarb dar um beijo à mãe que faz anos e aproveitar para dizer que durante anos desejava que a Tia Té fosse a mãe dela, porque a mãe dela deitava-a cedo na cama para depois aproveitar para estar com o pai, porque o pai é que era o centro do mundo, e coisa e tal. A Luísa é uma peça mágica do puzzle de muitos filhos de variadas raças e desvairadas gentes que sem se dar conta foi andando por gostos e amores de números e símbolos e abstracções e de crianças e desejo fecundo de pôr o burro deste país a mexer. Como diz o Régio no Cântico Negro (e suspeito que o meu país também diz): «Não sei por onde vou, Não sei para onde vou, Sei que não vou por aí!»
Durante os longos quilómetros que fizemos ontem, aproveitamos bem e mudamos o mundo várias vezes. Discutimos o mau filme da educação inferior em Portugal, a falta de humildade de quem manda, os programas de ensino (não deveriam ser de educação?!) feitos por gente que nunca esteve com os miúdos na escola!!! Que não falam, não conversam, não discutem, não ouvem, não aproveitam o saber dos outros.
A Luísa, que é de pensamento largo, luta isolada contra a hiper-penetração das calculadoras nos primeiros anos da Escola. Procura desesperadamente um mestrado em Portugal sobre «educação sexual» porque os miúdos vão saber tudo sobre preservativos + pílula do dia seguinte + mais anatomia do pénis mas com a ausência de educação dos adultos pseudo-preparados sim, mas sobretudo prontos para aproveitar o momento e tomar conta dos Gabinetes de Educação Sexual, sem saber contar uma boa história acerca do primeiro beijo ou (será pedir muito?!) mandar uns bitaites sobre o ciclo de vida do chamado «prazer sexual», imaginando eu que alguém sabe ou estuda essas coisas e também lê a República (Platão) onde Sócrates (o verdadeiro, o autêntico) dialoga com o pai de Polemarco, rodrigando sobre estas coisas da vida.
Batemos muito, batemos feio e forte nos falsos tecnocratas que pasquinam todo o mapa da Saúde em Portugal. Lembramo-nos do retrocesso, do andar para trás no fecho de serviços aos povos do interior. Informamo-nos mutuamente sobre o futuro aproveitamento desta tragédia estratégica que é o concentrar o imenso Portugal em torno da cidade grande. Irrita-nos saber que os médicos Galegos e os Andaluzes estão a ser solicitados para regressar ao outro lado da Ibéria, agora que as estatísticas e a aritmética política de outro modo de pensar o dia a dia dos povos, diz que são precisos mais médicos e mais enfermeiros nas outras regiões ibéricas. Infelizes, os que se debruçam sobre a ocidental serra lusitana, porque desses só nos interessará os ossos.
Amanhã a Luísa regressa ao seu posto de combate. Que aproveite bem!
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