quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Leis científicas sujeitas a violência laboratorial


A polícia deteve ontem um famoso físico, o Dr. Zé, após ter recebido denúncias sobre a possibilidade de estarem a ocorrer maus-tratos a uma Lei elucubrada no seu laboratório. A denúncia, feita por vizinhos anónimos, dizia que o famoso cientista estava a aproveitar o mês de Agosto, para levar a cabo uma experiência na qual a pobre Lei seria, repetidas vezes, submetida a um tratamento muito cruel. Segundo os denunciantes, o Dr. Zé pretende expor a Lei a práticas universitárias e politécnicas dominadas por um largo e numerosos grupo de doutorados equiparados a substâncias radioactivas com o objectivo de estudar o seu comportamento quando a Lei estivesse meio viva e meio morta. A polícia encontrou no laboratório do referido cientista ampla documentação em que estas repugnantes experiências eram descritas com muito detalhe e estavam a ser preparadas em várias línguas para serem enviadas para publicação em revistas e jornais científicos de referência, pois só assim costumam ser consideradas produção científica reconhecida pela FCT. Um regulamento jurídico que passava no local foi recolhido para exames médicos e, embora os maus-tratos não tenham sido confirmados, o Ministério Público e a PJ decidiram abrir um inquérito contra o famoso físico.

O caso está a ter ampla repercussão internacional e várias Universidades já manifestaram o seu total repúdio pelo ocorrido declarando que "experiências cruéis como estas não podem ser toleradas no mundo da ciência". O físico, embora gago, tem procurado defender-se com veemência, alegando que tem vindo a desenvolver uma nova teoria sobre um campo inovador a que deu o nome de "lei quântica", mas não conseguiu convencer o inspector nem a procuradora-adjunta. Após consulta a vários juristas e especialistas em regras que vivem na vizinhança da Assembleia da Republica, significativa maioria desta classe declarou nunca ter ouvido falar desta "lei quântica", pelo que a procuradora-adjunta preferiu acusar o físico de intenção criminosa e multá-lo numa soma proporcional ao próximo aumento da função pública, quantia esta pensada tendo em vista o seu eventual tratamento cruel para com a pobre Lei.

Última da manhã: Para satisfação de todos, a Lei do Dr. Zé está a passar muito bem mas a Sociedade Portuguesa de Protecção às Leis da Educação Superior decidiu proibir que este cientista tenha novas Leis em criação no seu laboratório e colocou a adorável Lei à disposição de quem estiver interessado, para adopção imediata.

Última hora: Vários Reitores da cidade grande entraram em disputa séria pela custódia da Lei do Dr. Zé; aguardamos desfecho até Setembro de 2007.

1 comentário:

J. Cadima Ribeiro disse...

Caro Alexandre Sousa,
Durante algum tempo pensei que se recusava a comentar o RJIES e algumas outras diatribes do género do "Zé Mariano" (não todas, obviamente, para não correr o risco do apelidarem de fundamentalista). Posto o que vejo agora, presumindo que interpreto bem o que escreve, atrevo-me a perguntar-lhe se já tem comprometida a tarde de 19 de Setembro pf.
É que, não tendo, talvez nos pudesse dar conta das suas reflexões sobre o tema, de viva voz (na perspectiva da implementação da lei).
Quando digo nos pudesse,leia-se: a meia dezena de trabalhores académicos da academia minhota.
Teria, é claro, que atravessar o Ave, e vir Minho adentro, abandonando o conforto de certo (des)norte.
Que me diz?
Um abraço,