quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Afinal... os milagres constroem-se!


IRLANDA
29 August 2007
Forfás has published its initial findings from the 2005-2006 Survey of Research and Development Performance in the Higher Education Sector which shows that the sector’s R&D performance exceeded €600 million for the first time – a growth rate of over 7% p.a. (in real terms) since 2004.
The survey found that:
Significant growth has enabled Ireland to match the R&D intensity of competitor countries. Ireland’s Higher Education R&D spend of 0.4% of GNP is comparable to the OECD average and exceeds that of the EU27.
The main sources of funding were:- Government Expenditure (direct and indirect);- EU funding through FP6 and the Research Councils; and- Business, individual and philanthropic funds.
The principal sources of funds were Science Foundation Ireland (SFI), Enterprise Ireland, the Higher Education Authority, the Health Research Board (HRB) and the Research Councils.
Of the University group UCC reported the highest R&D funding income of over €86 million, followed closely by Trinity College Dublin (€60 million), UCD (€53 million) and NUI Galway (€47 million).
Within the Institutes of Technology group Waterford IT (€9.2 million) and Dublin IT (€6.7 million) reported the highest income.
The numbers of researchers working in the sector increased by almost 1,150 since the last survey in 2004 to over 10,000. Since many researchers also teach, this equates to approximately 4,670 full-time equivalents (FTE’s). In international terms this is equivalent to 2.2 FTE researchers per 1000 in employment, which places Ireland close to the EU27 average but with someway to go to catch the EU leaders where the average is closer to 3.0 FTE researchers per 1,000 in employment.
Minister for Enterprise, Trade and Employment, Micheál Martin said, “By passing the €600 million mark investment in R&D in the Higher Education sector this country has reached a milestone which will ensure that we continue to be a location for high quality jobs into the future.
The Government is fully committed to continuing investment in this sector. As our third level institutions become major centres of research it is our hope that they will also continue to forge strong links with the private sector.”
Commenting on the survey results Martin Cronin, Chief Executive, Forfás said, “Economies at Ireland’s stage of development depend heavily on R&D activity, in both the public and private sectors, to enhance their knowledge, human and enterprise capital. The trends identified in this report are very encouraging and with the commitment of Government to expanding funding through the new Strategy for Science Technology and Innovation (including PRTLI 4) and NDP commitments we can expect further expansion in the years to come.”

Uns são de «direita» e pintam-se de «esquerda», outros de «esquerda» se dizem e aparecem-me pintados de «direita»…

Juro que fico sentado! Lembro-me daquela cantiga do Sérgio Godinho, em que ele dizia:
Cuidado, Casimiro cuidado com as imitações Cuidado, minha gente Cuidado justamente com as imitações

http://veillepedagogique.blog.lemonde.fr/

“Michel Rocard présidera la concertation sur la revalorisation du métier d’enseignant
Le comité chargé d’organiser la concertation sur la revalorisation du métier d’enseignant que doit engager le ministre de l’éducation, Xavier Darcos, sera placé “sous la haute autorité” de l’ancien premier ministre socialiste, selon nos informations. Cette nomination apparaît comme une nouvelle marque de l’”ouverture” prônée par Nicolas Sarkozy.
Ce comité sera animé par le conseiller d’Etat Marcel Pochard, directeur général de l’administration publique de 1993 à 1998. Le ministre de l’éducation devrait commenter le symbole que constitue l’acceptation par M. Rocard de se porter caution de cette concertation, promise par M. Sarkozy lors de la campagne électorale, lors de sa conférence de presse de rentrée, mercredi 29 août en fin de matinée.

Será que eu, ainda sei ler francês???

E se o nosso bem amado Primeiro Ministro também sabe ler e convida por exemplo, sei lá bem, M. Roberto Carneiro ou até M. Marçal Grilo para um «livro negro» sobre a educação em Portugal?

segunda-feira, 27 de agosto de 2007

Será que chega ter um Harry Potter «à portuguesa»???


Dizem os «experts» do Campo das Cebolas que, ao ritmo a que o nosso bem amado Primeiro-Ministro está a distribuir o portátil dos US$100, aí pelo final de 2007 mais de 50% dos que se dizem estudantes, serão possuidores de uma caixa mágica. Lá para 2012, pelo menos 95% destes mesmos, senão todos, estarão equipados a rigor. Os jardins, campos relvados, obviamente, os restaurantes e campus universitários estarão cobertos pela tecnologia de redes sem fio Wi-Fi. Os politécnicos como outra vertente do binário, vão esforçar-se por responder a este avanço dos betinhos, procurando ocupar os espaços ainda vagos, nas colectividades locais e de recreio, instalando pontos de acesso para o maralhal dos bairros populares e malta que começa a trabalhar mais cedo.

A Região Autónoma da Madeira, entre outras, dá os últimos retoques nas várias dezenas de pontos de acessibilidade Wi-Fi a fim de tocar fundo nos estudantes que procuram o Funchal, para aí desfrutarem de um bom fim-de-semana “à Lagardère”. Assim, aqueles que regularmente escolhem as pérolas do Atlântico para recuperar forças perdidas de segunda a sexta, dispõem de ‘hot-spots’ onde se podem conectar gratuitamente ao seu (deles) endereço numérico de trabalho (para um ‘connaisseur’: ao seu V/IP). Este tipo de abordagem, vai continuar na senda do ‘road map’ rumo à sua generalização, por todo um imenso Portugal.

O que mais me entusiasma nesta charmosa antevisão, é a quase-certeza em como, os estudantes, naquele seu infantil-carreirismo tipo tuna, vão seguramente, apropriar-se sem peias, das ferramentas de trabalho colaborativo. Assim sendo, nos cinco anos futuros, deveremos assistir à disseminação do trabalho em modo projecto nas universidades. Aquilo que hoje nos apoquenta por ser uma excepção tornar-se-á na boa regra.

Será que mais para a frente, os alunos ainda vão sair das suas tocas para assistir às clássicas lições?

Ora bem, os cursos exclusivamente à distância, não funcionam senão para 3 a 5% dos privilegiados, o resto do povo precisa mesmo de contacto humano e cheiro a sovaco. A chegada e difusão da ‘banda larga’ favorece a expansão dos ‘Webinars & Webcasts’, mas isso não chega. É preciso, nada mais nada menos que tratar da mistura das sessões presenciais e das aulas virtuais. No meu entendimento, as lições do tipo: «amanhã, a aula é no anfiteatro do Complexo Pedagógico…» vão ser acontecimentos excepcionais, reservados a esta ou aquela conferência de grandes especialistas capazes de criarem, eles sim, acontecimentos relevantes. Esse tipo de lições clássicas, vai desaparecer, em favorecimento dos trabalhos orientados para pequenos grupos (8 a 12 alunos, no máximo). Podemos imaginar, que todo o trabalho pessoal e uma parte do trabalho colectivo sejam efectuados à distância – o que exigirá uma gestão do tempo muito mais séria. Também, à moda de Aalborg (que saudade, saudade, minha terra…) teremos períodos de tempo mais concentrados de muitos meios-dias, em que estudantes e professores se encontrarão, fisicamente, para troca de ideias, confrontar resultados, ver caminhos alternativos,…

Toda a gente parece querer berrar pela anti-mutação das universidades, são hordas e camiões de freios, travões, areia nos rolamentos e outros truques que não deixam esta coisa avançar. Custa ouvir, mas para a maioria que brama pela perda da democraticidade eleitoral do «chefe», ai se eles pudessem, ainda andávamos a discutir entre Ptolomeu, Galileu, Copérnico e o saber da Santa Inquisição. Não chega querer sair da recitação dos textos. A cada um e a cada qual a sua responsabilidade. É preciso não esquecer, que na próxima eleição do reitor ou do presidente, eles deverão (?!) ser capazes de levar à prática uma conduta de mudança eficaz e fazer aderir as suas equipas (?!) a essa mesma perspectiva de actuação. Óbvio, no mundo universitário, a imposição nunca funcionou. Esta adesão dos professores, sejam ou não de carreira, ao princípio da mutação é factor crítico que fará do reitor ou do presidente, um vencedor. A não ser assim, continuaremos a ter por aqui e por ali, nada mais do que uma plêiade de empatas...

Mesmo que o povo ande por aí a dar ‘xutos e pontapés’ nos OLPCs de US$100.


Reconhecimento Académico versus Profissional


Cada país Europeu pode ser considerado uma área de qualificações. Isto significa que as qualificações dos programas e/ou as instituições reconhecidas pelas autoridades (nacionais) competentes são reconhecidas automaticamente no país em causa. Todavia, as qualificações obtidas fora do país, não são aceites automaticamente: têm que ser reconhecidas. Isto pode ser requerido, por exemplo, tal como aconteceu quando eu estudei na Dinamarca e quis trabalhar em Espanha. Este procedimento é chamado «avaliação credencial» a fim de reconhecer uma qualificação estrangeira. Nesse caso, vai ser verificado se uma qualificação estrangeira pode ser aceite na área nacional das qualificações.
Os procedimentos da avaliação credencial são burocracias que custam tempo e dinheiro e são vistos como um incómodo e um entrave para a mobilidade dos estudantes e dos graduados em toda a Europa. Observemos que o processo de Bologna tem incidido sobre muitas questões que facilitam a mobilidade dos estudantes e dos graduados, no entanto, não houve nenhuma iniciativa europeia a limitar nem remover os procedimentos nacionais do reconhecimento. Uma iniciativa recente avança com a preocupação na criação de uma área de qualificações para as regiões transfronteiriças; esta será uma área na Europa, onde as qualificações estrangeiras poderão ser reconhecidas automaticamente.
O reconhecimento poderá estar baseado no facto das qualificações serem provenientes de instituições da educação superior e/ou programas acreditados por um dos membros do
European Consortium for Accreditation.

O reconhecimento de qualificações estrangeiras é a da responsabilidade das entidades responsáveis pela actividade do reconhecimento. Cada país europeu tem pelo menos uma destas entidades. Tradicionalmente, referimo-nos a estas entidades como
ENIC/NARICs (Information Centres on Recognition and Mobility/National Academic Recognition Information Centre) – em Portugal: http://www.naricportugal.pt/naric/.
Há dois tipos de reconhecimento internacional das qualificações: reconhecimento académico e reconhecimento profissional. O âmbito do reconhecimento académico tem a ver com as decisões que permitem a uma pessoa o prosseguimento de um curso de estudos ou confere o direito a usar um título ou uma graduação do país anfitrião na base de um título ou um grau nacional adquirido no país de origem. O reconhecimento profissional relaciona-se com as metodologias e os procedimentos para avaliar credenciais para finalidades de trabalho e é uma matéria muito intrincada. O sistema de qualificações profissionais reflecte quer o sistema nacional de educação quer a organização das profissões, organizadas sectorialmente ou profissões liberais. Em alguns países, tais como a Bélgica, Alemanha, Holanda (p.ex.), a maioria das qualificações académicas servem também como qualificações profissionais sem exigências adicionais. Noutros países, como o Reino Unido, as qualificações profissionais são adquiridas geralmente após conclusão do curso, como formação profissional específica que ocorre fora e depois de passar na universidade. Os requisitos profissionais podem ser ajustados sob cobertura da lei nacional, ou por organizações profissionais. O reconhecimento académico e o reconhecimento profissional têm objectivos diferentes e requerem abordagens e instrumentos diferenciados.
Entretanto, nada obsta a que partilhem uma mesma metodologia para avaliar a componente educacional da credencial ou da qualificação.


NOTA TÉCNICA:
O dono do blogue nunca escreveu uma linha que fosse original. Esta página foi construída com base no conhecimento difundido, via
http://ec.europa.eu/education/policies/rec_qual/recognition/in_en.html
Para além disso, foi muito importante a consulta dos ‘web sites’ dos membros da ENCA:
http://www.enqa.eu/agencies.lasso

domingo, 26 de agosto de 2007

Grande Espéctaculo vai no São Carulo

Associações profissionais vão ser obrigadas a reconhecer cursos



DIANA MENDES
HERNANI PEREIRA (imagem)

As associações profissionais vão ser obrigadas a reconhecer todos os cursos autorizados pelo Governo, devido à criação da nova Agência de Avaliação e Acreditação do Ensino Superior. O ministro do Ensino Superior, Mariano Gago, admitiu ao DN que "vai finalmente deixar de haver casos de cursos aprovados e que depois não são reconhecidos pelas associações profissionais".

A agência, em fase de criação, irá, assim, "recomeçar o processo, analisando os novos cursos e os que já existiam à luz dos novos critérios", esclareceu fonte do ministério, avançando que este é um requisito do Processo de Bolonha.

Mariano Gago, que também tem a tutela da Ciência e Tecnologia, afirmou que eram "inúmeros os cursos que estavam autorizados pelo ministério e que não eram reconhecidos pelas associações". Os cursos de Engenharia, Arquitectura e Direito figuravam como exemplos, segundo o ministério. O DN apurou, nos próprios sites das associações, que há dezenas de cursos que não figuram na lista de acreditados. Na lista da Ordem dos Engenheiros, por exemplo, há 107 cursos que conferem aos estudantes o grau de engenheiro sem a obrigatoriedade de prestar exame de admissão à Ordem.

26-Agosto-2007


Com licença da nossa amiga

Lucília Nunes

e sem pagar nada ao Gato Fedorento, eu direi:
- VAI BUSCAR!

A Directiva 2005/36/CE do Parlamento Europeu e do Conselho (adoptada a 7 de Setembro e publicada a 30), relativa ao reconhecimento de qualificações profissionais na UE teve como objectivo consolidar as 15 Directivas adoptadas nos últimos 40 anos - e promover a reforma do regime das qualificações profissionais a fim de criar um quadro jurídico único e coerente.

Agrupou as três directivas relativas ao sistema geral (Directivas 89/48/CEE e 92/51/CEE do Conselho, a Directiva 1999/42/CE do Parlamento Europeu e do Conselho), a Directiva 2001/19/CE (SLIM) e as doze directivas sectoriais, abrangendo as sete profissões seguintes: enfermeiro responsável por cuidados gerais, médico, dentista, parteira, veterinário, farmacêutico e arquitecto. (GAERI)

A propósito, Stefano Zapallà, relator, afirmou:
Esta directiva importantíssima prende-se com uma questão fundamental, mais concretamente, com a realização do mercado interno. A autonomia nacional significa que cada Estado-Membro estabelece regras e procedimentos para o exercício das profissões, enquanto, no respeito dos Tratados, todos os cidadãos da União Europeia devem poder usufruir do direito de trabalhar, temporária ou permanentemente, em qualquer outro Estado-Membro da União, em plano de igualdade com quaisquer outros cidadãos do país de acolhimento. A autonomia nacional significa que cada governo decide quais os níveis mínimos de cultura e de formação exigidos para o acesso às diferentes profissões, estabelecendo também quem deverá autorizar e controlar o exercício dessas mesmas profissões.

Neste contexto de respeito pelos Tratados e de respeito pela autonomia nacional e pelo princípio da subsidiariedade, temos de harmonizar o sistema. Numerosas directivas regulamentaram esta matéria nas últimas décadas, mas, com esta directiva, o Parlamento unifica-as numa única iniciativa no âmbito de um macrossistema geral – embora respeitando algumas características especiais e algumas profissões.

E um dos membros da Comissão, Charlie McCreevy:

Acolho com particular satisfação a manutenção dos cinco níveis de qualificação, que desempenharam um papel fundamental no reconhecimento profissional a nível da UE nos últimos 15 anos. Esta solução garante a transparência necessária para aplicar o sistema e mantém as garantias de que os emigrantes já beneficiam.
(...) Numa Europa alargada, tornaram-se absolutamente imprescindíveis sistemas de gestão da nossa legislação mais eficazes. Os mecanismos e procedimentos estabelecidos pela directiva actualizam os já existentes e deviam garantir a sua eficaz execução nos próximos anos. (...) Permite-nos assegurar a consulta, adequada e eficaz, das organizações profissionais e aproveitar os resultados dessa consulta para as decisões a tomar através da comitologia. Assim, as associações profissionais estarão estreitamente associadas à execução da directiva.

Por fim, mas não menos importante, acolho com satisfação os aditamentos à posição comum sugeridos pelo Parlamento, como é o caso dos que se referem: primeiro, à possibilidade de as associações profissionais emitirem carteiras profissionais; depois, à possibilidade de harmonizar ainda mais, de futuro, outras profissões; e, em terceiro lugar, à cláusula anti-abuso, que impedirá a chamada “caça às qualificações”.

Apesar da extensão desta entrada, vale trazer aqui a definição das profissões liberais:

"Exerce uma profissão liberal quem presta serviços de carácter intelectual, no interesse do cliente e da colectividade, com base em qualificações profissionais específicas, a título pessoal, sob responsabilidade própria, de forma especializada e independente. O exercício da sua profissão está geralmente sujeito a obrigações jurídico-profissionais específicas, em conformidade com a legislação nacional e com o direito autonomamente criado pela respectiva representação profissional, garantindo e desenvolvendo o profissionalismo, a qualidade e a relação de confiança com o cliente.

A presente definição está em conformidade, nos seus critérios essenciais, com o acórdão do Tribunal de Justiça europeu no processo C-267/99, de 11 de Outubro de 2001. A definição no direito derivado proporciona segurança jurídica suplementar, sem prejudicar o objectivo da directiva. Ao mesmo tempo, é tido em conta o facto de o direito fundamental à liberdade de exercício da profissão apenas poder ser elaborado ou limitado pelo legislador. Assim se afasta a possibilidade de o direito estatutário, de grau inferior, produzido por organizações profissionais, poder assumir uma importância superior, sem o controlo do legislador. " (alteração na Directiva)

Saindo deste domínio, que é o da liberdade de circulação dos profissionais a quem são reconhecidas qualificações no Espaço Europeu, distinga-se a liberdade de, por exemplo, aceder ao ensino superior da inexistência de requisitos. Toda a gente pode aceder, conquanto tenha as condições requeridas. Por exemplo, ter realizado o 12º ano, os exames nacionais ou ter mais 95, são condições... Alguém entende que estarem definidos critérios ou pré-requisitos é violador da liberdade de aceder? Da mesma forma, aceder ao exercício de algumas profissões e ao título/cédula profissional, na inexistência de qualquer outro mecanismo regulador, tem de ter condições - em alguns casos, exigidas pela própria segurança dos cidadãos.

Em Portugal, temos
Catálogo Nacional de Qualificações (onde constam 213 qualificações para 40 áreas de educação e formação e, para cada qualificação, o Perfil Profissional e o Referencial de Formação associados, bem como as condições necessárias para a realização dos processos de reconhecimento e validação de competências profissionais - notaria que os perfis profissionais vão do 9º ano, 12º ano, post-secundário e superior),

Classificação Nacional das Profissões (ainda que se espere uma nova Classificação em 2008, esta conta) e a lista e condições das Profissões Regulamentadas.
E destas 137 regulamentadas (vale a pena darem uma olhadela à lista, e às profissões que inclui), e 12 autoreguladas e teêm Ordens profissionais -
Advogados, Arquitectos, Biólogos, Economistas, Enfermeiros, Engenheiros, Farmacêuticos, Médicos, Médicos Dentistas, Médicos Veterinários, Notários, Revisores Oficiais de Contas
Outros existiam em projecto ou ideia (é o caso dos Estatutos da Ordem dos Psicólogos parados há quase dois anos, julga-se que aguardando uma Lei Quadro das organizações profissionais).


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E VEJAM LÁ... EU, PAROLO, QUE ATÉ SOU CONTRA AS ORDENS PROFISSIONAIS, A TER QUE OCUPAR O MEU ESPAÇO, COM ESTAS COISAS.
Como dizia o meu amigo de infância, Afonso de Albuquerque:
- Mal com El-Rei por amor dos homens e mal com os Homens por amor de El-Rei!

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Entretanto, para que não fiquem dúvidas, sobre este assunto, em como existe documentação necessária e suficiente, por caminhos da querida Europa, para além dos corredores da cidade grande, deixo alguns apontadores (a cheirar a eduquês, ferrugem, electrões, betão armado, etc.), que podem ser consultados pelos ‘mouses’ do MCTES e que, noutras línguas que não a nossa, dão a ideia de que isto não é assim tão linear como enuncia Zé Mariano; no meu modestíssimo entender, em vez de uma equação algébrica, provavelmente temos uma equação diferencial de ordem superior a 2, o que, se bem lembro, é um berbicacho do caraças!

http://ec.europa.eu/internal_market/qualifications/
http://www.eur-lex.europa.eu/
http://www.claiu.org/
http://www.cefi.org/
http://www.euroeducation.net/
http://www.europschool.net/
http://www.eurydice.org/portal/page/portal/Eurydice
http://www.europarl.europa.eu/news/public/default_pt.htm
http://www.curia.europa.eu/pt/
http://www.feani.org/
http://portal.unesco.org/
http://www.educared.net/
http://www.mec.es/
http://www.bmbf.de/
http://www.daad.de/de/index.html (english)
http://www.tatsachen-ueber-deutschland.de/pt/home1.html
http://www.amb-allemagne.fr/
http://www.teikyo-berlin.com/studies.html
http://euredocs.sciences-po.fr/
http://www.minedu.fi/OPM/Tarkennettu_haku/Tarkennettu_haku?lang=fi (english)
http://www.oph.fi/english/frontpage.asp?path=447
http://www.rectors-council.helsinki.fi/english/index.html
http://www.finheec.fi/english/
http://www.education.gouv.fr/
http://www.etudiant.gouv.fr/
http://www.ciep.fr/
http://www.giustizia.it/
http://www.tuttoingegnere.it/web/ITA/
http://www.pubblica.istruzione.it/
http://www.dfes.gov.uk/
http://www.berr.gov.uk/
http://www.qaa.ac.uk/
http://www.directgov.gov.uk/en/index.htm
http://www.hero.ac.uk/uk/home/index.cfm
http://www.enseignement.be/citoyens/
http://www.msmt.cz/index.php?lchan=1&lred=1 (English)
http://www.mpo.cz/default_en.html
http://www.hsv.se/2.539a949110f3d5914ec800056285.html
http://www.studyinsweden.se/templates/cs/SISFrontPage.aspx?id=4908
http://eng.uvm.dk/
http://www.srpq.gr/index_en.htm?PHPSESSID=c1b60c22df97f22c4ef28ba4f66e98fc
http://www.okm.gov.hu/main.php?folderID=137
http://www.education.ie/home/home.jsp?pcategory=27173&ecategory=27173&language=EN
http://www.education.gov.mt/
http://www.nuffic.nl/
http://www.poland.pl/education/
http://info-poland.buffalo.edu/web/education/he/link.shtml
http://www.buwiwm.edu.pl/educ/
http://www.min-edu.pt/ (Ah!Ah!)
http://www.mces.pt/ (eh!eh!)


sábado, 25 de agosto de 2007

Portugueses do não-torna-viagem



Manuel Lima não ficou na Universidade Portuguesa e foi para a viagem.

Alguém tem dúvidas que, se cá ficasse, ML atingia este explendor??? esta excelência???



Manuel Lima is an interaction designer, information architect, researcher and founder of VisualComplexity.com - A comprehensive repository of complex network visualizations.
In 2002 he completed a 5 year BFA in Product Design at the Faculty of Architecture - UTL Lisbon and finished a 7 month internship at the design firm Kontrapunkt, in Copenhagen, Denmark. In May 2005 Manuel Lima completed his MFA degree from the Design+Technology program at Parsons School of Design, New York. For this purpose he received scholarships from Calouste Gulbenkian Foundation, the Luso-American Foundation and a Dean's scholarship from Parsons School of Design.
During the course of the MFA program Manuel worked for Siemens Corporate Research Center, the American Museum of Moving Image and Parsons Institute for Information Mapping in research projects for the National Geo-Spatial Intelligence Agency.
After 3 years living, studying, working and teaching in NYC, Manuel moved to London where he currently works as an Interaction Designer in R/GA.

sexta-feira, 24 de agosto de 2007

Porque gosto de trabalhar na Educação Superior?



Todos nós, os que trabalhamos em instituições da educação superior, sentimos na pele, que estas se reclamam de Excelência. Entretanto, reitores e presidentes, preocupados em manter poder e estatuto, dão entrevistas e multiplicam-se em declarações de amizade eterna para com os clubes de bairro.

Oh! Senhor… como eu gostava de ter condições técnicas e real suporte por parte dos meus colegas não docentes, para proporcionar coisas destas (ver o que se segue) aos meus alunos.

Deixo-vos esta coisa interessante sobre o HL7 (um dos standards dos registos electrónicos de saúde) e que é giro para vos entreter um destes dias em que já não sabeis que fazer às férias e em que vai chover torrencialmente.

The course is accessible at

http://www.xl.learnsomething.com/misctemp/DeleteAfter20070831/launcher.html

NOTA: NÃO CLICAR; COPIAR O ENDEREÇO PARA O BROWSER

Têm que fazer um esforço até 31.08.2007; depois acontece como às mensagens do 007: vão distribuir batata frita à inglesa para o Darfur.


Peço desculpa pelo tema, mas o sapateiro só tem sapatos na montra.


Bom regresso ao trabalho, se é que de lá saíram alguma vez.

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

Palavras para quê?






20 Agosto 2007

Autoria do Cartoon: Bandeira

- E lembras-te daquela vez, em 2007, há uns 30 anos, quando arrasamos um ou dois hectares de milho transgénico no Algarve...?

Porque gosto de ler Alexandre O’Neill?



Não resisto a dizer qualquer coisa, até porque – não usando eu, livros de cabeceira – vou buscar muitas vezes à estante as «poesias completas» para deambular por aqui e por ali.
Tive durante muito tempo, uma folha A4 pregada na parede da minha sala de trabalho, com um pequeno poema dele, que a mim me dizia muito, por circunstâncias várias adoptadas por mim, que sou órfão de pai e de muitas outras coisas a que chamamos vida.
Dos ‘seis poemas confiados à memória de Nora Mitrani’ fica aqui a parte da minha folha A4 que havia retirado ao O’Neill, como se tivesse passado a ser minha:

…….. II…..
Se eu pudesse dizer-te: - Senta aqui
nos meus joelhos, deixa-me alisar-te,
ó amável bichinho, o pêlo fino;
depois, a contra-pêlo, provocar-te!
Se eu pudesse juntar no mesmo fio
(infinito colar!) cada arrepio
que aos viajeiros comprazidos dedos
fizesse descobrir novos enredos!
Se eu pudesse fechar-te nesta mão,
tecedeira fiel de tantas linhas,
de tanto enredo imaginário, vão,
e incitar alguém: - Vê se adivinhas…
Então um fértil jogo amor seria.
Não este descerrar a mão vazia!
………………………………………………

segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Ah! pois... esse problema do treinador; chatice!!!



Porque Portugal está transformado num enorme problema de Futebol, porque o maior drama da nação é um livro publicado em nome de uma senhora em exercício nocturno e extrapolado para a altíssima Justiça (falta-lhe a verdade e falta-lhe a beleza) por outra senhora, esta dita de rímel, porque quem vive da saudade dos antigos campeonatos ouve o Francisco José ou compra CDs do Marceneiro, eu extravaso e deito fumo.


Ser do Norte, mesmo que isso signifique Ponto Cardeal, é ser singular face a muitas outras misturas. Há coisas que não se explicam, tais como ter filhos escuros quando se é casado com mulher branca. Ser do Norte está em queda, como as acções do Benfica, a irreverência dos portugueses (sempre castigada por quem pode & quem manda) ou a cantiga que dizia «a liberdade está a passar por aqui...».

Mas ser do Norte também é, fundamentalmente subir até às origens, matar saudades da Ilha de Ons, uma das componentes, junto à de Cies, Sálvora e Cortegada, do primeiro Parque Nacional de Galiza. Mas Ons possui também umas características socio-histórico-etnográficas que juntamente com a sua arquitectura popular marinheira e a sua excelente gastronomia, a convertem na Ilha mais interessante, não só do parque nacional mas de toda a costa da Ibéria.

Habitada na Idade do Bronze, como deixam claro os numerosos achados de materiais dessa época encontrados por toda a superfície do ilhéu. (p.ex: machado de Talón... - não confundir com o físico que retirava tirinhas adiposas às senhoras bem - ).
Existem dois castros, Castelo dos Mouros e Cova da Loba; um túmulo antropomorfo; restos do que podem ser o Mosteiro ou habitat monacal da Ilha.

A primeira referência histórica data do ano 899, em que foi doada ao Cabido Santiaguês pelos reis Alfonso III o Magno, Ordoño II e Alfonso V. No século XVI, aparece a família Montenegro como dona da Ilha, ao ser-lhe cedida pelo arcebispo Gaspar de Zuñiga e Avellaneda, o que se pode comprovar pelos documentos existentes no Museu de Pontevedra do foreiro pagador a Don Antonio Sarmiento Montenegro. Este assentamento viu-se obrigado a fugir em começos do século XVII pelas aterradoras incursões dos corsários nordicos, britânicos e turcos (tal como hoje). Posteriormente foi passada por herança aos descendentes de Montenegro, que desfrutaram da sua propriedade até ao ano 1810 quando a Junta Provincial de Armamento e Defensa da província de Santiago ordena defender a entrada da Ria de Pontevedra. Para fazer face aos enormes gastos, decidiu-se dividir a Ilha em Acções de Primeira Classe - todos aqueles que quiseram trabalhá-la tiveram que pagar um cânon a titulo de imposto - o que não é inovação alguma. Depois dos conflitos entre a Igreja e a Nobreza, saldou-se a favor do Marquês de Valladares, permitindo instalar uma fábrica de salgação (conservas de peixe salgadas) nas proximidades do cais o que produziu uma mudança na economia da Ilha. Depois da decadência das conservas salgadas em 1929, é quando a Ilha toma um novo rumo, foi vendida a Manuel Riobó por 250.000 pts., o qual forma nela uma Sociedade Mercantil que se dedica à secagem e comercialização do polvo. Até ao ano 1936 goza de uma década de bem estar e prosperidade, já que a abundância do polvo e o domínio dos habitantes da ilha na arte de pesca e da típica embarcação, a Dorna, os converte no principal ponto de referência quando se fala deste cefalópodo nas Rias Baixas.

Em 1936, com o estalar da Guerra Civil e pelas ideias políticas do então dono da Ilha, Didio Riobó, procurado e perseguido, pelo que toma a decisão de se suicidar, ficando os habitantes da ilha a partir desse momento numa situação de abandono e incerteza sobre o seu futuro e as suas propriedades na Ilha. A Ilha é expropriada no ano 1941, pelo Ramo de Guerra, e foi passando através dos anos de um organismo para outro, COLONIZACIÓN, ICONA, IRIDA até que finalmente em 1984 foi transferida para a XUNTA DE GALICIA.

Hoje constitui um bem de domínio público, mas com uma situação vizinhança todavia pendente de resolver, enquanto que os vizinhos, reclamam o direito à propriedade das casas que eles e os seus antepassados construíram, o governo autónomo dedica-se a realizar um estudo jurídico para solucionar esta insólita situação. Palavras para quê, são artistas do Norte.
Ou seja, se não falamos de Futebol, acabamos a falar de Polvo.
Ofereço dois livros usados a quem encontrar as 7 diferenças visíveis nesse boneco.

domingo, 19 de agosto de 2007

Esta coisa de sermos todos colegas, companheiros e camaradas



Senhor Ministro da Ciência e da Tecnologia

Prof. Dr. José Mariano Rebelo Pires Gago

Vá lá, faça como o seu amigo Janez Potočnik:

“As Commissioner for Science and Research since 2004, it is my objective to improve the situation for research and researchers in the EU. Through research we gain knowledge and knowledge is essential for growth and an enhanced quality of life. Here, in my blog, I share with you my views on a wide variety of topics affecting Europe.

My blog address is: http://blogs.ec.europa.eu/potocnik

Povo da cidade grande:

- Eu já mandei uma mensagem para o endereço oficial do MCTES; faça como eu, tire-se de encolhas e mande uma mensagem para o dono do MCTES, peça-lhe para criar um blogue na WEB. Garanto-lhe que a seguir, o MFTVHeitor também põe uma coisa dessas!

Breakpoints do RJAQES (I)



Por estes dias de primavera/verão, andamos (quase) todos preocupados com o remendado RJIES e esquecemo-nos do apinocado RJAQES.

No meu modesto entendimento do ‘road map’ traçado por Zé Mariano, dando de barato que ele tem razão quando diz que o desempenho global das instituiçõezinhas do ensino superior é mau, que a investigação produzida não tem relevância senão para justificar umas bolsas equivalentes ao pagamento de salário mínimo e meio a mão de obra barata que povoa o chão das tais IES, que o processo de concepção e fabrico de um qualquer Reitor é um «cozido à portuguesa» mal amanhado – também pode ser Ratatouille -, que a comunidade envolvente local ou regional de uma qualquer das IES não é ouvida nem achada a não ser para tirar umas fotos de família, que o tal Reitor – também pode ser o tal Presidente – não passa de um «irresponsabilizado» pela monotonia de uma viagem parada empreendida pela sua (dele) instituição face ao caminho rumo ao futuro, etc. & coisa e tal; portanto e como ia dizendo: - Oh! Zé, deixa lá, tu nesses pontos não deixas de ter razão, o que não tens é músculo em várias partes do corpo, para impor a correcção do discurso nacional, mas que me dizes se o tal RJAQES avançar? Oh! pá, enquanto os gajos estão a ler os 200 artigos e parágrafos do RJIES, tu…zumba! Casca-lhes em cima!

A malta que passou uns anos a perorar ciências da computação – para os mais distraídos: os europeus chamam-lhe informática – conhece de ginjeira uma técnica chamada ‘breakpoints’ e que não deve ser confundida com breakdance, embora às vezes atire para esse lado. Os breakpoints são, «mal comparados», linhas existentes ao longo de um programa (como este do Zé Mariano) que nós, arbitrariamente, queremos suspender a execução – temporária – para olhar com paciência, observar a expressão, um pouco à imagem de uma ‘special watch window’ que instalamos num dos cantos do nosso ecrã.

RJAQES

CAPÍTULO II

Princípios gerais

Artigo 3.º

Objecto da avaliação

1 — A avaliação tem por objecto a qualidade do desempenho dos estabelecimentos de ensino superior, medindo o grau de cumprimento da sua missão através de parâmetros de desempenho relacionados com a respectiva actuação e com os resultados dela decorrentes.

…………………

…………………

Artigo 4.º

Parâmetros de avaliação da qualidade

1 — São parâmetros de avaliação da qualidade relacionados com a actuação dos estabelecimentos de ensino superior, designadamente:

a) O ensino ministrado, nomeadamente o seu nível científico, as metodologias de ensino e de aprendizagem e os processos de avaliação dos estudantes;

b) A qualificação do corpo docente e a sua adequação à missão da instituição;

c) A estratégia adoptada para garantir a qualidade do ensino e a forma como a mesma é concretizada;

d) A actividade científica, tecnológica e artística devidamente avaliada e reconhecida, adequada à missão da instituição;

e) A cooperação internacional;

f) A colaboração interdisciplinar, interdepartamental e interinstitucional;

g) A eficiência de organização e de gestão;

h) As instalações e o equipamento didáctico e científico;

i) Os mecanismos de acção social.

2 — São parâmetros de avaliação da qualidade relacionados com os resultados decorrentes da actividade dos estabelecimentos de ensino superior, designadamente:

a) A adequação do ensino ministrado em cada ciclo de estudos às competências cuja aquisição aqueles devem assegurar;

b) A realização de ciclos de estudos em conjunto com outras instituições, nacionais ou estrangeiras;

c) A evolução da procura e o alargamento da base social de recrutamento dos estudantes;

d) A capacidade de promover com sucesso a integração dos estudantes;

e) O sucesso escolar;

f) A inserção dos diplomados no mercado de trabalho;

g) A produção científica, tecnológica e artística adequada à missão da instituição;

h) O contacto dos estudantes com actividades de investigação desde os primeiros anos;

i) A valorização económica das actividades de investigação e de desenvolvimento tecnológico adequadas à missão da instituição;

j) A integração em projectos e parcerias nacionais e internacionais;

l) A prestação de serviços à comunidade;

m) O contributo para o desenvolvimento regional e nacional adequado à missão da instituição;

n) A acção cultural, desportiva, artística e, designadamente, o contributo para a promoção da cultura científica;

o) A captação de receitas próprias através da actividade desenvolvida;

p) A informação sobre a instituição e sobre o ensino nela ministrado.


Acima, está enunciado o grosso dos ‘breakpoints’ que me interessam como ‘voyeur’ despudorado destas coisas. Uma boa parte deles, faz parte do célebre filme «A Treta», pelo que a Agência de avaliação e acreditação para a garantia da qualidade vai passar por essas fitas como um camelo passa pelo Museu da Água, outras não. Será para esse meia dúzia de ‘breakpoints’ distintivos, que o Zé Mariano apontará as câmaras de alta resolução e preparará as vingançazinhas tão ao gosto e cultura portuguesa. Continuo a cismar, que o nosso homem apesar de usar óculos à rico, não vai além da chinela, mas vamos andar e vamos ver.

Porque isto de escrever em blogues, não parece mas tem regras, prometo aos milhões de leitores que se interessam por estas coisas, que nos próximos dias não vou comer, nem beber, nem fumar: só terei neurónios para passar os ‘breakpoints’ pela varinha mágica da minha cozinha.

Até láááááááááá.

quarta-feira, 15 de agosto de 2007

Leis científicas sujeitas a violência laboratorial


A polícia deteve ontem um famoso físico, o Dr. Zé, após ter recebido denúncias sobre a possibilidade de estarem a ocorrer maus-tratos a uma Lei elucubrada no seu laboratório. A denúncia, feita por vizinhos anónimos, dizia que o famoso cientista estava a aproveitar o mês de Agosto, para levar a cabo uma experiência na qual a pobre Lei seria, repetidas vezes, submetida a um tratamento muito cruel. Segundo os denunciantes, o Dr. Zé pretende expor a Lei a práticas universitárias e politécnicas dominadas por um largo e numerosos grupo de doutorados equiparados a substâncias radioactivas com o objectivo de estudar o seu comportamento quando a Lei estivesse meio viva e meio morta. A polícia encontrou no laboratório do referido cientista ampla documentação em que estas repugnantes experiências eram descritas com muito detalhe e estavam a ser preparadas em várias línguas para serem enviadas para publicação em revistas e jornais científicos de referência, pois só assim costumam ser consideradas produção científica reconhecida pela FCT. Um regulamento jurídico que passava no local foi recolhido para exames médicos e, embora os maus-tratos não tenham sido confirmados, o Ministério Público e a PJ decidiram abrir um inquérito contra o famoso físico.

O caso está a ter ampla repercussão internacional e várias Universidades já manifestaram o seu total repúdio pelo ocorrido declarando que "experiências cruéis como estas não podem ser toleradas no mundo da ciência". O físico, embora gago, tem procurado defender-se com veemência, alegando que tem vindo a desenvolver uma nova teoria sobre um campo inovador a que deu o nome de "lei quântica", mas não conseguiu convencer o inspector nem a procuradora-adjunta. Após consulta a vários juristas e especialistas em regras que vivem na vizinhança da Assembleia da Republica, significativa maioria desta classe declarou nunca ter ouvido falar desta "lei quântica", pelo que a procuradora-adjunta preferiu acusar o físico de intenção criminosa e multá-lo numa soma proporcional ao próximo aumento da função pública, quantia esta pensada tendo em vista o seu eventual tratamento cruel para com a pobre Lei.

Última da manhã: Para satisfação de todos, a Lei do Dr. Zé está a passar muito bem mas a Sociedade Portuguesa de Protecção às Leis da Educação Superior decidiu proibir que este cientista tenha novas Leis em criação no seu laboratório e colocou a adorável Lei à disposição de quem estiver interessado, para adopção imediata.

Última hora: Vários Reitores da cidade grande entraram em disputa séria pela custódia da Lei do Dr. Zé; aguardamos desfecho até Setembro de 2007.

A Educação Superior precisa de um Livro de Reclamações



Este RJIES que era para ser e já não é, em verdade precisa de muito mais tempo para ser discutido, debatido, aquecido, estirado, afiado e temperado.
Senhor Professor Doutor Zé Mariano: - Tenha coragem, deite a Lei aprovada pela maioria da sua Assembleia da Republica ao lixo e comece tudo de novo.
Há uma boa prática em Ciência que faz parte do nosso juramento, sem a qual não nos podemos filiar nesta classe de gente: é que em Ciência, estamos todos, mesmo todos, obrigados a reconhecer em qualquer altura que erramos.


Uma das primeiras grandes medidas que o dono da FCT poderia tomar no sentido de titubear, mesmo com medidas avulso, uma espécie de moralização da espantosa mentira em que se transformou a nossa máquina da educação superior, mais parecida com a teia daqueles aracnídeos capazes de produzirem tecido de resistência superior às mais recentes descobertas dos nanotecnologos, seria a criação de um ‘site’ oficial, disponível a toda a espécie de gente responsável e não anónima, unida por um objectivo claro: estar ao serviço da informação e da defesa dos consumidores e utilizadores da educação superior em Portugal.

terça-feira, 14 de agosto de 2007

E se amanhã fosse mesmo outro dia diferente?


Há uma tendência dominante e bastante influente, por parte de uma determinada corrente de ideólogos da inovação, que aconselha as empresas, regiões, países, a reforçarem os pontos fortes que os caracterizam. Em vez de perseguirem a miragem do «equilíbrio geral», aquela gente bisa e trebisa nos esforços para se distinguir cada vez mais pelo factor D, K e W, que é aquilo que faz afastar a sua competitividade da dos outros, daqueles povos ou comunidades do café para todos.

Quando olhamos para o roteiro seguido por Einstein, aparte a tradição de nos esquecermos frequentemente, que aquilo não foi trabalho para «um homem só», podemos ver um percurso, esse sim, na perseguição da excelência e na passada pelos nós de uma rede de excelência. Sabia-se o que se estava a estudar, onde e quem dirigia a construção dos ‘papers’. Tal como agora, também se lutava contra o tempo, a uma escala diferente, é certo, mas o zig-zag está lá, bem visível.

Se esquecermos meia dúzia de sítios, hoje e em Portugal, onde até os repórteres da RTP sabem que se faz ciência, tudo o resto – nisso concordo com o Zé Mariano – é demasiado pequeno, demasiado pobre, dependente em excesso de demasiadas ‘boas-vontades’; mesmo que cada bolseiro da FCT publique 3 papers/ano e cada um destes nossos Nobel-autores seja citado no mínimo 130 vezes, isso não fará incrementar o nosso PIB em 1 único Euro.

Com ou sem RJIES, este ou o primitivo, o que se diz irá ser aplicado ou aquele que está para chegar, sabemos que o Maestro é o mesmo, que quem paga os tangos que a orquestra vai tocar também é o mesmo; que diabo, não ficava mal aos músicos deitarem faladura e dizerem de sua opinião. Queremos mais música pimba! Diriam uns. Queremos Tarantella Napoletana e a seguir Bella Ciao, dirão outros.

O primeiro passo para que os músicos possam ouvir falar da música que se toca por esses bairros da cidade grande, será dado por um esforço de transparência resultante de novos procedimentos a pôr em prática pelo pessoal da Fundação da Casa do Tiburcio.

A partir do próximo esforço de recolha de dados publicitado pela FCT e tendo em conta que o resultado antes de o ser já o era, ou seja, vão dizer-nos que há mais investigadores, que estão mais activos do que nunca e que o ‘output’ por cabeça de investigador está a crescer; óbvio, sobre os ‘outcomes’ por cabeça de investigador ninguém vai dizer píbia, mas atenção, começam a surgir problemas novos para os quais não estamos preparados: - Divulgar, difundir, aceder à informação, sem truques nem balelas.

A saída de publicações cinzentas é bastante maior do que os chamados ‘white papers’ e no entanto, a produção actual de ‘white papers’ é prodigiosa. Um problema similar, mas numa escala muito menor, ocorre no registo de patentes como output da investigação executada. Entretanto, tal como as publicações, uma área de ‘output’ da investigação (classificada geralmente como produto) está a crescer de modo muito rapido: são as séries ou conjuntos de dados da investigação e o respectivo software ‘open source’ associado. Tais materiais são cada vez mais importantes no mundo da investigação para justificar as propostas ou as conclusões de uma publicação e/ou permitir a validação por um outro investigador. Outra característica em crescendo é a possibilidade do re-propósito dos materiais: reutilizá-los para uma parte diferente do projecto de investigação, susceptível de interrelacionar estes com outros materiais e dar assim resposta a solicitações de trabalho cada vez mais em contexto interdisciplinar.

Vamos a ver se consigo sair daqui…

O anuncio da FCT está muito giro, os propósitos, intenções e premissas, faz tudo parte de uma pintura muito interessante, mas eu gostaria de acreditar que tudo isto também faz parte de uma construção, assinada por um arquitecto, e que tudo isso servirá para amanhã. Se possível, sem mudar o telhado, nem as portas, nem as janelas, nem a instalação eléctrica, nem isto, nem aquilo, nem a cor das camisolas, que hoje são pink e amanhã são orange, tão certo como eu me chamar Alberto.

Avaliação de Unidades de Investigação 2007


Pode parecer uma parolice reproduzir estes textos, mas às vezes a razão tem razões que a razão desconhece!

A Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT), no âmbito do Programa de Financiamento Plurianual de Unidades de I&D, vai realizar uma completa reavaliação e acreditação internacional de todas as unidades de investigação com vista à sua melhor organização, à supressão de unidades de qualidade insuficiente e ao reforço de massas críticas por agregação de unidades em instituições de investigação integradas, com direcção científica única. Trata-se de um processo de revisão da rede de instituições científicas de modo a garantir a fiabilidade e qualidade do sistema científico nacional, segundo padrões internacionais. Embora mantendo na avaliação das unidades as normas estabilizadas em Portugal desde há uma década no que respeita a transparência, divulgação pública das decisões, garantia de recurso e classificação em escalões comparáveis, acentuar-se-ão na avaliação de 2007 os mecanismos de selectividade e concentração de recursos. Em paralelo a FCT irá lançar iniciativas de estímulo a novas formas de associação de capacidades e programas entre instituições de I&D e entre estas e outras entidades. Trata-se pois de uma oportunidade para a renovação do sistema de unidades de I&D e para a criação de novas formas de organização.
OBJECTIVOS DO PROGRAMA DE AVALIAÇÃO
• Promover uma rede moderna, competitiva e flexível de instituições de investigação científica e tecnológica no ensino superior e em instituições privadas sem fins lucrativos com actividades de investigação, fortalecendo um quadro institucional de exigência e organização sujeito a avaliação internacional periódica;
• Estimular instituições com massa critica a nível internacional, reforçando o seu planeamento estratégico, a liderança científica, a internacionalização das suas actividades e as suas ligações a empresas e outras entidades, visando o desenvolvimento de uma base científica e tecnológica dinâmica e competitiva em termos internacionais;
• Assegurar um modelo de financiamento plurianual estável das unidades de investigação dessas instituições, baseado em critérios de responsabilização e avaliação independente.
PARÂMETROS DE AVALIAÇÃO
A avaliação das unidades cabe a painéis independentes, constituídos por domínios científicos, em que participam cientistas de instituições estrangeiras. O processo de avaliação é baseado nos seguintes critérios:
• A produção científica reconhecida e o mérito dos resultados da actividade científica, tendo em consideração a relevância da actividade de investigação corrente e planeada, assim como o nível de internacionalização das actividades científicas;
• Organização e ambiente de trabalho, tendo em especial consideração a concentração de massa critica a nível internacional e a gestão de recursos para a actividade de investigação, o que inclui necessariamente a capacidade de supervisão de estudantes de pós-graduação e o envolvimento de pós-doutorados nas actividades de I&D, assim como a capacidade de atrair estudantes do ensino superior para actividades de I&D;
• Difusão dos resultados da actividade e acções de promoção da cultura científica, incluindo naturalmente o nível de publicações da equipa de investigação nos principais periódicos científicos, assim como a participação em acções destinadas a promover a compreensão pública de ciência e tecnologia;
• Actividades de transferência de conhecimento e tecnologia, quando relevante, sendo particularmente considerado o registo e valorização de patentes, assim como actividades de comercialização de ciência e tecnologia e o desenvolvimento de protótipos.
CLASSIFICAÇÃO DAS UNIDADES
Como resultado da avaliação, as Unidades serão classificadas como: Excelente (Excellent), Muito Bom (Very Good), Bom (Good), Regular (Fair) ou Fraco (Poor). Só as Unidades classificadas como Excelente, Muito Bom ou Bom beneficiarão de Financiamento Plurianual, para as quais o respectivo financiamento plurianual de base será diferenciado.
PROCESSO DE AVALIAÇÃO
O processo de avaliação envolve:
1. Registo da Unidade perante a FCT, sendo possível:
• Manter a unidade de investigação, eventualmente alargando o seu âmbito e dimensão, considerando novos doutorados (assim como excluindo doutorados que desejem deixar de integrar a unidade).
• Extinguir unidades de investigação existentes, podendo os doutorados que integravam essas unidades vir a integrar outras unidades já existentes ou participar na proposta de criação excepcional de novas unidades.
• Propor a criação excepcional de novas unidades, o que requer uma justificação adequada aos parâmetros descritos acima (nesta opção incluem-se as unidades criadas por agregação de outras unidades, que neste caso terão de ser previamente extintas).
(É de realçar que em qualquer situação um doutorado só pode estar incluído numa única Unidade e que o Registo da Unidade requer a confirmação individual por parte de todos os doutorados de como desejam estar incluídos na Unidade.)
2. Entrega do Relatório de Actividades :
Submissão pelo coordenador das unidades de um Relatório de Actividades referente ao último quadriénio (2003-2006), incluindo um Plano de Actividades para o período de 2007-2010. Os relatórios serão apresentados em Inglês e organizados em duas partes, contendo em geral informação sucinta e resumida:
• Uma Parte A relativa à Unidade em geral, incluindo a sua organização, objectivos, resultados mais significativos, actividades de divulgação e principais aspectos do planeamento das actividades da unidade para o período 2007-2010
• Uma Parte B relativa a cada Grupo* dentro da Unidade, indicando o Investigador Responsável, outros doutorados envolvidos, objectivos, projectos financiados, resultados mais significativos, 10 publicações mais relevantes, formação de mestrados e/ou doutoramentos, organização de conferências, patentes ou protótipos, relação com a indústria e actividades de internacionalização. Adicionalmente, os grupos devem ainda identificar objectivos a desenvolver no período 2007-2010, assim como necessidades específicas.
*Um Grupo de investigação reporta a uma linha de acção, uma divisão, um laboratório ou qualquer outra forma de organização da Unidade. É esperado que os Grupos de Investigação sejam compostos por conjuntos de doutorados que partilham interesses e desenvolvem projectos com objectivos comuns. Um dos doutorados será designado como Investigador Responsável.
3. Avaliação dos relatórios, visitas e classificação global da Unidade:
Os painéis de avaliação realizarão uma análise preliminar dos relatórios e realizarão posteriormente uma visita às unidades, podendo ainda promover encontros com responsáveis e investigadores. Após as visitas, os painéis de avaliação procederão à classificação das unidades e à elaboração de um parecer fundamentado contendo informação pormenorizada sobre o desempenho dos seus grupos. Como resultado de uma avaliação preliminar claramente insuficiente, o coordenador do painel pode determinar a não realização da visita ou do encontro com responsáveis ou investigadores, e proceder à classificação e elaboração de parecer fundamentado.
4. Divulgação dos resultados:
Após a conclusão das visitas e elaboração dos pareceres, os resultados serão transmitidos às Unidades para comentários e clarificações. As classificações finais das Unidades serão posteriormente publicadas, estando sujeitas a recurso hierárquico para uma Comissão de Revisão a formar entretanto pela FCT.
NOTA TÉCNICA
O texto é da FCT; o 'bold' é obra cá da casa.

domingo, 12 de agosto de 2007

Gestão da ciência, onde há (?!) ciência e o que há, conseguir-se-á medir?





Há uma frase velha, que aprendi numa pós-graduação em «gestão de ciência», sim que isto de ser mercenário também obriga a estudar e prestar provas; dizia eu que a tal frase, sem ser um chavão, anuncia com pompa e circunstância mais que devida:

“You Can't Manage What you Can't Measure”



Convencionalmente, medimos as actividades científicas e tecnológicas realizadas, após uma primeira filtragem taxonómica:

Investigação e Desenvolvimento;

Inovação;

Patentes;

Balança de pagamentos da tecnologia.

Embora um blogue não seja o espelho de uma sala de aula, deixemos no sumário que a literatura de referência no caso das actividades I&D é o Manual Frascati (OCDE, 2002) e para a Inovação seguimos o Manual de Oslo (OCDE, 2005).

Para fins e trabalhos de estatística, a Unesco define deste modo as actividades científicas e tecnológicas:

“Scientific and Technological Activities (STA) can be defined as all systematic activities which are closely concerned with the generation, advancement, dissemination, and application of scientific and technical knowledge in all fields of science and technology, that is the natural sciences, engineering and technology, the medical and the agricultural sciences (NS), as well as the social sciences and humanities (SSH).”

Façamos um compasso de espera para observar que existe ainda uma outra definição cujo âmbito são os serviços científicos e tecnológicos:

“Scientific and technological services (STS) can be defined as any activities concerned with scientific research and experimental development and contributing to the generation, dissemination and application of scientific and technical knowledge.”

STS são, por exemplo, os serviços que nos são prestados por bibliotecas, arquivos, centros de informação e de documentação, departamentos de referência, centros de congressos científicos, bancos de dados e departamentos de processamento da informação. Longe de ser exaustivos, acrescentemos os desempenhos dos museus da ciência, jardins botânicos, edição de livros e publicações diversas, trabalhos de prospecção, observações meteorológicas, testes da atmosfera e da água; monitorização dos níveis de radioactividade, etc.etc.etc.

A actividade de investigação e desenvolvimento compreende o trabalho criativo, empreendido de modo sistemático, com a finalidade de aumentar o ‘stock’ do conhecimento, incluindo conhecimento do homem, da sua cultura e da sociedade, e o uso deste conhecimento para planear novas aplicações. É assim que está enunciado no Frascati Manual.

Este manual de referência, da OCDE e do nosso MCTES, define três camadas de actividade para o I&D, cada uma com horizontes diferidos no tempo no que se refere à sua exploração potencial:

- investigação básica,

- investigação aplicada

- desenvolvimento experimental.

Além disso a investigação básica está subdividida em investigação básica pura e investigação básica orientada.

"Basic research is experimental or theoretical work undertaken primarily to acquire new knowledge of the underlying foundations of phenomena and observable facts, without any particular application or use in view." (OECD, 2002, Par. 240)

"Oriented basic research may be distinguished from pure basic research as follows: Pure basic research is carried out for the advancement of knowledge, without seeking long-term economic or social benefits or making any effort to apply the results to practical problems or to transfer the results to sectors responsible for their application. Oriented basic research is carried out with the expectation that it will produce a broad base of knowledge likely to form the basis of the solution to recognised or expected, current or future problems or possibilities." (OECD, 2002, Par. 243).

Investigação aplicada é também investigação original empreendida com a finalidade de conseguir novo conhecimento. No entanto, esta dirige-se à partida no sentido de alcançar um objectivo determinado ou um alvo prático específico.

Desenvolvimento experimental é o trabalho sistemático, ‘extracção de’ em conhecimento existente, ganhos provenientes da investigação e/ou da experiência prática, o qual é dirigido para produzir novos materiais, produtos ou dispositivos, instalação de novos processos, sistemas e serviços, ou para melhorar substancialmente aqueles já produzidos ou instalados.

Não é fácil propor, delinear ou estabelecer limites entre as actividades de I&D e o serviço de educação e formação. As instituições da educação superior por razões de optimização de recursos (digo eu…) mantêm as pessoas, os equipamentos, os edifícios, os serviços de apoio, enfim toda a estrutura, na serventia quer da área da educação, quer da área do I&D.

Usando aquela metáfora do benefício da dúvida, aceitamos com algumas (muitas) reticências aquela bondade de que resultam benefícios da actividade I&D que são injectados na educação, idem para o argumento segundo o qual, alguma informação, acrescida da experiência ganha na sala de aula possam servir como input nalguns problemas em estudo.

Os próprios projectos classificados na estatística oficial como projectos de I&D deveriam ser objecto de estudo e filtragem mais atenta; já vimos trabalho desenvolvido na universidade (research por encomenda) cuja finalidade era sustentar propósitos de licenciamentos e patentes que não estavam relacionados com o I&D em curso internamente. Para além destas habilidades contabilísticas, também os testes de rotina feitos à água da torneira a pedido da autarquia local e a recolha de dados a pedido de uma empresa de marketing devem ser excluídos da produção científica.

No campo da medicina, a investigação especial de uma mortalidade específica para estabelecer os efeitos colaterais de determinados tratamentos do cancro é I&D; a autópsia feita por rotina e que procura as causas da morte é uma prática dos cuidados médicos não o é. Similarmente, os testes rotineiros tais como os do sangue e os testes bacteriológicos realizados a pedido dos médicos não são I&D, mas um programa especial de testes de sangue em relação à introdução de uma nova droga é I&D.

A manutenção de registos diários das temperaturas ou da pressão atmosférica não é I&D porque isso é tarefa de um serviço de previsão meteorológica. A investigação de novos métodos de medir a temperatura é I&D, bem como são o estudo e o desenvolvimento de novas técnicas e sistemas para interpretar os dados.

As actividades de I&D na engenharia mecânica têm na maioria das vezes, uma conexão estreita com o projecto e o desenho propriamente dito. Em empresas pequenas (PMEs) englobadas na indústria transformadora, não há nenhum departamento especial de I&D, e os problemas afectos a esta rubrica são tratados na maior parte dos casos sob a designação genérica de “projecto e desenho”. Se os cálculos, os projectos, os desenhos, as instruções de funcionamento forem feitos para o arranque e ajustamento de fábricas piloto e dos protótipos, devem ser incluídos no totalizador do I&D. Se forem levados a cabo para a preparação, a execução e a manutenção da produção standard (máquinas-ferramentas, gabaritos, etc.) ou para promover a venda dos produtos devem ser excluídos da contagem de I&D.

Muito trabalho de I&D que é hoje realizado em escolas politécnicas portuguesas (Porto e Lisboa, p.ex.) é prova de actividade de I&D no campo do software:

«Desenvolvimento da tecnologia de informação ao nível das ferramentas de sistemas operativos, de linguagens de programação, de gestão de dados, software de comunicações; desenvolvimento de tecnologia da Internet; investigação em métodos do projecto, software de manutenção; desenvolvimento de software que produz avanços significativos nas abordagens genéricas para capturar, transmitir, armazenar, manejar ou visualizar informação; desenvolvimento experimental com vista a preencher ‘gaps’ do conhecimento actual sobre a tecnologia e que é necessário para desenvolver um sistema ou um programa de software; I&D realizado em ferramentas de software ou tecnologias em áreas especializadas da computação (processamento de imagem, apresentação geográfica dos dados, reconhecimento de caracteres, inteligência artificial e tantas outras áreas.»

Como podemos medir… alguns indicadores: Como dizia alguém importante “A nossa produção de riqueza não se reduz ao PIB, a chatice é que o número do PIB é oficial!”

Podemos medir indicadores dos inputs, como são os gastos em I&D e os recursos humanos que lhe estão afectos

Podemos medir indicadores dos outputs, como são as publicações e as patentes

Podemos medir indicadores do impacte, como são a inovação e o impacte social (?!)

Podemos medir indicadores da transferência tecnológica, através da balança de pagamentos de tecnologia.

Esta prosa longuíssima, prova provada do que não deve ser o texto de um blogue, foi suscitada por bitaites cruzados entre este modesto tecnólogo e a nossa amiga destas «ondas» Regina Nabais. O panfletário autor é adepto convicto de um sistema de educação superior unário. Mas, uma vez que o que temos é binário, então todos somos obrigados a respeitar os «zeros» e os «uns». A tentativa de espartilhar a investigação que deve ou não deve ser feita nas escolas politécnicas é fruto de uma pobre mentalidade corporativa que divide os professores da educação superior em professores de primeira e de segunda, desmentindo à terça-feira aquilo que apregoamos à segunda-feira. Se o professor do politécnico fez o seu doutoramento na mesma universidade, com o mesmo orientador e às vezes prestou provas sob o mesmo júri, porque carga de água, o seu colega que calhou em sorte num departamento universitário ou numa faculdade, a um é destinado ser ajudante e a outro ser alternadeiro? Que seriedade é esta, que leva professores do Dept.º de Matemática de uma universidade a ter que dar lições numa escola politécnica, porque não possuem serviço docente atribuído e no entanto os outros amigos, colegas e camaradas da escola politécnica, com a mesma graduação, pós graduação, serviço atribuído no mesmo campo e disciplinas, são classificados de segunda e auferem salário mais baixo? Fazem parte da mesma organização, pelo menos de treta.

Gostava de acreditar que a existência de escolas politécnicas no seio de universidades pudesse trazer moralização ao sistema, até porque a falta de trabalho real nalguns departamentos universitários, está a forçar a polinização cruzada, pelo menos num só sentido. Mas, este povo foi educado numa culturazinha de café para todos, mesmo para aqueles que até só gostam de chá, o que me leva a duvidar que este RJIES vá adoçar a boca a quem quer que seja, mesmo aos que silenciosamente esperavam por ele.

NOTA TÉCNICA:

Esqueceu-me dizer que nunca escrevi uma única linha original em toda a minha vida!

sexta-feira, 10 de agosto de 2007

Porque gosto de ler Alexander Search?



Canção para Fanny


Vimos da onda, da costa
Em som arrebatador,
E da aragem que recosta
Numa nuvem seu langor;
Vimos do rio que murmura,
Da folhagem que sussurra,
Nós vimos alegremente.

Como os pingos do orvalho,
Brilhantes e numerosos
Nós descemos até Fanny
Como os dias luminosos;
Do alto cume do monte
E do cintilar da fonte,
Nós vimos alegremente.

Vimos do vale, da colina,
Da montanha, do valado;
Da tristeza da tardinha
Com tanto conto contado;
Do prado em sua doçura,
Da sombra em sua frescura,
Nós vimos alegremente.


Habitámos no salgueiro
E no ninho que acoberta,
Mas fizemos travesseiro
Do coração do poeta;
E de tudo o que repassa
As almas de amor e graça,
Nós vimos alegremente.